NTN-F é a sigla para Notas do Tesouro Nacional, com taxa prefixada e juros semestrais. Em outras palavras, é um tipo de investimento no Tesouro Direto – menos popular na comparação com outros papeis. Os títulos NTN-B Principal (Tesouro IPCA sem juros semestrais) e LFT (Tesouro Selic), por exemplo, concentram mais de 70% do saldo em custódia dos investidores, ante 3% de NTN-F, segundo dados da B3 do segundo trimestre de 2022.
Fabio Louzada, analista e fundador da Eu me banco, afirma que o investimento em NTN-F é recomendado para pessoas com perfil mais arrojado e investidores que levem o investimento até o final do prazo. “É recomendado para quem já acumulou dinheiro e agora quer receber uma remuneração a cada seis meses, o que funciona de forma parecida com a remuneração de dividendos.”
“Se o investidor está em fase de acumulação, é mais recomendável investir em títulos sem o pagamento de juros semestrais, pois dessa forma os ganhos no vencimento tendem a ser maiores devido aos juros compostos”, complementa.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, tem a mesma leitura. “Se a pessoa está apertada não é um bom investimento, o melhor seria uma LFT, o Tesouro Selic. O interessante da NTN-F é justamente o prazo, em que dá para garantir uma taxa de juros por um prazo maior. Você espera a condição de mercado ser favorável ou carrega o título. São investidores que olham para os juros e para o dinheiro que tem. Se tiver rendimento de 1% ao mês ou perto disso, ele estará satisfeito.”
A principal vantagem em investir nesse título é saber exatamente a rentabilidade sobre o valor da aplicação. Para investir em título púbico como uma NTN-F, o investidor deve ter um Cadastro de Pessoa Física (CPF) e uma conta corrente ou poupança em qualquer banco ou instituição financeira habilitada a operar no Tesouro Direto.
Veja abaixo perguntas e respostas para entender melhor como funciona o investimento em NTN-F.
O que é NTN-F?
NTN-F é a sigla para Notas do Tesouro Nacional série F. É um título público federal de renda fixa atrelada à taxa de juros determinada na contratação, com juros semestrais. No ato da compra, o investidor já saber o valor exato que receberá no vencimento.
Esse investimento é mais interessante para quem precisa dos seus rendimentos para complementar a renda, pois a NTN-F paga juros a cada semestre (cupons de juros), nos meses de janeiro e julho, durante o período de aplicação. Em caso de resgate antecipado, o Tesouro Nacional garante a recompra do título pelo valor de mercado e as transações são feitas pela internet.
“Guardada a proporção, é como se tivesse um imóvel recebendo aluguel. Você consegue viver de renda fazendo essas retiradas. A gente costuma usar a NTN-F bastante nesses cenários e, também, para especular. Se avaliar que os juros estão muito altos e têm chance de cair nos próximos anos, pode até investir em um papel longo. Ele vai ter uma sensibilidade maior com a variação dos juros, e o investidor pode ganhar mais dinheiro se acertar na operação”, diz o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha.
Como funciona o Tesouro Prefixado com juros semestrais NTN-F?
Os títulos prefixados com juros semestrais têm rentabilidade definida no momento do investimento e com pagamento de juros semestrais, chamados de cupons de juros. A cada pagamento, o investidor recebe a remuneração acumulada no período vigente (entre o pagamento anterior e o atual).
O resgate total do investimento será apenas na data de vencimento do título, quando o investidor receberá o último cupom, além do valor de face (soma do valor aplicado mais a rentabilidade), independentemente das variações de preço do título ao longo da aplicação. É necessário descontar a inflação para obter o rendimento real da aplicação.
Se vender o título antes da data estabelecida, o investidor não receberá o valor da rentabilidade definida no ato da compra, mas uma quantia conforme as condições de mercado do dia.
Qual a relação dos juros com NTN-F?
Embora a NTN-F tenha juros prefixados, o título pode sofrer variações de preço temporalmente. Se decidir vender o ativo antes da data de vencimento, o investidor poderá obter um valor abaixo do que fora investido. O contrário também é verdade. O investidor pode ter uma rentabilidade superior à contratada no ato da compra, a depender da cotação do dia.
“Se o investidor levar o título até o fim do vencimento, terá ganho da taxa contratada garantido. Mas se não puder segurar até o vencimento, poderá sofrer com a marcação a mercado. É um investimento mais arriscado, pois o investidor trava o rendimento. Costuma ser ideal para quem quer levar os títulos até o vencimento ainda que o cenário macroeconômico mude e os juros subam acima dos juros contratados na taxa prefixada”, diz Fabio Louzada.
Os especialistas afirmam que o investidor que aplica em NTN-F acredita que a taxa oferecida será superior à Selic no final do contrato, sem olhar para a inflação do período. Portanto, analisar a curva de juros é importante na hora de investir em NTN-F.
“Como é prefixada, NTN-F responde de maneira mais forte a marcação a mercado quando a curva de juros varia, tanto para o lado positivo quanto negativo. Tem muito investidor que gosta de ter essa ‘renda passiva’ caindo na conta. É um título do governo que não tem risco de crédito. É risco soberano”, afirma o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha.
