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Bolsonaro volta a falar em mudanças na Petrobras, mas CEO não sai, dizem fontes

Presidente da República voltou a reclamar sobre os preços do diesel.

Roberto Castello Branco
Roberto Castello Branco REUTERS/Amanda Perobelli

O presidente Jair Bolsonaro reiterou nesta sexta-feira (19) que mudanças serão feitas na Petrobras (PETR3 e PETR4), um dia depois de criticar a elevação do preço dos combustíveis realizada na véspera pela estatal. As declarações de Bolsonaro têm preocupado o mercado, mas fontes disseram à Reuters que o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, não pretende pedir demissão.

“Anuncio que teremos mudança sim na Petrobras”, disse Bolsonaro nesta sexta durante viagem a Sertânia, em Pernambuco, para inauguração de uma obra. Bolsonaro, entretanto, afirmou que “jamais” vai interferir na estatal e não detalhou quais mudanças serão realizadas. As ações da Petrobras, que já operavam em queda, ampliaram ainda mais as perdas após a declaração. Acompanhe a cotação.

“O povo não pode ser surpreendido com certos reajustes”, disse ele. “Façamos mas com previsibilidade, é isso que queremos.” Bolsonaro falou ainda que exige e cobra transparência daqueles que indica para cargos.

Jair Bolsonaro
17/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino

A fala veio um dia depois de o presidente, em transmissão ao vivo em suas redes sociais, criticar a fala de Castello Branco, que afirmou que uma eventual greve dos caminhoneiros não é um problema da estatal. O preço do diesel é a principal reclamação da categoria.

Reação da Petrobras

O conselho de administração da Petrobras vai se reunir na terça-feira (23) para discutir pressões feitas por Bolsonaro para que Castello Branco renuncie, disseram duas fontes com conhecimento do assunto nesta sexta-feira.

Apesar da pressão política, no entanto, o conselho defende Castello Branco, mesmo que a maioria de seus membros seja nomeada pelo governo, disse uma das fontes, que pediu anonimato para discutir assuntos confidenciais. Interlocutores disseram à Reuters também apurou que Castello Branco não pretende pedir demissão da companhia.

MAIS: Veja comparações do preço do diesel

“Já houve um tempo em que o conselho (de administração da empresa) era pró-governo, e agora é independente”, acrescentou a fonte, argumentando que o CEO tem apoio para continuar na empresa.

Aumento do diesel

Os comentários de Bolsonaro sobre a Petrobras foi feito após o anúncio na quinta-feira de que a empresa elevará em cerca de 15% o preço médio do diesel nas refinarias e em mais de 10% o da gasolina, a partir desta sexta-feira.

Bolsonaro anunciou ainda na noite de quinta-feira que vai zerar em definitivo os impostos federais sobre o gás de cozinha e por dois meses os que incidem sobre o diesel, neste caso, com o objetivo de “contrabalançar” o reajuste que considerou “excessivo” da Petrobras.

Em meio a uma alta dos preços do petróleo, o reajuste foi o segundo anunciado para ambos os combustíveis em fevereiro e depois de a petroleira estatal ter sofrido com temores do mercado sobre possíveis interferências políticas na sua prática de preços.

Após uma reunião convocada por Bolsonaro no início do mês para discutir combustíveis, Castello Branco disse que o presidente nunca interferiu em políticas de preços da empresa.

Composição dos preços

A Petrobras tem buscado reforçar que sua política segue alinhada aos preços ao mercado internacional e é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras.

Bolsonaro disse na quinta-feira que não pode e “nem iria interferir na Petrobras”, acrescentando em seguida: “Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar alguma coisa, vai acontecer.”

A isenção de impostos é mais um dos acenos que o governo tem feito aos caminhoneiros, uma categoria que vem sendo contemplada com decisões favoráveis do presidente. Integrantes da categoria ameaçaram com uma greve no início do mês, mas o movimento não ganhou adesão.

Bolsonaro defendeu também na quinta-feira novamente a aprovação de um projeto, enviado pelo governo ao Congresso na semana passada, que tem por objetivo reduzir a volatilidade na alíquota do ICMS que incide sobre combustíveis.

Também disse que o governo prepara um decreto para obrigar os postos de combustíveis a divulgar qual o percentual de custos de cada um dos tributos na composição do insumo para venda ao consumidor.

A decisão do aumento de preços da Petrobras, de outro lado, foi bem recebida pelo mercado, com especialistas dizendo que o reajuste levou os preços de volta ou próximos da paridade de importação, o que evitaria perdas para a companhia.

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