A indústria de fundos de investimentos registrou captação líquida negativa – que é a diferença entre aportes e retiradas – de R$ 162,9 bilhões em 2022, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (05) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A quantia representa a maior saída registrada na série histórica iniciada em 2002. Em 2021, o segmento tinha registrado um saldo positivo de R$ 412,5 bilhões.
Os fundos de renda fixa registraram a maior queda em relação a 2021, com a saída de R$ 48,9 bilhões. Já os fundos de ações registraram uma retirada de R$ 70,5 bilhões, enquanto os multimercados tiveram saque de R$ 87,6 bilhões.
Também em comparação ao ano de 2021, o patrimônio líquido dos fundos no geral cresceu 7,1%, para R$ 7,4 trilhões. O número de contas, por sua vez, teve incremento de 11,9%, enquanto a quantidade de fundos subiu 10,7%.
Saída do dinheiro
Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, afirmou que um dos motivos que explica a sangria dos fundos é a preferência por aplicações com benefícios fiscais, como o investimento direto em títulos privados isentos de imposto de renda, como LCIs, LCAs, CRIs e CRAs.
Outro ponto mencionado por Rudge é o cenário econômico turbulento, com inflação e juros elevados, que deterioram o poder de compra da população. A situação leva à diminuição da capacidade de poupança, além da necessidade de usar reservas financeiras para saldar contas em atraso.
Nesse sentido, Rudge avaliou que será necessária uma melhor previsibilidade do governo sobre o equilíbrio fiscal do país para conseguir animar os ânimos do mercado.
“A inflação parece estar diminuindo, mas entrou um componente político ainda maior de incerteza fiscal e os investidores acabam precificando um cenário de ter que aumentar os juros, por uma incerteza de equilíbrio fiscal de médio e longo prazo”.
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