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Negócios

CEO da Vamos: ‘Nosso modelo de negócio veio para ficar’

‘Queridinha’ dos investidores institucionais, locadora foi a empresa a fazer IPO em 2021 com o melhor desempenho na B3; ações valorizaram 78%.

Apesar de um IPO restrito a “tubarões do mercado” (investidores institucionais e qualificados), nada impediu que a Vamos (VAMO3) fosse a empresa com melhor desempenho na bolsa a abrir capital em 2021. Segundo dados da Economatica Brasil, até 29 de dezembro, a locadora de caminhões e equipamentos teve um retorno de 78% desde que estreou na bolsa em janeiro. No mesmo período, o Ibovespa caiu 12,43%.

Entre as 45 companhias que fizeram oferta pública de ações este ano, apenas 11 fecharam no positivo, lideradas pela Vamos.

Mas a “festa” dos bons retornos ainda é limitada para o pequeno investidor. A empresa, que abriu capital com esforços restritos, só pode ser negociada por investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investidos) e institucionais. Apenas em julho de 2022, 18 meses após seu IPO, os papéis VAMO3 poderão ser negociadas por qualquer investidor.

Apesar disso, a companhia já ganha seu espaço no mercado brasileiro, bastante inexplorado quando o assunto é aluguel de caminhões, carro-chefe da Vamos.

Enquanto países como os Estados Unidos apresentam de 20% a 25% da sua frota total de caminhões alugada, no Brasil este mercado representa apenas 1%. “Isso é uma grande oportunidade para continuarmos crescendo em um ritmo acelerado”, afirma Gustavo Couto, CEO da Vamos, em entrevista ao InvestNews.

Esta entrevista faz parte do quadro do InvestNews CEO Responde, que traz cinco perguntas sobre as principais dúvidas do mercado sobre negócios de capital aberto. Confira o que já foi publicado:

  • CEO da PDG: após recuperação, cautela é a palavra de ordem
  • CEO da Oncoclínicas: troca de liderança levará companhia a um próximo nível
  • CEO da Wiz: novos parceiros vão fortalecer receita após saída da Caixa
  • CEO da Kepler: Nosso grande desafio é reduzir o déficit de armazenagem agrícola
  • CEO da Orizon revela planos de triplicar tamanho da empresa
  • CEO da Locaweb: ‘Nosso caixa vai só para aquisições e isso é um privilégio’
  • CEO da Movida: fusão de concorrentes facilita nosso plano de expansão

InvestNews – No Brasil, apenas 1% da frota total de caminhões é alugada. Um mercado muito inexplorado. De que forma isso facilita o crescimento da Vamos?

Gustavo Couto – Eu brinco que quem fizer conta em algum momento vai se tornar cliente da Vamos. Olhando para o fluxo de caixa de 5 anos, por exemplo, quando você compara o custo de compra e manutenção de um caminhão com o aluguel dele, em 5 anos teria uma economia de até 29%.

Então o primeiro aspecto que é importante entender: é mais barato alugar. E quando a gente traz isso para os nossos clientes potenciais, eles começam a optar pelo aluguel. Isso é um desafio porque o Brasil tem uma cultura muito forte da propriedade.

Durante 10 anos eu trabalhei como diretor de logística em outra empresa e não sabia que era possível alugar um caminhão, isso não era muito difundido. Por esse motivo, a Vamos tem investido na área de marketing, levando isso ao conhecimento dos clientes, aumentado a equipe comercial, desenvolvido canais digitais para nos aproximar de clientes potenciais.

Apresentamos os benefícios da locação e convertemos clientes naturalmente quando eles dão a oportunidade.

Isso geralmente ocorre em duas situações: a primeira é quando um cliente está passando por uma fase de crescimento ou expansão dos negócios e por meio do aluguel tem a oportunidade de expandir a sua frota com equipamentos modernos e novos e melhorar a alocação do seu capital.

Ele libera o fluxo de recursos para o investimento principal dele, tais como uma abertura de loja, e não precisa alocar capital em um ativo móvel como um caminhão, por exemplo.

