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Finanças

Estatais, consumo e educação: quais setores ganham e perdem com eleição de Lula?

Enquanto varejo e educação devem se beneficiar, cenário é de incerteza para as estatais, em especial a Petrobras.

Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2º turno nas eleições de domingo (30), relatórios do mercado mostram expectativas opostas de retorno para os setores da bolsa brasileira.

Enquanto as perspectivas para o segmento de consumo são positivas, à medida que propostas do novo governo poderiam impulsionar o consumo no curto prazo, o cenário é diferente para as estatais, em especial a Petrobras.

A XP Investimentos e o BTG Pactual, por exemplo, cortaram o preço-alvo esperado para os papéis da companhia em meio ao receio de como a empresa será administrada a partir de 2023. Já o JP Morgan cortou a recomendação do papel para “neutra” nesta manhã.

Em contrapartida, as expectativas são positivas para a Sabesp, após a vitória do candidato Tarcísio de Freitas, aliado do atual presidente Jair Bolsonaro, para o governo do estado de São Paulo. O novo governador já sinalizou interesse em privatizar a companhia, o que é visto com bons olhos pelo mercado.

Confira abaixo os comentários das casas de investimentos:

Estatais

Petrobras

Ao mencionar que as possibilidades de mudanças estratégicas na Petrobras (PETR4 PETR3) são muitas e que a maioria delas pode desencadear uma combinação de capex (investimento) mais alto e dividendos mais baixos, Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG Pactual, reduziram o preço-alvo esperado para os papéis da companhia de R$ 40 para R$ 35,7.

Por outro lado, a casa mencionou que não reduziu a recomendação de compra para neutra, porque o “rebaixamento dependerá das mensagens e as ações do novo governo no início de 2023”.

“Preservar parte do pagamento de dividendos pode ser um amortecedor para o preço das ações, e nossa visão relativamente otimista sobre os preços do petróleo também deve sustentar os excelentes resultados de E&P (exploração e produção) da Petrobras por um tempo”, escreveu a equipe.

A XP Investimentos também rebaixou o preço-alvo para as ações da estatal de R$ 40 para R$ 35,50, após afirmar que a percepção de risco político para a empresa aumentou.

André Vidal, Helena Kelm e Marcella Ungaretti escreveram que a redução reflete o aumento dessa incerteza.

“No entanto, notamos que o cenário ainda não é definitivo: ainda precisamos ver quais serão as diretrizes econômicas de Lula daqui para frente (ser candidato é muito diferente de ser presidente eleito). A nomeação de quem será o próximo ministro da Economia e CEO e presidente da Petrobras será fundamental para o case de investimento”, apontou a equipe da XP.

Sabesp

Após a vitória do candidato Tarcísio para o governo do estado de São Paulo, a Ativa Investimentos elevou a recomendação para os papéis da estatal paulista de saneamento Sabesp (SBSP3) de neutra para compra.

O analista Ilan Arbetman acredita que a empresa possa evoluir “através de ações de melhoria gerencial, avanços regulatórios e financeiros”.

Ele também mencionou que caso o novo governo de São Paulo avance na privatização da empresa, “muito valor ainda será destravado”.

“De maneira sintetizada, uma eventual privatização melhoraria a forma da companhia lidar com os seus stakeholders, lhe permitindo dar um salto em sua eficiência operacional. Do ponto de vista financeiro, a percepção de risco por parte do mercado perante a companhia também seria alterada, o que seria fundamental para estimular o seu crescimento”.

Eletrobras

Pedro Serra e Ilan Arbetman, da Ativa, escreveram ainda que não veem como provável o novo governo voltar atrás na privatização da Eletrobras (ELET3), que ocorreu este ano, “pois demandaria um gasto muito elevado e um desgaste político demasiado com o congresso”.

Varejo

Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, do Golman Sachs, avaliaram em relatório que as ações de consumo reagirão positivamente à vitória de Lula nas eleições presidenciais, “pois as expectativas de apoio contínuo à renda e um potencial programa de reestruturação da dívida do consumidor entre as propostas de política podem ser vistos como um suporte para o consumo”.

A equipe do banco informou acreditar que as propostas políticas de Lula podem ser cada vez mais positivas para os consumidores.

“Embora o atual governo Bolsonaro tenha sido mais generoso do que o inicialmente esperado em termos de política fiscal e gastos sociais, a campanha de Lula mencionou potenciais propostas que poderiam impulsionar o consumo no curto prazo”, avaliou a equipe.

Os analistas do Goldman mencionaram ainda a carta publicada na semana passada por Lula que inclui planos para manter os programas sociais de transferência de renda (que devem ser retomados sob o rótulo Bolsa Família), um “salário mínimo forte” e um “programa abrangente de refinanciamento da dívida”.

“A ideia deste último seria ajudar as famílias a renegociarem passivos de financiamento ao consumidor e contas de serviços públicos por meio da criação de um fundo de garantia patrocinado pelo governo. O objetivo seria diminuir o risco desses empréstimos em aberto, permitindo assim que os bancos reestruturem a dívida com taxas mais baixas e prazos mais longos”, avaliaram Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini.

Além disso, mesmo sem viés geográfico direto, estímulo às famílias de baixa renda tende a beneficiar indiretamente mais o Nordeste do que outras regiões, na análise do Goldman, devido à demografia da região, onde mais indivíduos dependem desses benefícios.

“Observamos que quaisquer políticas/programas de gastos que apoiem mais diretamente a região podem ser positivos para as empresas com maior exposição ao Nordeste, ou seja, Carrefour Brasil  (CRFB3) (28% da base de lojas), Assaí (ASAI3) (28%) e Magalu (MGLU3) (22%), em comparação com Via (VIIA3) (18%), Raia Drogasil (RADL3) (14%) e Lojas Renner (LREN3) (14%) – embora não existam propostas concretas neste momento”.

Construção e educação

A Ativa avaliou que um possível incentivo maior nas políticas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e FIES, construtoras de baixa renda – MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e Tenda (TEND3) – e o setor de educação – Yduqs (YDUQ3), Cogna (COGN3), Anima (ANIM3), Ser (SEER3) – podem se beneficiar e aproveitar o momento.

Exportadoras e energia

Analistas do Ativa mencionaram que no histórico recente do governo PT, juntamente com as críticas do candidato Lula sobre o teto de gastos, a percepção de risco para a inflação, juros e câmbio, podem aumentar e beneficiar as companhias que exportam e também as que atuam com energia elétrica.

“Nesse caso, empresas exportadoras que se beneficiam do câmbio – Suzano (SUZB3), SLC Agrícola (SLCE3) e/ou empresas que possuem proteção natural contra a inflação, como transmissoras de energia – Isa Cteep (TRLP4), Taesa (TAEE11) -, são boas opções”, avaliaram.

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