“Se você compra um papel hoje, e amanhã a curva de juros sobe, provavelmente, você vai perder dinheiro nesse investimento. Mas o contrário também é verdadeiro. Se os juros começarem a cair, você consegue ter um ganho muito maior que seria o normal. É uma correlação direta. A rentabilidade com a curva de juros é uma correlação inversa com relação negativa que a gente ama. Se a curva sobe, o papel desvaloriza, se a curva cai, o papel valoriza”, complementa.
Quais são as taxas cobradas para investir em NTN-F?
O investidor que optar por investir em NTN-F terá dois tipos de custos de operação: uma cobrada pela instituição financeira (taxa de administração) e outra pela B3 (taxa de custódia). A primeira é o pagamento de uma quantia para instituição financeira escolhida pelo investidor para operar seus investimentos – há algumas que não cobram. No site do Tesouro Direto, o investidor pode conferir o ranking com as taxas cobradas em cada instituição.
A segunda é a taxa de custódia de 0,2% ao ano sobre o total investido, cobrada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) no primeiro dia útil do ano e no primeiro dia útil de julho. Ligada à B3, a companhia é responsável por custodiar, liquidar e garantir a operação das transações na bolsa de valores.
Exceção é o título do Tesouro Selic (papel que acompanha a variação da taxa básica de juros) que desde agosto de 2020 isenta aplicação de até R$ 10 mil – acima dessa quantia, a taxa é cobrada por investidor (CPF).
Além das taxas de operação, os títulos do Tesouro Direto sofrem tributação sobre os rendimentos: Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações inferiores a 30 dias e Imposto de Renda (IR).
A cobrança do IR ocorre na venda do título (lucro obtido com a venda), no pagamento de juros semestrais ou na data de vencimento (juros pagos a quem investe). Quanto menor o tempo, maior a alíquota a ser paga pelo investidor: 22,5% (até seis meses), 20% (de seis meses a um ano), 17,5% (de um ano a dois anos) e de 15% (acima de dois anos).
Para que serve um NTN-F?
A NTN-F é um título público de renda fixa que serve para o governo federal captar recursos para financiar a dívida pública e investir em áreas, como educação, saúde, infraestrutura entre outras.
Qual e a diferença entre NTN-F e LTN?
O Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F) e o Tesouro Prefixado ou Letra do Tesouro Nacional (LTN) são títulos prefixados com rentabilidade definida no momento da compra e que possuem lastro na dúvida pública brasileira. Para cada unidade de título, o valor bruto a ser recebido no vencimento é de R$ 1.000. A diferença entre os ativos reside no fato de a NTN-F ter pagamento com juros semestrais e no vencimento. Na LTN, o pagamento só ocorre no vencimento.
Uma das vantagens de se investir em Tesouro Direto é a possibilidade de obter rendimentos a curto, médio e longo prazos. A aplicação inicial é a partir de R$ 30, com título com a segurança do Tesouro Nacional e a possibilidade de resgatá-lo antes do prazo final contratado. Além desses da NTN-F e NLT, confira a relação completa (veja tabela) de outros títulos públicos federais e seus rendimentos.
Quais são as formas de investimentos?
De acordo com a B3, existem duas formas de investimentos. A primeira se refere à tradicional, em que as operações de investimento e resgate podem ser realizadas a qualquer momento do dia, dentro do período de funcionamento do Tesouro Direto (das 9h30 de um dia até as 5h do outro). A segunda é a programada, cuja operação de investimento e de resgate é agendada, além de ter reinvestimento automático dos juros semestrais dos títulos e do valor a ser resgatado nas datas de vencimento.
Nos investimentos tradicionais ou programados, a parcela mínima de investimento é de 1% do valor de um título (0,01 parte do título), desde que respeitado o limite financeiro mínimo de R$ 30. Já o limite financeiro máximo de investimentos mensais é de R$ 1 milhão. A B3 reforça não haver limite financeiro para resgates.
Os títulos do Tesouro possuem liquidez de D + 1, ou seja, o dinheiro só estará disponível no dia seguinte. Os preços de compra e venda dos títulos públicos estão disponíveis na Tabela de Preços e Taxas dos Títulos, no site do Tesouro Nacional, e podem ser alterados a qualquer momento pela instituição.
Qual risco de investir em uma NTN-F?
Embora atrelada a marcação a mercado, a NTN-F é título com baixo risco se comparada às outras alternativas de investimento. Fabio Louzada, fundador da Eu me banco, ressalta que um dos riscos é se prender a uma taxa fixa contratada inicialmente e essa taxa subir futuramente.
“Quanto maior o prazo do título, maior a volatilidade e maior o risco. Esse fator impacta aqueles investidores que desejam resgatar o investimento antes de vencer devido ao risco de marcação de mercado e de perder dinheiro”, afirma.
Como é um título público federal, o dinheiro investido é garantido pelo governo federal, que usa essa quantia para financiar a dívida interna ou fazer investimentos no país. Portanto, o Tesouro Nacional garante liquidez diária aos seus títulos públicos adquiridos no Tesouro Direto. Dessa forma, o investidor pode resgatar os investimentos a qualquer momento.