E a segunda situação é quando o cliente tem uma frota que precisa ser modernizada, mas com redução de custos. Como comentei, ao alugar ele economiza 30% no fluxo de caixa de até 5 anos.

Então, é desta forma que conseguimos desenvolver um modelo de negócios ainda pouco explorado, 1% do Brasil aproximadamente, e isso é uma grande oportunidade para continuar crescendo em ritmo bastante acelerado.

IN$ – O principal motor de crescimento da Vamos em 2022 deve ser orgânico. Como ele vai acontecer?

Gustavo Couto Hoje a frota da Vamos é de 23 mil equipamentos. Do total da frota, 80% é de caminhões, mas também temos cavalos mecânicos, máquinas agrícolas, linha amarela e empilhadeiras.

Temos um plano bastante audacioso de chegar a 100 mil equipamentos até 2025. E estamos ligeiramente adiantados nesse objetivo.

Anunciamos um Capex líquido contratado (investimento em ativos para a companhia) de R$ 2,8 bilhões até setembro, o que dá para você uma ideia de com a gente espera o ritmo de crescimento orgânico para os próximos trimestres.

Existe uma grande oportunidade no Brasil, o mercado está aí e a oportunidade é real. A frota brasileira de caminhões tem em média 21 anos de idade, é ineficiente e precisa ser renovada, modernizada.

Nesse contexto, temos investido em aumentar a nossa capilaridade comercial, contratando e treinando uma equipe comercial que está cada vez mais espalhada pelo Brasil em regiões onde a gente tem oportunidade de apresentar o nosso modelo de negócios aos clientes.

Outro fator importante são os canais digitais. Usamos inteligência de mercado e big data para conseguir chegar mais rápido aos clientes, acelerando a conversão deles.

A Vamos também tem um sistema de vendas indireto, por meio de agentes autônomos, é o programa “Meu Negócio Vamos”, uma oportunidade para os profissionais que estão em contato direto com frotistas, por exemplo, vendedores de pneu, peças, mecânicos. Eles recomendam a Vamos para os seus clientes e, se conseguirmos fechar o negócio, a gente premia com uma bonificação aquele profissional que nos ajudou a conquistar o cliente.

Esperamos potencializar o crescimento da companhia por meio desses agentes autônomos e aumentar a nossa capitalidade comercial.

O crescimento orgânico também envolve abertura de lojas concessionárias. Estamos inclusive abrindo no centro oeste brasileiro, na BR 163. Essas novas lojas vão ser muito importantes para a nossa estratégia de expansão no agronegócio.

É importante destacar que essas lojas não são de locação, são lojas concessionárias. Temos algumas para a linha amarela (máquinas pesadas voltadas principalmente para o setor de construção civil), estamos abrindo mais algumas, e também na linha verde (equipamentos de uso agrícola).

Hoje estamos com 52 lojas concessionárias e devemos chegar próximo das 60 em 2022, segundo o nosso plano de rede.

IN$ – Para 2022, o Conselho da Vamos aprovou um Capex líquido entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,8 bilhões. Em quais investimentos será utilizado o recurso? Inclui os recursos do caixa da Vamos e R$ 1,098 bilhão do follow-on?

Gustavo Couto Mais de 99% desse investimento é orientado para compra de novos equipamentos, caminhões e máquinas que serão alugadas.

Desde 2020, a Vamos vem se antecipando e fazendo a aquisição das máquinas e caminhões que estamos alugando no dia-a-dia das nossas operações. Isso garante para a gente maior disponibilidade, melhor nível de serviço para os clientes e que consigamos atingir os objetivos de crescimento com naturalidade.

Para você ter uma ideia, nós já fizemos a aquisição das máquinas e equipamentos, é praticamente tudo o que a gente precisa para o ano de 2022, para atingir o nosso plano de crescimento.

Sobre o nosso fluxo de caixa, a Vamos está preparada para suportar o ano de 2022 e o plano de Capex (investimento em ativos para a companhia) de até R$ 4,8 bilhões anunciado.

