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IN$ Entrevista

Investidor de renda fixa tem que estar em títulos longos, diz analista

Para Marilia Fontes, da Nord, existem boas oportunidades na renda fixa, mesmo com perspectivas de queda da Selic em breve.

Em meio às perspectivas do mercado de início de corte da taxa Selic a partir do mês de agosto, o investidor de renda fixa, agora, tem que estar em títulos de mais longo prazo, expostos ao efeito de marcação a mercado. A recomendação é de Marilia Fontes, sócia e analista de renda fixa da Nord. 

“O mercado já precifica um bom ciclo de queda da Selic ao longo desse e do próximo ano, mas, também, o mercado ainda tem muito prêmio nos juros longos que devem ir se extinguindo. Essa redução dos prêmios longos pode gerar ganhos de marcação a mercado para investidor de pré-fixados ou indexados à inflação”, destaca Fontes.

Marilia Fontes, sócia e analista de ações da Nord.
Marilia Fontes, sócia e analista de renda fixa da Nord. Crédito: Divulgação/Nord

Para o cenário de pré-queda de juros no Brasil e início de redução da Selic, a analista de renda fixa da Nord recomenda  o título do Tesouro Direto IPCA+ 2035, por ser mais longo e líquido, ou seja, que pode ser vendido a qualquer momento. 

“Se as taxas de juros desses títulos caírem, há um efeito de ganho de marcação a mercado, podendo gerar ganhos de 10%, 20%, 30%”, diz a analista.

Perspectivas para a bolsa de valores

Recentemente, o Ibovespa chegou aos 120 mil pontos, patamar que não havia alcançado desde abril 2022, encerrou o mês de junho em alta de 9%, e o semestre com ganho de 7,61%. Para Fontes, a perspectiva é de sustentação desse movimento da bolsa de valores brasileira.

“A taxa de juros é a mãe da bolsa. Quando tem uma queda das taxas de juros, principalmente das de longo prazo, é um movimento muito relevante no preço das ações. Com essa reprecificação de patamar de juro longo no Brasil, eu acho, inclusive, que a gente ainda tem mais para andar e dá para ver a bolsa nos 140 mil pontos”, estima a analista de renda fixa da Nord.

Para Fontes, em meio a este cenário, ainda dá tempo de o investidor se antecipar ao momento de virada de juros.

“A bolsa não está em uma posição cheia, com muita gente. Acho que ainda dá pra entrar, sim, e acho que ainda vamos ver estes preços subirem mais”.

Marília Fontes, ANALISTA DE RENDA FIXA da NORD.

Em meio a estas perspectivas, Fontes defende que as ações que podem ter espaço de crescimento são as mais sensíveis aos juros.

“São aquelas ações de crescimento, ações de empresas que podem aumentar muito sua receita ao longo dos anos, em detrimento daquelas ações de empresas mais maduras, mais estabelecidas. Essas ações perderam muito nessa época de aumento da Selic. Algumas caindo 70%, 80%, mas eu acho que as boas empresas de crescimento devem voltar a melhorar agora com o início de queda da Selic”, estima Fontes.

Análise da economia brasileira

Analisando o cenário econômico dos seis primeiros meses do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fontes afirma que houve no país um momento bem delicado no início do ano, com bastante prêmio de risco nas curvas de juros, no câmbio, e a bolsa bem deprimida, basicamente, por causa de receios de riscos fiscais, de que o novo governo fosse gastar muito e pudesse prejudicar a inflação, demandando  juros mais altos. 

A analista de renda fixa da Nord lembra que essa trajetória se alterou quando o novo governo apresentou o arcabouço fiscal.

“O novo governo apresentou o arcabouço fiscal em um cenário de realmente deixar um teto para aumento de gastos em 2,5% acima da inflação. Apesar de ser um aumento relevante, a média dos últimos governos tinha sido 6%. Limitar em 2%, 2,5% já era um bom sinal fiscal e que, ao longo do tempo, esse arcabouço permitiria uma redução de gastos do governo e até uma possível redução da dívida mais a longo prazo. Mas só isso já fez com que o mercado se animasse”.

MARILIA FONTES, da NORD.

Para a sócia da Nord, as decisões que estão sendo tomadas pelo governo no campo da economia estão sendo de muita responsabilidade o que, para ela é, institucionalmente, um excelente recado para o Brasil.

Segundo Fontes, isso mostra que entra governo, sai governo, e o país está se mantendo no calendário de reformas estruturantes, e, na parte fiscal e monetária, há estabilidade, tanto de restrição de gastos, quanto de política monetária e de metas de inflação.

“Eu acho que, institucionalmente, é um excelente recado para o Brasil. Significa que a gente está maduro como país e pode vislumbrar o mínimo de estabilidade econômica”, acredita a analista.

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