*ARTIGO
O Banco Central do Brasil (BC) anunciou na última quarta-feira (24) a seleção de 14 instituições para participar do piloto do Real Digital, a tão aguardada moeda digital brasileira.
A autoridade recebeu 36 propostas de interesse na participação no “Piloto RD”, entre candidaturas individuais e consórcios de entidades, totalizando mais de 100 instituições de diversos segmentos financeiros.
Com o objetivo de testar e aprimorar a tecnologia por trás do Real Digital, os projetos selecionados terão a oportunidade de simular transações de emissão, negociação, transferência e resgate da moeda digital.
Dentre as instituições escolhidas, estão bancos regulados, instituições de pagamento, cooperativas, empresas de criptoativos e operadores de infraestrutura do mercado financeiro — diversidade que reflete o compromisso do BC em envolver diferentes atores do sistema financeiro nesse processo de inovação.
Segundo comunicado oficial, o BC iniciará a incorporação dos participantes à plataforma do Piloto do Real Digital até meados de junho de 2023.
Com essa iniciativa, o Brasil se coloca na vanguarda da revolução das moedas digitais emitidas pelos bancos centrais (CBDCs), representando um importante passo rumo à digitalização da economia e à promoção de transações mais rápidas, seguras e eficientes.
As 14 instituições selecionadas
Com base nos critérios estabelecidos no Regulamento do Piloto RD, as 14 instituições foram escolhidas por sua expertise e capacidade de contribuir para o desenvolvimento e testes do Real Digital, sendo elas:
- Bradesco;
- Nubank;
- Banco Inter, Microsoft e 7Comm
- Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM
- Itaú Unibanco:
- Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin:
- SFCoop: Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred;
- XP, Visa;
- Banco BV;
- Banco BTG;
- Banco ABC, Hamsa, LoopiPay;
- Banco B3, B3 e B3 Digitas;
- ABBC: banco Brasileiro de Crédito, Ribeirão Preto, Original, ABC, BS2 e Seguro; ABBC, BBChain, Microsoft e BIP;
- Banco do Brasil
A seleção inicial tem representantes de instituições financeiras dos segmentos prudenciais S1 a S4, sendo que elas já possuem um histórico de inovação e estão envolvidas com tecnologias emergentes, como blockchain e criptoativos.
Com a participação dessas instituições, o BC busca aproveitar a experiência e conhecimento de cada uma delas para garantir um piloto sólido e abrangente. Com isso, a autarquia visa fortalecer ainda mais a credibilidade e confiança na iniciativa.
Testando a tecnologia
A implementação de um caso de uso específico — um protocolo de entrega contra pagamento (DvP) de título público federal entre clientes de várias instituições, além dos serviços associados a essa transação — será o meio pelo qual a programabilidade e a privacidade do piloto RD serão testadas nesta fase.
Testar esses atributos da infraestrutura é fundamental para identificar possíveis desafios e aprimorar a eficiência do Real Digital, que usará da plataforma Hyperledger Besu, robusta tecnologia baseada no ecossistema da rede ethereum (ETH), para seus testes.
Quanto à privacidade, o BC relata estar comprometido em garantir a proteção dos dados dos usuários e a confidencialidade das transações realizadas. Dessa maneira, serão realizados testes rigorosos para avaliar a privacidade das informações no sistema.
Do piloto à realidade
Com a digitalização financeira em ascensão, espera-se maior agilidade e segurança nas transações, impulsionando a confiança e a credibilidade em todo mercado. Isso porque a transparência e rastreabilidade da tecnologia blockchain contribuem para garantir um ambiente confiável para as operações financeiras.
Previsto para o fim de 2024, o Real Digital tem enorme potencial de gerar uma revolução completa na economia brasileira e fazer jus ao posicionamento que alguns especialistas dão ao Brasil como um dos países mais inovadores do mundo.
A integração do Real Digital com contratos inteligentes (smart contracts) também amplia as oportunidades de automatização e eficiência nas operações, abrindo caminho para novas aplicações. Programas de fidelidade e cashback, por exemplo, têm potencial para se expandir, oferecendo benefícios mais abrangentes e convenientes para consumidores.
Com essa iniciativa, o Brasil se posiciona na vanguarda da inovação financeira, abrindo caminho para uma economia mais eficiente e inclusiva.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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