Até o terceiro trimestre de 2021, o nosso caixa era de R$ 1,9 bilhão e já era suficiente para cobrir os nossos compromissos e dívidas até 2026.

Além do recurso, fizemos algumas captações adicionais. Dentro desse caixa, a gente considera os recursos do IPO (oferta pública inicial de ações) e o follow-on.

Quando fizemos IPO, nós tínhamos um plano de crescimento preparado pela companhia, o que acelerou o nosso ritmo e fez com que superássemos a expectativa dos investidores. Foi por esse motivo que decidimos antecipar o nosso follow-on.

As pessoas até brincam comigo: “IPO e follow-on no mesmo ano, não é comum de se ver”. Mas isso foi graças a preparação que a Vamos fez, nos preparamos ao longo de anos anteriores e quando recebemos os recursos do IPO conseguimos repor o ritmo de crescimento, antecipamos o follow-on e podemos continuar acelerando o nosso crescimento.

IN$ – O segmento de empilhadeiras é oportunidade de crescimento para a Vamos?

Gustavo Couto- A locação de empilhadeiras é um mercado mais desenvolvido, a cultura de alugar empilhadeira já existe no Brasil.

Há muitos anos a Vamos tem vontade de ampliar o nosso portfólio, com máquinas, equipamentos e serviços que permitam ao nosso cliente ter apoio integrar nas suas necessidades.

Do lado de um caminhão você encontra sempre uma empilhadeira e do lado da empilhadeira sempre terá um caminhão. A complementariedade do portfólio é muito importante para nós.

A locação de empilhadeiras é algo que a Vamos sempre fez e estamos crescendo. Recentemente adquirimos a HM Empilhadeiras, pendente da aprovação do Cade, que vai acelerar o desenvolvimento dessa oportunidade dentro da Vamos.

O setor de empilhadeiras é um setor estratégico em que a Vamos pretende crescer bastante nos próximos anos.

Acreditamos que com essa aquisição já somos a maior locadora de empilhadeiras do Brasil. A Vamos ultrapassa 1 mil empilhadeiras alugadas, a maior parte delas são elétricas. Com a aquisição da HM, esperamos ultrapassar a marca de 4 mil empilhadeiras.

IN$ – Recentemente, uma corretora apontou a Vamos como a preferida dos “tubarões” (investidores institucionais). Vocês têm poucos investidores pessoa física. Como conquistar a simpatia deles também?

Gustavo Couto A gente vê isso com naturalidade. Nós não trabalhamos objetivando prêmios ou nos tornar “queridinhos”, o que a gente procura fazer aqui é trabalhar com muita transparência.

Estamos felizes que recebemos em 2021 um prêmio de Empresa Transparente, isso para nós é sinal de que estamos no caminho certo, ou seja, é importante sermos transparentes com os nossos clientes e investidores para que possam confiar naquilo que a gestão está fazendo.

Na medida em que a gente se torna conhecido, é provável que os pequenos investidores sintam a confiança para investir na Vamos (VAMO3).

É natural neste momento que a gente vive, de cenário incerto na economia e aumento de taxa de juros, que investidores de menor porte voltem para renda fixa e saiam um pouco da volatilidade de bolsa.

O mais importante é a gente manter a consistência daquilo que temos feito com muita disciplina de execução. Isso é fundamental e nisso temos trabalhado bastante para que sejamos consistentes com o que compartilhamos, no plano com os nossos acionistas e de maneira pública para que possamos continuar merecendo a confiança deles.

Quem conhece um pouco mais da Vamos já percebeu que o nosso modelo de negócio veio para ficar. E, naturalmente, os investidores de menor porte, na medida em que o tempo passa e essa consistência na entrega de resultados de forma sustentável aconteça, vão se interessar em acompanhar a Vamos e depositar seus investimentos em nós.

Então, é dessa maneira que imaginamos que no longo prazo, cada vez mais acionistas se juntarão à nossa base.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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