Empreender tem sido uma alternativa buscada por muitos brasileiros em tempos de pandemia. Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com dados da Receita Federal, o Brasil totalizou 2,6 milhões de novos Microempreendedores Individuais (MEIs) em 2020. É o maior número de registros nos últimos cinco anos. Só no primeiro trimestre de 2021, foram 672 mil novas formalizações.
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O Sebrae define empreendedorismo como a capacidade de uma pessoa em identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano.
Porém, empreendedorismo nem sempre é sinônimo de dinheiro no bolso e garantia de sucesso. Antes de ser empreendedor e colocar as ideias em prática, diversos fatores devem ser considerados.
Segundo Camila Silveira, especialista em consultoria de desenvolvimento empreendedor, muitas pessoas que ficaram desempregadas no decorrer da pandemia decidiram empreender. O erro foi que elas apostaram somente na capacidade técnica que adquiriram e desempenharam quando trabalhavam para uma empresa.
Silveira explica que muitas dessas pessoas acabam enfrentando dificuldades em mostrar suas habilidades e conhecimento ao mercado. De acordo com a especialista, empreender é muito mais que isso, uma vez que não basta somente ter o conhecimento técnico sobre sua área de atuação.
“Antigamente, ao iniciar um negócio, abria-se a porta e esperava-se o público conhecer o trabalho/produto e ele se expandia aos poucos. Hoje, isso mudou. Está tudo mais acelerado. Se a pessoa não colocar sua ideia nas redes sociais para ver o interesse do público antes de o negócio ser físico ou digital, o empreendedor pode não sustentar esse processo de espera de aprovação”, alerta.
Para não correr o risco de empreender em escolhas que podem ser uma furada, a especialista recomenda 5 negócios lucrativos para empreender. Confira:
1 – Ramo alimentício
Empreender no setor de alimentação é vantajoso e lucrativo por ser um segmento primordial às pessoas, por isso, ele está sempre em alta. Além disso, são diversas as opções para a venda de alimentos e uma possibilidade para ganhar dinheiro sem precisar fazer grandes investimentos.
É possível vender alimentos saudáveis, marmitas, alimentos congelados, saladas, doces para festa, sobremesas, salgados, carnes, pães, massas, lanches, comidas típicas entre tantas outras opções. São infinitas as possibilidades.
Caso o empreendedor queira colocar, literalmente, a “mão na massa”, pode focar em algum talento que tenha dentro deste segmento, agregando criatividade, inovação e diferencial para poder se destacar.
Além das habilidades, é importante também o empreendedor acompanhar como é que está o hábito de consumo dos brasileiros, seja de uma forma em geral, como também da região onde trabalha, ou quer atuar, e o público que deseja atingir, pois, a partir daí, já é possível apontar algum nicho para o foco do negócio. Conseguir se adaptar às mudanças do comportamento de consumo dos brasileiros é algo estratégico e, se bem direcionado, o negócio pode se consolidar no mercado.
Outro ponto positivo deste segmento é que os preparos podem ser feitos em casa, o que pode economizar custos com o aluguel de um espaço, por exemplo, além de as vendas poderem ser feitas pela internet.
Além disso, mesmo que se tenha uma loja física, investir em divulgação do negócio na internet também é fundamental, pois o alcance é muito maior e pode de ser uma vitrine dos produtos. Quando se tem um conteúdo bem gerido de forma online, é possível ter o retorno da satisfação dos clientes e estimular outros novos a comprarem.
O segmento é tão diverso e abrangente, que o empreendedor pode optar também por trabalhar somente com encomendas. Dessa maneira, não corre o risco de desperdícios e perdas, já que só precisará preparar os produtos quando eles já estiverem vendidos.
Já para quem tem mais disponibilidade financeira, o modelo das franquias também pode ser uma alternativa dentro do segmento alimentício, já que, de certa forma, oferece riscos menores se comparado a quem começa do zero um negócio.
Neste caso, é possível ter de forma antecipada o desempenho dos negócios, já que, pela franquia, tem como saber a aprovação do produto pelo mercado antes mesmo de optar por investir em alguma. Outra facilidade é que o franqueado recebe todo o treinamento e diretrizes da franqueadora, não precisando buscar informações de como administrar uma empresa de alimentos.
2 – Cursos online
A população brasileira está cada vez mais conectada. É o que revelou o levantamento mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, que apontou que 82,7% dos domicílios nacionais possuem acesso à internet.
Com a facilidade de acesso à rede, e aos infinitos conteúdos dentro dela, além do avanço da tecnologia, o ensino à distância pode chegar em qualquer lugar e vem se tornando cada vez mais popular.
Trata-se de um modelo vantajoso tanto para quem buscar aprender quanto por quem deseja ensinar, pois não há limites tanto territoriais quanto de conteúdos. Além disso, no atual contexto de pandemia, o cenário é bastante propício e uma grande oportunidade para esta iniciativa. Se bem executada e planejada, pode trazer excelentes retornos.
Para isso, faça um planejamento, identifique suas habilidades, conhecimentos e potenciais que podem ser transformados em cursos por meio de vídeo ou e-book (livro digital), por exemplo.
