Novembro foi o mês dos ativos de risco, especialmente para a bolsa brasileira, que fechou com o melhor desempenho para o período desde 1999. Enquanto o Ibovespa avançou 15,9%, a renda fixa teve como principais destaques os títulos públicos atrelados à inflação, que vêm ganhando importância em meio ao juros baixos.

Foi um mês marcado pela definição das eleições americanas, com Joe Biden vencendo o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com chances de contestação bem reduzidas. Também ajudou o progresso no desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, com laboratórios anunciando uma eficácia acima de 90% em seus testes finais, como a Moderna e a Pfizer.

Na ponta negativa dos investimentos, os ativos considerados mais seguros perderam espaço entre os investidores: o ouro desvalorizou mais de 12%, enquanto o dólar perdeu 6,83% frente ao real no período, enfraquecidos pelos eventos que reduziram a percepção de risco no exterior, enquanto os problemas fiscais do Brasil ficaram em segundo plano em razão das eleições municipais.

Setor imobiliário em alta

O índice que reúne as ações do setor imobiliário (IMOB) na B3 foi um dos destaques de alta do mês de novembro. Com um avanço ao redor de 20%, conseguiu recuperar parte do que perdeu ao longo do ano, durante os primeiros meses da pandemia. O bom desempenho foi impulsionado pela virada dos papéis das empresas que atuam no setor — boa parte beneficiadas pelos balanços financeiros sólidos do terceiro trimestre.

Ao longo do último mês, oito ações do indicador subiram acima de 20%: Br Malls (BRML3), Tecnisa (TCSA3), Multiplan (MULT3), Br Properties (BRPR3), Iguatemi (IGTA3), Cyrela (CYRE3), Even (EVEN3) e Helbor (HBOR3). Além disso, 16 dos 18 papéis listados no IMOB avançaram mais de 10% no mês.

Os fundos imobiliários mais negociados da B3, que fazem parte do IFIX, voltaram a fechar no azul, com alta de 1,62%, mas ainda acumulam desvalorização superior a 12% no ano.

Small caps ganham força em novembro

Outro índice que apresentou forte alta foi o que reúne as small caps (SMLL), empresas com menor volume negociado na bolsa, via de regra mais voláteis e com maiores chances de valorização. Foram 13 ações da carteira que avançaram mais de 30% no período. Dentro do índice, a ação que mais subiu foi a da fabricante de armas Taurus (TASA4), com valorização de quase 90% em novembro. A companhia reverteu um prejuízo no ano passado, passando a lucro líquido de R$ 102,2 milhões

A companhia aérea Azul (AZUL4) foi outro destaque entre as small caps, com alta acumulada acima de 70% no último mês. O setor de aviação, juntamente um dos que mais sofreram durante a pandemia, foi beneficiado pela rotação de setores diante de notícias sobre avanços no desenvolvimento das vacinas contra a covid-19.

Ajudados pelo forte desempenho em novembro, os fundos de ações na categoria livre recuperaram boa parte das perdas vistas durante a pandemia e voltaram ao terreno positivo no acumulado de 2020, com variação de 0,26% desde janeiro, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) até o fechamento de 27 de novembro.

Tesouro IPCA+ foi destaque da renda fixa

Na renda fixa, o IMA-S, índice da Anbima que mede o retorno médio dos papéis do Tesouro Selic, acumulou rentabilidade positiva de 0,09% no mês. Apesar de ter fechado no azul, o desempenho ficou abaixo da caderneta de poupança, que atualmente rende 0,12% ao mês. Quando se considera a inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) esperada para o mês, de 0,77%, os títulos públicos que seguem a taxa básica de juros tiveram retorno real negativo.

Os papéis atrelados à inflação, por sua vez, tiveram as melhores performances no escopo da renda fixa. O IMA-B, que acompanha o desempenho médio do Tesouro IPCA+, avançou 1,92% no mês, bem acima de outubro, quando subiu 0,37%. Para se ter uma ideia, estes papéis com vencimento em 2045 subiram 2,29%. Já o Tesouro IGPM com juros semestrais e prazo em 2031 rendeu 3,21% no período.

Diante do rebalanceamento das carteiras para um perfil de risco maior, o Tesouro Direto perdeu investidores em outubro pela primeira vez desde janeiro de 2013. Foram 941 a menos que em setembro, totalizando uma base de 1.358.668 usuários com dinheiro aplicado nestes papéis.

Veja abaixo o desempenho dos principais investimentos e indexadores no mês de novembro:

ATIVO/ÍNDICE CATEGORIA NOVEMBRO ANO
Setor imobiliário (IMOB)* Renda
variável
20,31% -25,23%
Small Caps (SMLL)* Renda
variável
18,38% -6,22%
Índice de dividendos (IDIV)* Renda
variável
16,13% -7,75%
Ibovespa Renda
variável
15,94% -5,80%
Fundos de ações (livre)** Renda
variável
10,93% 0,26%
Ações de varejo (ICON)* Renda
variável
10,91% 5,60%
Fundos de ações investimento no exterior** Renda
variável
8,88% -3,03%
IGP-M (índice do aluguel) Inflação 3,28% 21,97%
Tesouro IPCA+ (IMA-B)* Renda
fixa
1,92% 1,04%
Fundos multimercados (livre)** Renda
variável
1,75% 4,78%
Fundos imobiliários (IFIX)* Renda
variável
1,62% -12,07%
IPCA (estimativa)*** Inflação 0,77%  
Títulos públicos (IMA–Geral)* Renda
fixa
0,73% 3,24%
Fundos de renda fixa indexados** Renda
fixa
0,54% 2,84%
Poupança Renda
fixa
0,12% 2,00%
CDBs Renda
fixa
0,09%/0,19% 2,45%
Fundos DI (média) Renda
fixa
0,10/0,20% 2,00%
Tesouro Selic (IMA-S)* Renda
Fixa
0,09% 2,04%
Fundos de renda fixa simples** Renda
fixa
0,07% 1,77%
Fundos de renda fixa investimento no exterior** Renda
fixa
-2,61% 8,09%
Euro/mercado Renda
variável
-4,42% 42,20%
Dólar/real Renda
variável
-6,83% 33,33%
Ouro Renda
variável
-12,32% 49,27%

*Até 27/11
**Até 24/11, último dado disponibilizado pela Anbima
*** Projeção Anbima
Fonte: B3, Fabio Colombo, Anbima e Banco Central