Dia de euforia para os mercados, o Ibovespa surfou na onda de otimismo global após a farmacêutica americana Moderna anunciar que os testes na fase 3 da sua vacina tiveram 94,5% de eficácia na prevenção contra o coronavírus. O índice da B3 fechou em alta de 1,63% aos 106.429 pontos nesta segunda-feira (16).
Este foi o maior patamar de fechamento desde o dia 4 de março quando o índice fechou no 107.224,22 pontos. Nem o vencimento das opções conseguiu segurar a alta no pregão.
Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, a expectativa é que uma oferta ampla de vacinas ajude na normalização da economia, dado que anima os mercados. Tudo indica que o governo americano terá cerca de 60 milhões de doses da vacina Moderna e Pfizer ainda em 2020 e mais de um bilhão de doses disponíveis para 2021.
A notícia ajudou na valorização das bolsas americanas que fecharam em alta. Dow Jones subiu 1,60%, o S&P 500 valorizou 1,21% e Nasdaq avançou 0,80%.
A esperança pela vacina fez com que o mercado ignore que no domingo os EUA chegaram ao recorde de 11 milhões de infecções de covid-19. Foram 1 milhão de pessoas diagnosticadas na última semana. Estados como Michigan e Washington já anunciaram medidas de isolamento para conter a pandemia.
Na Europa também foi um dia de alta generalizada, todas as bolsas fecharam no azul com destaque para a bolsa de Madri (IBEX35) que avançou 2,60%.
No cenário doméstico, o Ibovespa experimenta uma rotação de setores, investidores que estavam posicionados em papéis resilientes começam a migrar para o setor tradicional, entre estes bancos, na esperança de retomada econômica. Setores que apanharam na pandemia sentem os primeiros impactos positivos.
Nesta segunda-feira (16), o Boletim Focus mostrou uma leve melhora nas perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa é de retração de 4,66%, um patamar melhor comparado a perspectiva de 4,81% de queda na semana anterior.
O dólar enfraqueceu seguindo o apetito de risco dos investidores que estão se desfazendo dos “portos seguros”. O dólar comercial fechou em queda de 0,69%, cotado a R$ 5,437. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,456.
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Destaques da Bolsa
Seguindo o movimento de rotação de setores, foi um ótimo dia para as companhias aéreas que lideraram as altas do pregão. Azul (AZUL4) disparou 10,86%, Gol (GOLL4) avançou 8,49% e Embraer (EMBR3) teve alta de 8,05%.
Os bancos também performaram bem no dia de lançamento do PIX no Brasil. Segundo Breder, a novidade deve impactar na receita de companhias financeiras e garantir a redução de custos. “A chegada do PIX também nivelará os “bancões” e seus concorrentes digitais, já que agora a diferença de tarifas entre eles será ainda menor. Dessa forma, apesar do impacto nas receitas, o PIX não simboliza o fim dos grandes bancos e o mercado sabe disso”, afirma.
O Santander (SANB11) foi o destaque do setor, com alta de 7,25%. Bradesco (BBDC4) avançou 4,38% e Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) valorizaram 3,51% e 2,57%, respectivamente.
No lado oposto do Ibovespa recuaram: Braskem (BRKM5) com queda de 3,12%, seguida Totvs (TOTS3) e Lojas Americanas (LAME4) que fecharam em baixa de 2,45% e 1,95%, respectivamente.
Bolsas na Europa
Os principais índices do continente europeu encerraram o pregão desta segunda-feira, 16, em alta forte, influenciados pelo noticiário em torno de vacinas contra a covid-19. O acordo comercial na região da Ásia e do Pacífico e dados firmes da China e do Japão também apoiaram o movimento. O noticiário no setor bancário também foi destaque. Perto das 14h30, o índice pan-europeu Stoxx 600 terminou a sessão aos 388,70 pontos, valorização de 0.93%.
As bolsas europeias iniciaram a sessão já em alta, embaladas pelo bom humor dos mercados asiáticos nesta madrugada ante o noticiário positivo sobre a atividade econômica.
Na China, a produção industrial subiu 6,9% em outubro ante igual mês de 2019, acima do estimado pelo consenso do mercado, e as vendas no varejo aceleraram o ritmo de alta, em mesma base, a 4,3%. No Japão, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou à taxa anualizada de 21,4% no terceiro trimestre de 2020.
Somado às notícias sobre a atividade econômica, a criação da Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP, na sigla em inglês) – que reúne a China, Japão, Coreia do Sul e mais 12 países da Ásia e do Pacífico – impulsionou os ganhos ao redor do planeta, à medida que os investidores veem o acordo como um motor para a recuperação da crise pós-covid. Em nota, os analistas do BBH destacaram que o pacto pode acrescentar até US$ 200 bilhões ao PIB global.
Mas o grande motor das bolsas da Europa veio às 8h52 de Brasília (11h52 em Londres). A farmacêutica americana Moderna anunciou que a vacina experimental contra a covid-19 atingiu eficácia de 94,5% na fase 3 de testes. Horas depois, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a compra de 405 milhões de doses da CureVac e disse esperar um acordo “em breve” com a Moderna.
O mercado se animou ante a perspectiva de uma imunização que pode fazer com que a normalidade pré-covid volte antes do que o esperado. Destaque para o comportamento de dois dos setores mais afetados pela pandemia: petróleo e empresas relacionadas à aviação. Em Londres, os papéis da petroleira BP avançaram 5,85% e da companhia aérea EasyJet saltaram 5,59%. Em Paris, a Total subiu 4,87% e a Airbus, 5,19%. E em Frankfurt, a Deutsche Lufthansa teve ganho de 7,43%.
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 subiu aos 6.421,29 (+1,66%).
Em Paris, o CAC 40 foi a 5.471,48 (+1,70%).
A Bolsa de Frankfurt avançou aos 13.138,61 pontos (+0,47%).
No noticiário corporativo, destaque para a notícia de que o grupo financeiro BBVA concordou em vender suas atividades americanas, o BBVA USA Bancshares, para o PNC Financial Services Group por US$ 11,6 bilhões.
Os papéis da companhia espanhola dispararam 15,25%, levando o índice IBEX 35 a subir aos 7.986,20 pontos (+2,60%).
Nos demais mercados europeus, a de Milão avançou aos 21.317,01 pontos (+1,98%) e a de Lisboa foi aos 4.426,33 pontos (+1,35%).