Esquecido nos últimos anos, o ouro voltou a brilhar no primeiro semestre de 2020. O metal foi o campeão na lista dos melhores investimentos (ativos e índices) que mais ganharam valor no período, com alta de 52,97% em seis meses. No fechamento de junho, ele alcançou a marca de US$ 1.800 por onça-troy no mercado internacional, o maior patamar desde 2011.
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A forte escalada do ouro refletiu a corrida dos investidores por proteção em meio às incertezas criadas pela covid-19 desde o início do ano. Considerado um dos ativos mais seguros do mundo, com lastro físico, o metal precioso costuma ser descorrelacionado das bolsas (quando elas sobem, ele costuma cair, e vice-versa).
Mas não foi o que aconteceu nos meses de maio e junho, quando ele continuou subindo, mesmo enquanto o mercado de ações mostrou uma vigorosa recuperação em meio à reabertura das economias e beneficiado pelo excesso de estímulos (liquidez) promovido pelos bancos centrais.
“O ouro é uma das únicas classes de ativos importantes a ter um retorno no acumulado do ano positivo”, destacou à Dow Jones Newswires Jeff Klearman, gerente de portfólio da GraniteShares. “A destruição da demanda atingiu os EUA e economias globais e, em seguida, a resposta sem precedentes de estímulo monetário e fiscal aqui e no exterior desempenharam a força motriz por trás do desempenho do ouro este ano”.
A busca por proteção em um semestre marcado por traumas também sustentou a valorização de 36,04% do euro e 35,66% do dólar, duas das moedas estrangeiras mais seguras do mundo e consideradas refúgios em tempos de incerteza.
Renda fixa x renda variável
A renda fixa sentiu os efeitos da queda vertiginosa da taxa Selic, que sofreu quatro cortes em seis meses. Com isso, apresentou o menor retorno de sua história recente, com a rentabilidade média dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), fundos DI e papéis do Tesouro Direto indexados à inflação (IPCA) abaixo de 2% desde o início do ano.
Na outra ponta, a renda variável ficou na lanterna da lista entre janeiro e junho, reunindo de longe os piores desempenhos e com quase todas as classes de investimentos no terreno negativo. O índice que reúne ações do setor imobiliário na B3, o IMOB, liderou as perdas, recuando 29,78% no semestre.
O índice de small caps da bolsa (SMLL), que reúne empresas com menor volume de negociação, apresentou o segundo pior desempenho da lista, com desvalorização de 20,73%, mostrando que o golpe causado pela crise foi maior para as empresas de menor porte do que as listadas no Ibovespa, que desvorizou menos (-17,80%) no semestre.
Por outro lado, no mês de junho estes mesmos ativos de renda variável conseguiram virar parte do jogo, com forte valorização, superando em muito o desempenho da renda fixa.
O InvestNews preparou um ranking com o retorno dos principais ativos e índices no primeiro semestre de 2020. Confira abaixo:
RANKING DE INVESTIMENTOS NO 1° SEMESTRE
Confira quanto variaram os principais ativos do mercado financeiro de janeiro e junho de 2020:
ATIVO/ÍNDICE | CATEGORIA | JUNHO | ANO |
Ouro | Renda variável | 6,09% | 52,97% |
Euro/mercado | Renda variável | 3,15% | 36,04% |
Dólar/real | Renda variável | 1,93% | 35,66% |
IGP-M | Inflação | 1,56% | 4,39% |
CDI | Selic | 0,19% | 1,75% |
CDBs (média) | Renda fixa | 0,12%/0,22% | 1,67% |
Poupança | Renda fixa | 0,17% | 1,38% |
Fundos DI (média) | Renda fixa | 0,15%/0,25% | 1,17% |
Tesouro Direto (IPCA)* | Renda fixa | 0,17%/0,27% | 1,12% |
Fundos de renda fixa (média) | Renda fixa | 0,18%/0,28% | 1,06% |
Fundos multimercados (livre) | Renda variável | 1,50% | 0,99% |
IPCA (estimativa) | Inflação | 0,23% | 0,11% |
Ações de varejo (ICON) | Renda variável | 10,08% | -10,90% |
Fundos de ações (livre)*** | Renda variável | 9,84% | -11,96% |
Fundos imobiliários (IFIX) | Renda variável | 5,59% | -12,24% |
Ibovespa | Renda variável | 8,76% | -17,80% |
Ações de dividendos (IDIV) | Renda variável | 8,95% | -18,38% |
Small Caps (SMLL) | Renda variável | 14,43% | -20,73% |
Setor imobiliário (IMOB) | Renda variável | 18,56% | -29,78% |
* Os títulos indexados ao IPCA não estão colocados à taxa de mercado, em razão da diversidade de papeis.
**Até 25/06, último dado disponibilizado pela Anbima
Fonte: B3, Fabio Colombo, Anbima e Banco Central