O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, não conseguiu sustentar os ganhos da véspera e do início desta sexta-feira (10), após o presidente Jair Bolsonaro ter amenizado o tom contra seus rivais políticos. O índice fechou a semana em queda, enquanto o dólar ganhou força frente ao real.

O Ibovespa fechou o dia em queda de 0,28%aos 114.286 pontos. Na semana, acumulou queda de 2,26% e, no mês de setembro, recuou 3,78%. Já o dólar subiu 0,82%, comercializado a R$ 5,2661. A moeda americana encerrou a semana com alta acumulada de 1,59%.

Cenário interno

A semana foi marcada por forte volatilidade em meio a preocupações com a situação político-institucional no país.

Após ataques a ministros do STF e ameaças de não cumprir decisões judiciais em manifestações na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro baixou o tom e disse em nota na véspera, redigida com ajuda do ex-presidente Michel Temer, que nunca teve a intenção de agredir quaisquer dos Poderes.

Na ocasião, a divulgação de nota oficial de Bolsonaro pouco antes do fechamento do mercado disparou ordens de vendas de dólar, com vários analistas enxergando tentativa do presidente de baixar a temperatura política.

Ainda na quinta-feira, a bolsa paulista reagiu prontamente às declarações, com o Ibovespa revertendo a queda e chegando a subir 2,59% na máxima, para depois fechar com alta de 1,72%. Na quarta, havia afundado quase 4%.

Na visão do diretor de investimentos da TAG Investimentos, Dan H. Kawa, a nota divulgada por Bolsonaro é um sinal claro de tentativa de apaziguamento.

“Não acho que teremos um endereçamento completo do tensionamento, mas certamente há espaço para os ativos locais consumirem parte do prêmio de risco que foi criado nos últimos dias/semanas”, acrescentou.

Em comentários a clientes, ele ainda ressaltou que persistem riscos fiscais relevantes no cenário, bem como o problema institucional irá continuar e a inflação permanece se mostrando um desafio de curto-prazo.

Ainda na cena brasileira, de acordo com informações do Ministério da Infraestrutura, as manifestações de caminhoneiros perdiam força nesta sexta-feira e aconteciam em apenas três Estados.

Destaques da bolsa

Os papéis de Méliuz (CASH3), Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) foram destaques do noticiário do dia. Na esteira do anúncio de compra do grupo de materiais de construção Lafarge Holcim, a CSN (CSNA3), que chegou a avançar mais cedo, desacelerou e passou a cair. Confira os destaques da bolsa hoje.

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Bolsas Mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street abriram em alta nesta sexta-feira, uma vez que sinais de alívio nas tensões entre Estados Unidos e China somaram-se a dados recentes que reduziram os temores de desaceleração da recuperação econômica.

O Dow Jones Industrial Average subia 0,20% na abertura, a 34.949,59 pontos. O S&P 500 tinha alta de 0,30%, a 4.506,92 pontos, enquanto o Nasdaq Composite avançava 0,56%, a 15.332,92 pontos.

Europa

As ações europeias fecharam em baixa nesta sexta-feira, com queda de mais de 1% nesta semana, com os investidores avaliando os riscos de políticas monetárias mais rígidas após o Banco Central Europeu (BCE) sinalizar uma desaceleração nas compras de títulos da era da pandemia.

Ásia e Pacífico

As ações de Xangai registraram o maior ganho semanal em sete meses e fecharam em alta nesta sexta-feira, depois que os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, tiveram uma conversa “franca”.

Biden e Xi conversaram por telefone pela primeira vez desde fevereiro, e discutiram a necessidade de evitar que a competição entre as duas maiores economias do mundo vire um conflito, disse uma autoridade dos EUA.

A autoridade disse que o tom da conversa foi “familiar” e “franca”, e a mídia estatal chinesa a descreveu como “uma conversa ampla, franca, profunda e estratégica”.

(*Com informações da Reuters)

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