O cenário de juros elevados continua favorecendo a expansão da renda fixa no Brasil. Nos últimos 12 meses, a quantidade de investidores nesse segmento cresceu 27%, atingindo 11,9 milhões de CPFs, e o valor em custódia teve acréscimo de 32%, para R$ 1,325 trilhão. Os dados integram o último estudo da B3 sobre a evolução dos investidores em renda fixa e variável.
Tesouro Direto mais rentável
Os juros em alta também ampliam a rentabilidade do Tesouro Direto, que vem acompanhando a tendência de crescimento da renda fixa. Nos últimos 12 meses, houve alta de 29% na quantidade de investidores do produto, que passou de 1,6 milhão para 2 milhões de CPFs. O valor em custódia cresceu 30%, de R$ 68,5 bilhões para R$ 88,8 bilhões, enquanto o saldo mediano encolheu 3%, para R$ 2.400.
Segundo a B3, entre dezembro de 2021 e junho de 2022, os CDBs tiveram um incremento de 21% na quantidade de CPFs (que subiu de 7,2 milhões para 8,7 milhões de pessoas) e de 15% no volume investido, que chegou a R$ 562,8 bilhões.
Ainda de acordo com o estudo, no mesmo período, as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) foram o produto de renda fixa que teve a maior expansão: ganharam 50% em número de CPFs e 51% em volume investido. Depois, vieram os CRIs (Certificados Recebíveis Imobiliários), com incremento de 30% nos dois quesitos.
As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) registraram alta de 21% em quantidade de CPFs e 27% em volume investido. Nos mesmos itens, as debêntures subiram 20% e 25%, respectivamente; os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) ganharam 19% de investidores a mais e 22% no volume investido; e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) acrescentaram 19% de CPFs à sua base de investidores e cresceram 15% em volume.
Igualmente beneficiadas pela elevação de juros, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro, também conhecidas como Tesouro Selic), indexadas à Selic, tiveram um salto no 2º trimestre de 2022. O título, que tinha R$ 1,3 bilhão de saldo em 2013, passou a contabilizar quase R$ 28 bilhões em junho de 2022, alta de 2.053% em quase 9 anos. O produto responde por 32% de todas as alocações em Tesouro Direto, a maior participação já registrada pelo papel.
Investidor de olho em longo prazo
A renda variável mostrou resiliência e manteve o ritmo de crescimento. Entre julho de 2021 e junho de 2022, a entrada de 1,25 milhão de novos investidores fez a quantidade de CPFs saltar 40%, de 3,15 milhões para 4,40 milhões de pessoas. A quantidade de contas de pessoa física, por sua vez, aumentou 37%, para 5,18 milhões. Segundo a B3, essa diferença se dá porque um mesmo investidor pode manter contas em mais de uma corretora.
Segundo a B3, o número de investidores em ações cresceu 15% no último ano, passando de 2,8 milhões para 3,2 milhões de CPFs. Em paralelo, houve recuo de 61% no saldo mediano em custódia, que caiu para R$ 3 mil.
“Esses dados mostram que o crescimento do número de investidores em Bolsa ainda manteve a tendência de alta e sugerem que os investidores não se desfizeram de suas posições em renda variável, mesmo em meio a uma fase de maior volatilidade e aumento expressivo das taxas de juros. Mais informados, eles têm preferido manter um portfólio diversificado, combinando ativos de renda fixa e renda variável, de olho no longo prazo”, observa Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3.
Também nos últimos 12 meses, os fundos imobiliários viram a quantidade de cotistas crescer 23%, de 1,4 milhão para 1,7 milhão de CPFs, enquanto o valor em custódia aumentou 12%, para R$ 101 bilhões. As pessoas físicas detêm 74% do volume investido no produto.
BDRs ainda crescem
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts, recibos de ações de empresas estrangeiras que podem ser adquiridos no Brasil) continuam apresentando números fortes, na esteira do interesse do investidor por diversificação geográfica. O número de CPFs saltou 422%, com 1,3 milhão de entrantes, perfazendo quase 1,6 milhão de investidores. O valor em custódia subiu 21% em 12 meses, para R$ 6,7 bilhões, enquanto o saldo mediano caiu de R$ 1.899 para R$ 71.
Já os ETFs (Exchange Traded Funds, fundos de investimento cujas carteiras espelham a composição de um índice de referência) registraram acréscimo de 22% no número de investidores, que chegou a 536 mil CPFs. Por outro lado, o valor custodiado caiu 15%, para R$ 8 bilhões.
Fiagro e ETF de criptoativos em alta
Com pouco mais de nove meses de vida, o Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) está desenhando uma trajetória de crescimento consistente. Os 8 mil CPFs de outubro de 2021 se transformaram em 65 mil em junho de 2022, um salto de 712,5%.
O saldo mediano do produto, que era de R$ 20 mil no trimestre anterior, caiu pela metade, para R$ 10 mil. Mas ainda é o dobro do registrado nos FIIs, produto com o qual guarda muitas semelhanças, como a vocação para as pessoas físicas, que respondem por 94% do volume investido.
Lançados em abril de 2021, os ETFs de criptoativos mostraram, nos últimos 12 meses, um aumento de 217% no número de CPFs. As pessoas físicas respondiam por 64% do volume investido em março de 2022 e agora já detêm 68%. O saldo mediano diminuiu de R$ 1.300 no trimestre passado para R$ 600.
A B3 atualiza e divulga, a cada trimestre, um estudo com dados sobre a evolução da pessoa física no mundo dos investimentos, seja em produtos mais novos, como Fiagros e ETFs de criptoativos, seja em outros investimentos, como Ações, BDRs, FIIs e produtos de Renda Fixa (CDB, LCI, LCA, entre outros).
Esse levantamento abastece o mercado com dados e informações que são úteis para a tomada de decisões de diversos players, da indústria de intermediação aos formadores de opinião. Com isso, a B3 contribui para o fortalecimento contínuo do mercado financeiro e de capitais do País.
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