O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (17), em dia de correção após três quedas seguidas, com Petrobras (PETR3, PETR4) entre os maiores ganhos na esteira do avanço do petróleo no exterior, enquanto Americanas (AMER3) devolveu a alta e caiu em meio a noticiário intenso.
O dólar recuou ante o real, em movimento ajudado por sinalizações do governo a uma reforma tributária e notícias sobre a pauta fiscal, bem como suporte do cenário externo.
O dia também foi movimentado por dados de queda de crescimento da economia da China.
No dia, o Ibovespa avançou 2,04%, aos 111.439 pontos. Já o dólar recuou 0,81%, negociado a R$ 5,1055.
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Cenário externo
PIB da China
O crescimento econômico da China em 2022 caiu para um de seus piores níveis em quase meio século, com o quarto trimestre sendo atingido pelas rigorosas restrições contra a covid e por uma queda no mercado imobiliário, aumentando a pressão sobre as autoridades para adotar mais estímulos este ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9% no quatro trimestre de 2022 ante igual período de 2021, informou nesta terça-feira (17), o Escritório Nacional de Estatísticas do país (NBS, na sigla em inglês).
No acumulado do ano, a economia chinesa registrou expansão de 3%, o que representa uma forte desaceleração em relação a 2021, quando o PIB do país havia avançado 8,1%. O resultado do quarto trimestre foi inferior ao do período anterior, que registrou crescimento de 3,9%.
“Apesar da mínima de mais de 45 anos, o PIB chinês superou com facilidade as projeções do mercado, indicando solidez em sua economia no último trimestre de 2022 apesar da manutenção da política de covid zero até o início de dezembro e posterior explosão de casos da doença no país, fatos que afetaram o desempenho econômico”, comentou João Lucas Tonello, analista de investimentos da Benndorf Research.
“Dito isso, vemos a China em um caminho de retomada rumo ao segundo trimestre de 20023, visto que o primeiro trimestre é marcado pelo recorde de casos de covid e a maior onda de contaminações da pandemia”, completa.
Cenário interno
Haddad em Davos
O ministro da Fazenda Fernando Haddad se reuniu com investidores sauditas, no segundo dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, e disse que a questão fiscal é apenas parte da “lição de casa”, no segundo dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
Haddad teve um almoço com banqueiros brasileiros nesta terça e afirmou aos jornalistas que acha que os chefes das instituições financeiras estão menos tensos com o risco fiscal.
“O fiscal é pressuposto do desenvolvimento, você tem que estar com as contas arrumadas, mas para desenvolver o país você precisa de uma política pró-ativa de mapear as oportunidades, onde vai investir em ciência e tecnologia, como vai repensar matriz energética, qual o tipo de indústria você quer atrair para o seu território. O fiscal é uma parte da lição de casa, mas ele não é uma agenda econômica completa se você for pensar em desenvolvimento”, disse Haddad.
O ministro também disse que o risco fiscal foi uma herança recebida do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que agiu de forma irresponsável durante o período eleitoral. Ele voltou a citar a necessidade da reforma tributária.
Destaques da B3
Os papéis da Petrobras, que têm forte peso no Ibovespa, foram destaques na bolsa de valores brasileira no dia. A ação preferencial (PETR4) teve alta de 6,16% e a ordinária (PETR3) teve elevação de 7,04%.
As ações de Americanas (AMER3) caíram 2,06%, depois de mais um tombo no dia anterior, de 38%. A empresa informou que teve sua nota de crédito rebaixada por agências e dizer que vai contratar a empresa Rothschild & Co para atuar como interlocutora na renegociação da dívida após a descoberta do rombo bilionário. Nos últimos quatro pregões (desde o estouro do escândalo), o papel ainda acumulava queda superior a 80%.
Já a ação da C&A (CEAB3) recuou 4,80%, após a disparada de 11,52% na segunda-feira, repercutindo a notícia de que a varejista de moda Lojas Renner (LREN3) estaria em negociações preliminares para a compra da empresa no Brasil. Nesta terça, porém, a Lojas Renner negou que esteja em tratativas para a aquisição da C&A, segundo comunicado ao mercado a respeito de questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na ponta positiva do Ibovespa, a ação de Rede D’Or (RDOR3) se destacou entre as altas do dia, com elevação de 8,11% após a divulgação de relatório do BTG cortando o preço alvo e R$ 43 para R$ 38, mas reiterando recomendação de compra e apontando potencial de valorização de 45%.
Já a Qualicorp (QUAL3) teve dia de fortes perdas, com baixa de 5,1%. O Goldman Sachs cortou a recomendação da ação de neutro para venda e revisou o preço-alvo do papel, com um corte em 50%, passando de R$ 12 para R$ 6.
Ainda entre os destaques do dia, o papel da Plano&Plano (PLPL3) avançou com força na B3, com alta de 7,4% após números positivos ante o terceiro trimestre, com recorde de lançamentos e vendas impulsionadas por imóveis do programa Casa Verde Amarela (CVA). A companhia reportou um valor geral de venda (VGV) de lançamentos em R$ 720 milhões, um avanço de 27,3% na comparação anual.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de ações em Wall Street caíam nesta terça-feira, depois de o Goldman Sachs publicar lucro trimestral abaixo das estimativas, o que piorava a confiança dos investidores já prejudicada por preocupações de uma desaceleração econômica na China.
“Amplamente esperados como péssimos, os resultados trimestrais do Goldman Sachs foram ainda mais miseráveis do que o previsto”, disse Octavio Marenzi, presidente-executivo da consultoria Opimas.
Os balanços de Goldman Sachs e Morgan Stanley encerram uma temporada de resultados mistos para os grandes bancos norte-americanos, sendo que a maioria deles reservou recursos como preparação para uma recessão iminente.
Às 13:26 (de Brasília), o índice Dow Jones caía 1,11%, a 33.921,12 pontos, enquanto o S&P 500 perdia 0,31%, a 3.986,61 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuava 0,36%, a 11.039,00 pontos.
Europa
As ações europeias reverteram perdas iniciais nesta terça-feira e fecharam no maior patamar em nove meses, depois de uma reportagem afirmar que os formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) consideram um ritmo mais lento de aumento das taxas de juros.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,40%, a 456,46 pontos, seu nível mais alto desde 22 de abril, com as ações de mineradoras e de alimentos e bebidas na liderança dos ganhos.
Embora o incremento de 0,50 ponto percentual em fevereiro que a presidente do BCE, Christine Lagarde, sinalizou ainda seja provável, a perspectiva de um aumento menor, de 0,25 ponto percentual, na reunião seguinte em março está ganhando apoio, informou a Bloomberg News.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,12%, a 7.851,03 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,35%, a 15.187,07 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,48%, a 7.077,16 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,31%, a 25.981,19 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,22%, a 8.890,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,29%, a 5.998,13 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China e de Hong Kong recuaram nesta terça-feira, quando Pequim divulgou dados fracos de crescimento do PIB e da atividade econômica para o quarto trimestre e investidores realizaram lucro antes do feriado do Ano Novo Lunar.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,23%, a 26.138 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,78%, a 21.577 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,10%, a 3.224 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,02%, a 4.137 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,85%, a 2.379 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,04%, a 14.932 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,09%, a 3.280 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,03%, a 7.386 pontos.
*Com informações da Reuters.
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