Mais uma semana chegou ao fim, por sorte o Ibovespa permanece como queremos: em alta. Ignorando a troca de farpas entre China e EUA, consulados fechando e Trump fazendo joguinhos geopolíticos, o índice brasileiro fechou esta sexta-feira (24) estável com leve variação de 0,09% aos 102.381 pontos. Na semana o índice recuou apenas 0,49%.
Contudo, a grande expectativa é com a valorização do mês de julho. Faltando apenas uma semana para fechar o mês o Ibovespa acumula alta de 7,71%. Desempenho um pouco menor do que o mês de junho, quando subiu 8,76%, e do mês de maio quando avançou 8,57%.
Para Felipe Ruiz, sócio diretor do Ações Garantem o Futuro não há nada do que se preocupar em relação a valorização da bolsa no mês de julho. Tudo indica que a performance menor do índice ocorre em um cenário diferente para o Ibovespa. “O crescimento de maio e junho foi superior porque as ações estavam a preço de pechincha. Outro fator foi a Selic em queda que facilitou o ingresso dos novos investidores pessoa física que movimentaram a bolsa”, explica.
Com um crescimento mais devagar do índice, Ruiz ainda enxerga distantes os tão sonhados 120 mil pontos, que acredita não sejam nada além do que o chute do desejo dos investidores. Contudo, reforça que para o mês de agosto os desafios são outros:
- A expectativa do mercado com os resultados das companhias no 2º trimestre, especialmente com grandes bancos e blue chips como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
- A reforma tributária que precisa ter avanços nas suas 4 fases. Até o momento só foi apresentada a fase 1 que unifica o PIS e Cofins. O debate de tributação de dividendos ainda está pendente.
- O acirramento das tensões entre China e EUA, fato que traz uma conotação geopolítica relacionada com a reeleição de Trump.
- Novos avanços com a vacina da Covid-19
Maiores Altas
O destaque positivo da semana foi da WEG (WEGE3) que teve alta acumulada de 14,84%. A companhia é considerada uma das mais resilientes do Ibovespa e não teve perdas na pandemia. Longe disso, no ano de 2020 já acumula alta de 93,30%.
Ruiz avalia que a alta da companhia nesta semana foi motivada pelos bons resultados no seu balanço do 2º trimestre, onde seu lucro líquido subiu 32% comparado com o mesmo período em 2019. O lucro líquido do segundo trimestre foi de R$ 514,4 milhões. “A rentabilidade da WEG, uma das maiores altas do Ibovespa neste ano, é fruto de uma gestão com controladores competentes e a diversificação de negócios da companhia. Além de uma economia digital muito representativa”, explica.
A segunda maior alta da semana foi a Suzano (SUZB3) que avançou 6,15%. Segundo o especialista, a companhia ficou no radar dos bancos após o BNDES decidir sondar com o mercado a venda da sua participação em certas companhias, entre estas Suzano, Klabin, Vale e Petrobras. “Ajudou também que o Bradesco BBI escolheu a Suzano como sua companhia preferida de papel e celulose na América Latina, elevando o preço-alvo para R$58”, aponta Ruiz.
A terceira maior alta da semana foi a Cemig (CMIG4), que entre as companhias de energia estava um pouco esquecida. E foi chamada muitas vezes de patinho feio do setor. Mas, voltou ao radar após o ministério de Minas e Energia afirmar que em agosto serão apresentadas novas medidas para o setor. “Esta semana a companhia anunciou em fato relevante que tem interesse em prorrogar as concessões de duas usinas, o que comprova que a empresa tem uma capacidade financeira melhor do que o passado após seu processo de turn around”, avalia o especialista.
Veja as 5 maiores altas da semana:
Ações | Alta |
WEG (WEGE3) | 14.84% |
Suzano (SUZB3) | 6.15% |
Cemig (CMIG4) | 6.00% |
Ambev (ABEV3) | 5.44% |
Brasileira de Distribuição (PCAR3) | 5.34% |
Maiores Quedas
A maior queda da semana foi da Cogna (COGN3) que caiu 10,91% no acumulado. O grupo educacional vai na contramão dos acontecimentos e apesar de ter o IPO da subsidiária Vasta aprovado nos EUA recuou com força. Segundo Ruiz, isso se deve ao fato que a companhia tem um “efeito manada” do investidor. “Este é um papel que cresceu muito graças a exposição dos investidores pessoa física. O seu desempenho segue o efeito manada além de uma realização de lucros”, comenta.
Apesar do IPO da Vasta estar caminhando, Ruiz avalia que os investidores não ficaram muito contentes. “Era esperada uma captação de R$ 3 bilhões e segundo estimativas o resultado deve ser muito menor o que gerou frustração no mercado”.
A segunda maior queda da semana foi a Gol (GOLL4) que recuou 9,42%. Para o especialista, a companhia que já está em uma situação complicada teve alguns agravantes. Entre estes: O rebaixamento da sua nota de crédito pelo S&P de B- para CCC+; a companhia reagiu negativamente ao IPCA 15, os preços das passagens tiveram perdas de 4,15% em julho. E há rumores no mercado de que a ajuda do BNDES pode demorar em chegar.
E na terceira posição está a BR Malls (BRML3) que teve queda de 9,09%. Segundo Ruiz esta companhia sofreu os impactos da reforma tributária, ainda em debates iniciais. “A proposta de unificar PIS e Cofins em um imposto novo pode comprometer até 5% da receita líquida da empresa”, aponta.
Veja as 5 maiores quedas da semana: