Quem investe já está familiarizado com a variedade de siglas que existem no mercado. Algumas dessas siglas representam indicadores financeiros, como é o caso do ROA (Return on Asset, em inglês), que ajuda na avaliação de empresas.
Se você quer ampliar seu repertório de siglas e ter mais ferramentas para decidir em quais empresas investir, ou como usar no seu empreendimento, continue a leitura, pois vamos mostrar neste texto como usar o ROA.
Aqui você vai aprender como calculá-lo e como fazer uma avaliação combinada dele com outros indicadores conhecidos.
Vamos lá?
O que é ROA?
ROA (Retorno Sobre Ativos, em português) é um indicador financeiro que mostra o nível de performance da companhia. Em outras palavras, ele revela quanto lucro uma empresa consegue gerar com os ativos que ela possui.
Para isso, o ROA considera o lucro líquido e os ativos totais médios da organização.
Porém, antes de mais nada, é importante explicar o que são ativos. Basicamente, ativos são tudo o que a empresa tem de capital investido que a faz gerar lucro ou que vai fazê-la gerar no futuro.
Vale salientar que os passivos (dívidas, despesas e obrigações financeiras) também fazem parte do ativo total. Afinal, estes custos servem para que a empresa gere lucro mais adiante.
Algumas organizações podem apresentar uma variação maior nos ativos ao longo do tempo. Isso pode acontecer por uma série de fatores, como a compra ou venda de imóveis, veículos, equipamentos e até a alteração de estoque por conta de sazonalidade.
Por conta disso, em análises baseadas puramente em números, esse tipo de variação pode parecer algo negativo na performance da empresa. Levando, algumas vezes, a conclusões equivocadas.
É pensando em facilitar essas análises que os ativos totais são a soma de:
Ativo circulante: dinheiro em caixa
Ativo não-circulante, ou imobilizado: soma de todos os recursos, como prédios e equipamentos que possui ou controla
Alguns exemplos de ativos são:
- dinheiro e investimentos;
- contratos que darão recebimento no futuro;
- mercadorias, como matéria-prima e estoque de produtos prontos;
- estrutura, como máquinas e veículos.
Qual a importância do ROA na hora de investir?
Quem investe no mercado financeiro pode utilizar o ROA para complementar sua análise em relação a uma empresa ou comparar companhias do mesmo setor. Isso porque, esse indicador é capaz de fornecer informações valiosas como, por exemplo:
- o grau de produtividade sobre os recursos da empresa;
- qual o potencial da companhia em um futuro próximo;
- o nível de competitividade em relação aos concorrentes.
ROA e ROE: qual é a diferença?
A diferença entre ROA e ROE é que o ROA contabiliza a dívida como parte dos ativos da empresa e o ROE, não. Assim, a diferença está em como cada indicador considera a dívida de uma companhia.
Enquanto o ROA utiliza o lucro líquido e o ativo total (soma do patrimônio líquido e dos passivos) o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (Return on Equity – ROE) usa o lucro líquido e o patrimônio líquido (valor em ativos descontando os passivos).
Isso quer dizer que, quanto mais alto for o ROE da companhia, maior é a capacidade de lucrar com recursos próprios.
Considerando os dois indicadores, quanto mais dívidas uma empresa fizer, maior será o ROE em relação ao ROA.
No entanto, como o ROE só utiliza o patrimônio líquido, não há transparência sobre o nível de endividamento da empresa. Por isso, o ROA pode ser um bom complemento na sua avaliação.
Como calcular o ROA?
O cálculo do ROA é o lucro líquido dividido pelo ativo total da empresa. O resultado vai dizer quanto é possível gerar de ganhos com os recursos que a empresa possui indicando o percentual de retorno a cada R$ 1 investidos em ativos.
A fórmula do cálculo do Retorno Sobre Ativos é a seguinte:
ROA = (Lucro Líquido / Ativo Total) x 100
O lucro líquido é a diferença entre a receita total e o custo total. Ele pode ser encontrado no demonstrativo de resultados da companhia de capital aberto. Já o ativo total aparece no balanço patrimonial.
Exemplo
Vamos considerar que uma empresa tenha registrado um lucro líquido de R$ 400 mil e possui um ativo total de R$ 3 milhões, o ROA dela será em torno de 13%.
Variação da fórmula
Já dissemos anteriormente que os ativos de uma empresa representam a soma do patrimônio líquido e do passivo total. Dessa forma, podemos dizer que os ativos são custeados tanto pelo capital próprio quanto pelas dívidas para adquiri-los.
Por isso, existe a opção de calcular o ROA anulando o custo de aquisição dos ativos. Para tirar o custo, alguns analistas e investidores acrescentam a despesa com juros na fórmula, ficando assim:
ROA = (lucro líquido + despesa de juros) / ativo total x 100
Como avaliar o ROA em análises?
Um ROA baixo pode indicar que a empresa não esteja fazendo bom uso dos seus recursos. Já um ROA alto indica maior eficiência, mas não garante que a companhia continuará rentável no futuro.
Por conta dessas incertezas, o ROA deve ser avaliado com outros indicadores e informações.
Abaixo, vamos listar alguns cenários para você entender que, mais importante do que se prender à métrica de ser alto ou baixo, é considerar a análise fundamentalista.
ROA baixo
Entre as possíveis explicações de um ROA baixo, estão os gastos com investimentos que foram pouco rentáveis. Além disso, esse resultado ainda pode indicar que os ativos não estão sendo bem aproveitados, como equipamentos obsoletos, gastos elevados e desperdício de recursos.
A solução para essa empresa é avaliar onde é possível reduzir custos sem perder qualidade do produto ou do serviço entregue. Da mesma forma, deve-se observar como otimizar a produção sem precisar fazer mais nenhum investimento.
Um exemplo disso é uma empresa que está com alta demanda no mercado, mas não está dando conta. A pessoa que comanda a empresa pode apostar em um maquinário muito caro, que pode ajudar, mas existe um problema grande na gestão dos funcionários ou em fazer melhores negociações com os fornecedores.
Neste caso, o ROA será baixo porque o investimento aumentou, mas não vai impactar diretamente nas vendas, já que o problema maior não foi resolvido.
Roa alto
Quer dizer que a empresa consegue gerar grande valor com os recursos que possui. Isso acontece porque ela deve ter melhor controle sobre os custos e despesas.
No entanto, a boa rentabilidade de hoje pode não ser uma garantia de que no futuro ela vai continuar a dar esse mesmo retorno. Se o ROA for muito mais alto do que os concorrentes, entende-se que a empresa não está investindo em renovação ou expansão. Futuramente, ela poderá ser ultrapassada pelos concorrentes.
ROA negativo
O ROA de uma empresa pode ficar negativo quando a proporção entre lucro líquido e patrimônio for muito grande. É o que acontece com uma empresa com pouco patrimônio.
No lado oposto, se a empresa tem um lucro líquido muito baixo ,mas tem um patrimônio elevado, o ROA também será menor. Essa “gangorra”, em que um fator é muito maior ou menor do que o outro, pode acontecer em períodos de crise econômica e de má gestão da companhia.
O que considerar para avaliar o ROA?
A seguir estão alguns pontos para você levar em conta para analisar o ROA e escolher em qual empresa investir:
Objetivo
Tenha em mente qual é o seu objetivo em relação àquele perfil de empresa que está procurando para investir. Considere sua expectativa de retorno, prazo e se aquela companhia se encaixa no seu plano.
Setor
O ideal é comparar empresas que sejam do mesmo setor. Este é um fator determinante porque companhias de um mesmo segmento podem ter um ROA mais alto do que outros e isso não quer dizer que elas sejam mais rentáveis só por causa da métrica.
Perfil de empresa
Assim como você deve comparar o ROA do mesmo setor, avalie também o mesmo perfil de empresa; se é de menor ou maior porte, se é iniciante ou se já está consolidada. Leve em conta, também, o histórico de resultados das companhias e quais são os objetivos da empresa para crescer e aumentar sua competitividade.
Contexto
Avalie como a economia impacta o setor de seu interesse e quais as perspectivas para o médio e longo prazo. Também é importante observar as perspectivas do futuro deste mercado.
Agora que você entende o que é ROA e como calculá-lo, o processo para fazer uma boa escolha de empresa para investir ficou simples:
- Definir seu objetivo, prazo e nível de exposição ao risco e volatilidade;
- Compreender o setor da empresa desejada;
- Analisar o perfil das companhias de seu interesse;
- Se atualizar sobre o contexto econômico, perspectivas e tendências para o mercado de investimentos;
- Reunir os ativos do balanço patrimonial e o lucro líquido do demonstrativo de resultados das empresas para aplicar a fórmula;
- Avaliar informações sobre as companhias, planos de ação para o futuro e considerar outros indicadores para tomar a decisão.
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