Depois, defina e entenda seu público alvo para traçar quais assuntos serão tratados e de que forma serão abordados. Além disso, não deixe de acompanhar a concorrência, caso haja, para saber o que está disponível no mercado e o que pode ser ofertado de diferente ou melhor. Com isso definido, o próximo passo é criar um conteúdo de qualidade, preparar o material de acordo com a plataforma escolhida, divulga-lo e vendê-lo.
Fazer cursos online para vender é colocar em prática uma habilidade ou conhecimento que se tenha, que se consegue executar, ensinar e transformar em rendimentos financeiros.
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3 – Parceiras/marketing de afiliado
Pra quem não tem nenhum tipo de negócio pronto ou definido, procurar fazer parceiras é uma alternativa lucrativa. Trabalhar como parceiros de negócios do comércio tem funcionado bem.
Trata-se de identificar oportunidades em outros negócios e poder alavancá-los fazendo divulgação. O empreendedor pode se apresentar ao dono de algum negócio já existente, e que enxerga potencial, e sugerir de ser representante da marca, dos produtos, e combinar uma porcentagem de venda para divulgar o negócio.
Assim, não é necessário investir em um negócio ou produto, mas é possível ganhar dinheiro por meio dessas parcerias, que funcionam nos mais variados setores.
Hoje em dia se fala muito do marketing de afiliados, que nada mais é do que parcerias para a venda de produtos de outras marcas, mas de forma online. No contexto de pandemia, esta estratégia também é um negócio lucrativo.
Trata-se da divulgação de infoprodutos (produtos digitais) em diversas plataformas online, onde, a cada venda que parte do link divulgado pela pessoa, ela recebe uma comissão. Dessa forma, é possível trabalhar na divulgação de livros, materiais digitais, cursos, entre outros, sem sair de casa e sem precisar ter produtos próprios ou estoques.
4 – Segmento de vestuário
Empreender neste ramo é uma opção lucrativa, pois são várias as possibilidades para públicos diversificados. Além de investimentos relativamente baixos, há uma grande aceitação no mercado e com retorno financeiro imediato.
Apesar disso, direcionamento e organização são fundamentais. Para isso, defina:
- Estilo de roupa: básica, moda festa, fitness, moda gestante, plus size, esportiva, sustentável, moda praia, roupa íntima, infantil, jovem, masculina e feminina são algumas opções.
- Público-alvo: analise e defina quem são as pessoas que compram ou podem adquirir seu produto, as expectativas, o que consideram uma boa compra, faça pesquisa e conheça o mercado consumidor. Assim, é possível entender os clientes e traçar estratégias focadas nele.
- Bons fornecedores: escolha os que possuam bom custo-benefício. Considere qualidade dos produtos, reputação do fornecedor, preço e regularidade, por exemplo.
- Vitrine dos produtos: independente de ser loja física ou virtual, a vitrine é um chamariz para clientes. Tenha itens disponíveis, atendimento ao cliente qualificado, fotos, descrições e informações detalhadas dos produtos.
- Plano de negócio: trace um plano detalhado, com custos, preços, capital de giro, produtos vendidos e todas as demais informações importantes do negócio. A partir daí, é possível também ir adaptando outros pontos conforme a dinâmica do mercado, dos consumidores e de seus concorrentes, além de poder fazer análise de resultados regularmente.
- Canal de vendas: enquanto lojas virtuais podem facilitar venda para o país todo, a loja física possibilita oferecer uma experiência mais personalizada para o cliente.
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5 – Loja virtual
A pandemia exigiu distanciamento social e fechamento de estabelecimentos não essenciais nos piores momentos do avanço da doença no país. Ou seja, foi um balde de água fria para os comerciantes.
Porém, em meio a este cenário, vender produtos de forma online se tornou uma alternativa e um desafio aos que não tinham este segmento nos seus negócios, além de poder ser uma opção lucrativa para empreender.
Segundo dados de relatório da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), feito em parceria com a Neotrust/Compre & Confie, 42,9 milhões de pessoas realizaram compras online em 2020 no Brasil, um crescimento de 68,1% em relação a 2019. Os consumidores de primeira viagem representaram 47%.
Já dados da Pesquisa realizada pela Ebit/Nielsen mostraram que as vendas no comércio eletrônico devem crescer 26% e alcançar R$ 110 bilhões neste ano. Segundo o levantamento, o desempenho das vendas pela internet será impulsionado pelo crescimento do número de consumidores, consolidação dos e-commerces locais, fortalecimento dos marketplaces e logística mais ágil. A pesquisa indicou ainda que 95% das pessoas pretendem continuar fazendo compras online em 2021.
A pandemia também mostrou que muitos produtos poderiam ser vendidos de forma online, uma vantagem para quem quer empreender, afinal, aluguel de espaço para abrir um negócio é uma despesa a menos no final do mês.
Porém, abrir uma loja virtual, apesar da aparente facilidade, se comparada a uma física, requer os mesmos cuidados para que o negócio tenha sucesso. Além de todo o planejamento que se deve ter, independentemente se ele seja físico ou online, ainda existem atenções extras, como fazer o gerenciamento digital, por exemplo.
E aí inclui tudo, desde a plataforma que o empreendedor vai utilizar para exibir seus produtos, de que forma expõe, é importante ter boas fotos e descrições, atendimento ao cliente, segurança para pagamentos, além da gestão de relacionamento com o cliente, regulamento para trocas e métricas de usabilidade da plataforma, por exemplo.
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