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Negócios

Investidor e cientista chileno mira em ativos ligados à saúde no Brasil

Fundo de venture capital acompanha empresas da América Latina, apostando na biotecnologia como a próxima ‘bola da vez’.

A Inteligência Artificial (IA) roubou a cena no mercado financeiro no primeiro semestre deste ano, em especial com o surgimento do Chat GPT e a marca simbólica de US$ 1 trilhão alcançada pela Nvidia (NVDA), juntando-se ao seleto grupo de gigantes que formam a sigla FATAMG (Facebook, Apple, Tesla, Amazon, Microsoft e Google). Esse desempenho mostrou que cada vez mais a tecnologia e os investimentos andam juntos.

A dúvida, então, é saber qual deve ser a próxima área ligada às inovações científicas que tende a despontar no mundo dos negócios e das finanças. Para o investidor e cientista chileno, Cristián Hernández, as oportunidades não devem se restringir a apenas um segmento, como saúde ou agricultura, mas estão sim ligadas a um conceito, voltado à vida.

Cristián Hernández, sócio-fundador da Zentynel (Foto: Divulgação)
Cristián Hernández, sócio-fundador da Zentynel (Foto: Divulgação)

Sócio-fundador da Zentynel, um fundo de venture capital focado em biotecnologia na América Latina, Hernández fala da sua visão estratégica que vê a biologia como tecnologia capaz de resolver grandes problemas relacionados à vida humana, da fauna e da flora. 

“A saúde é um universo em si. O ramo é enorme e as inovações na área podem ser aplicadas tanto em seres humanos quanto em animais e nas plantas, pensando nos atributos saudáveis dos alimentos, na questão energética e nos desafios climáticos”, explica em entrevista ao InvestNews

One health

Para ele, quando a gestão dos ativos biotecnológicos se tornar “super famosa”, talvez daqui a algumas décadas, o denominador comum desses negócios será o de “uma saúde” (one health). “É um conceito que combina a saúde do planeta, dos animais, dos humanos, das plantas e do que comemos”, explica.  

E tudo isso pode ser conectado através da chamada biotech, com o setor ganhando representatividade, à medida que as empresas também tendem a ganhar valor de mercado. Porém, o investidor e cientista chileno lembra que, quanto maior o problema que se consegue resolver através do uso da tecnologia, maior é o preço.

“Está claro que agora estamos pegando a onda da informação tecnológica computacional e estamos apenas começando a surfar a onda da biotecnologia. É natural, devido aos desafios e complexidade, que o mercado financeiro e a sociedade levem tempo para ajustar a mentalidade sobre esses investimentos, mas o futuro parece brilhante”, prevê.

Os planos ambiciosos

A Zentynel já possui o primeiro fundo de capital de risco em biotecnologia da América Latina, o Zentynel Frontier Investments, focado nesses tipos de ativos na região. O fundo tem aproximadamente US$ 16 milhões em recursos, mas prevê novos aportes com investidores privados para chegar a US$ 25 milhões até 2024.

Além disso, Hernández prevê a criação de um novo fundo, maior que o atual, até o segundo semestre do próximo ano, que deve atingir a marca de US$ 100 milhões. Ao mesmo tempo, ele investe em nove projetos de startups, de modo a fornecer o capital necessário para acelerar o desenvolvimento das descobertas científicas.

A expectativa da gestora é captar uma parte do fundo com os investidores que já apostaram na gestora em seu produto de estreia, o Zentynel Frontier Investments. Entre os sócios do primeiro veículo, estão a Spectra e o fundo de private equity mexicano Capital Mazapil.

De olho no Brasil

Atualmente, o fundo da Zentynel investe em três health techs brasileiras. São elas: a Autem Therapeutics, que desenvolve tratamento avançado para pacientes com câncer; a ISA Lab, plataforma digital de serviços aos pacientes; e a Harmony Baby Nutrition, que inova na indústria da nutrição infantil, desenvolvendo fórmulas para substituir alimentos tradicionais.

Biotecnologia (Foto: Chokniti Khongchum por Pixabay)
Biotecnologia (Foto: Chokniti Khongchum por Pixabay)

São, portanto, investidas com importantes atuações na área da saúde e da biotecnologia. Porém, Hernández explica que não se trata apenas de financiar startups brasileiras, mas também cientistas do país, dentro ou fora do Brasil, que estão montando seus negócios em busca de soluções para problemas massivos do país e do mundo.

Aliás, o investidor chileno está à procura da décima empresa, que, inclusive, tem chances de também ser brasileira. 

“Já temos um fundo que investe em biotecnologia na América do Sul e o Brasil tem uma proporção maior de oportunidades”

Cristián Hernández, Sócio-fundador da Zentynel

Hernández avalia que as possibilidades no Brasil estão voltadas, especificamente, nos segmentos de cuidado com a saúde e na agricultura, nos quais o país é mais forte, em termos de desenvolvimento e competitividade. “O que não é o caso em outros países na América Latina”, pondera. 

Para ele, o mercado brasileiro é altamente estratégico, não só para a América Latina, mas para o mundo como um todo, devido ao volume significativo de inovações biotecnológicas, o que se alinha à busca de interesses para seus investimentos. Por estar entre as prioridades, ele já direcionou 70% dos seus aportes em projetos no país. 

Por isso, durante sua estadia no Brasil por cerca de uma semana, em meados de outubro, Hernández ficou de olho no mercado de biotecnologia, em busca de projetos com potenciais impactos sociais. Mesmo assim, ele reservou um espaço na agenda para falar sobre investimentos inovadores e seus insights sobre tendências da biotecnologia.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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