O dólar recuou pela terceira sessão consecutiva nesta segunda-feira (4), a uma mínima desde o início de março de 2020, em novo dia de força para moedas de países exportadores de commodities, enquanto o patamar alto dos juros básicos brasileiros continuava impulsionando o real, líder global de desempenho no acumulado de 2022. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda, em movimento contrário aos ganhos em Wall Street, com peso da queda de ações de bancos e da Petrobras.
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No dia, o dólar comercial encerrou as negociações em R$ 4,6076, queda de 1,27%. Na mínima, a moeda chegou a cair para R$ 4,6046. É a menor cotação desde 8 de março de 2020, quando o menor valor intradia foi de R$ 4,5898. O Ibovespa caiu 0,24%, com 121.280 pontos.
Queda do dólar
No acumulado deste ano, o dólar tem queda perto de 17% sobre o real. “Como o Brasil é um dos maiores exportadores de commodities do mundo, a redução da oferta destes bens no mercado internacional [devido à guerra na Ucrânia] aumenta seus preços e gera uma melhora nos termos de troca da economia brasileira, aumenta o superávit em conta-corrente e atrai capitais internacionais para o país”, disseram em nota analistas da Genial Investimentos.
A perspectiva de novas sanções contra a Rússia em retaliação ao conflito na Ucrânia elevava os temores de restrições adicionais de oferta de commodities, o que ajudava outras moedas de países exportadores de commodities no dia, como rand sul-africano, peso mexicano e peso chileno.
“O resultado é um aumento do fluxo de dólares e valorização cambial. Como nossa avaliação é que este processo dificilmente será revertido no curto prazo, a trajetória de valorização do real deverá persistir ainda durante algum tempo.”
Além do impulso das commodities, a Genial apontou o amplo diferencial de juros entre Brasil e economias avançadas como fator de impulso para o real. Com a Selic em 11,75% ao ano e juros em países de economia avançada próximos de zero – ou até em território negativo – , o mercado local tende a atrair recursos de agentes que buscam rendimento na renda fixa.
Apesar do novo dia de queda do dólar nesta segunda, alguns investidores demonstraram cautela diante da greve de servidores do BC, deflagrada na sexta-feira. Devido à paralisação, o BC informou que não divulgará nesta segunda o relatório Focus, e a semana também não terá o Relatório de Poupança e os números do fluxo cambial, entre outros dados.
Guerra na Ucrânia e cenário externo
Os mercados globais começaram a semana reagindo à notícia de que os Estados Unidos irão liberar o petróleo de suas reservas enquanto a União Europeia discute novas sanções econômicas contra a Rússia após os registros de corpos de civis na cidade de Bucha registrada por veículos da imprensa internacional.
As acusações de atrocidades supostamente cometidas por tropas russas geraram reação em diversos países do Ocidente. A ministra da Defesa da Alemanha disse no domingo (4) que a União Europeia deve discutir a proibição da importação de gás russo. O governo russo negou categoricamente quaisquer acusações relacionadas ao assassinato de civis na cidade.
As notícias também devem ofuscar as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, previstas para ocorrer por videoconferência nesta segunda-feira.
Bolsas mundias
Wall Street
Os principais índices de Wall Street subiram nesta segunda-feira, impulsionados por ações de megacapitalização de tecnologia e crescimento e por um salto do Twitter (TWTR34) depois que Elon Musk revelou sua participação na empresa, em meio a sinais de alerta no mercado de títulos e de possíveis novas sanções contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia.
O índice S&P 500 fechou em alta de 0,81%, a 4.582,64 pontos. O Dow Jones subiu 0,30%, a 34.921,88 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 1,9%, a 14.532,55 pontos.
Sete dos 11 setores do índice S&P 500 foram mais fracos, com serviços públicos e saúde em queda de cerca de 0,8%. O índice de crescimento do S&P 500 ganhou 1,7%, enquanto o de valor caiu 0,1%.
Europa
As ações europeias subiram nesta segunda-feira com papéis de tecnologia em alta de mais de 2%, enquanto investidores se preparavam para a possibilidade de mais sanções ocidentais à Rússia depois que a Ucrânia acusou o país de cometer crimes de guerra.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,84%, a 462,19 pontos, após ações de tecnologia saltarem 2,1%, acompanhando ganhos no Nasdaq.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,28%, a 7.558,92 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,50%, a 14.518,16 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,70%, a 6.731,37 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,05%, a 25.175,86 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,20%, a 8.520,80 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,21%, a 6.000,57 pontos.
Ásia
As bolsas da China e Taiwan não tem pregão devido ao feriado do Festival Qingming, enquanto o restante das bolsas começam a semana positivas acompanhando o bom desempenho das empresas de tecnologia. O desempenho foi Hang Seng: +2,10%, Índia: +2,17% e Coréia do Sul: +0,66%.
O índice japonês Nikkei fechou em alta nesta segunda-feira, acompanhando os ganhos em Wall Street e em outros mercados acionários da Ásia, embora perdas em ações relacionadas a chips tenham pesado. O Nikkei subiu 0,25% e fechou a 27.736,47 pontos depois de ter chegado a cair 0,3% durante a sessão. O Topix ganhou 0,48%, a 1.953,63 pontos.
*Com informações da Reuters.
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