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Lucro da Petrobras no 2º tri supera expectativas do mercado em até 34%

Companhia registrou lucro líquido de R$ 54,3 bilhões, alta de 26,7% ante o mesmo período de 2021.

O lucro líquido do segundo trimestre deste ano reportado pela petroleira Petrobras (PETR3 PETR4) na noite da véspera veio acima das previsões de Eleven, BTG Pactual, Ativa Investimentos e Itaú BBA. Somente a XP Investimentos esperava um desempenho melhor para o período.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma alta de 26,7% ante os R$ 42,8 bilhões reportados em igual período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o avanço foi de 21,6%. Em dólar, a quantia somou US$ 11 bilhões.

A receita líquida da companhia cresceu 54% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, para R$ 170,9 bilhões. A alta no preço do petróleo brent, além dos maiores volumes de vendas de derivados e de petróleo contribuíram para o bom desempenho.

Dividendo recorde da Petrobras chama atenção

Mas não foram só os números do balanço que chamaram a atenção do mercado. A petroleira também informou que seu conselho de administração aprovou o pagamento recorde de R$ 87,8 bilhões em dividendos, o que representa R$ 6,732 por ação, ou 21% de rendimento (dividend yield) com base no preço atual das ações.

A geração de caixa operacional de R$ 71,8 bilhões aliada à entrada de R$ 32,3 bilhões provenientes da venda de ativos e da assinatura do acordo de coparticipação dos campos de Sépia e Atapu, junto a outras companhias, fizeram com que a companhia anunciasse o dividendo histórico e acima do esperado pelo mercado. O Itaú BBA, por exemplo, esperava um dividend yield de 15%.

Vale reiterar que a política de remuneração aos acionistas da companhia prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a empresa poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis.

Petrobras finalizou o segundo trimestre de 2022 com uma dívida líquida de US$ 34,4 bilhões, queda de 35,3% ante o mesmo intervalo do ano passado.

Compare o lucro reportado pela Petrobras e as estimativas do mercado

Casa de análisePrevisão de lucro para para o 2º trimestreDiferença entre o lucro reportado e o projetado (em %)
ElevenUS$ 8,234,2%
BTG Pactual R$ 40,4 bilhões34,5%
Itaú BBAUS$ 8,078 bilhões (R$ 45,5 bilhões)13,3%
Ativa Investimentos R$ 33,7 bilhões33,3%
XP Investimentos US$ 12,2 ( R$ 63,3 bilhões)-9,7%

Eleven

Ao apontar que os resultados de Petrobras vieram acima de suas estimativas, Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, analistas da Eleven, lembraram que houve uma mudança da dinâmica de exportações de petróleo da companhia, já que as exportações russas que anteriormente abasteciam a Europa foram destinadas ao mercado indiano e chinês. “Dessa forma, a Petrobras direcionou maiores volumes à Europa e à América Latina”, escreveu a dupla.

Além disso, os analistas pontuaram que os “sólidos resultados financeiros” se devem ao bom momento da indústria de petróleo, com preços crescentes e demanda aquecida, além da
continuidade da política de preços e a estratégia da companhia em focar nas operações principais e atuar na venda dos ativos que não fazem parte de sua atividade principal.

Sobre a decisão de reduzir o preço da gasolina para as distribuidoras, conforme o anúncio feito pela estatal nesta semana, os analistas da Eleven afirmaram que a decisão está alinhada à redução dos preços de paridade de importação (PPI), que vem ocorrendo desde meados de junho. Por outro lado, apontam preocupações pela frente. “Apesar dos excelentes números reportados, acreditamos que há grande incerteza sobre a política de preços da companhia, principalmente em uma possível troca de governo, e com isso seguimos com nossa recomendação neutra para o papel”.

Itaú BBA

Na análise de Monique Greco e Eric de Mello, analistas do Itaú BBA, os resultados da Petrobras no segundo trimestre foram mais fortes do que o esperado.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda na sigla em inglês) ajustado recorrente de US$ 20,2 bilhões ficou 6% acima das estimativas da casa que era de US$ 19,1 bilhões.

O Ebitda reportado para os segmentos de exploração superou suas expectativas em 11%, enquanto o refino registrou montante 18% acima do projetado.

Além disso, a equipe do banco afirmou que o dividendo do trimestre “roubou” mais uma vez a cena e que o pagamento de R$ 6 e R$ 7 por ação implica um dividend yield (rendimento por ação) de aproximadamente 21%, acima da estimativa já otimista do banco de investimento que era de 15%.

BTG Pactual

Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, avaliaram que a Petrobras apresentou resultados muito fortes combinados com um anúncio de dividendos “sem precedentes”. O valor dos proventos também superou as estimativas do banco de investimento, com rendimento por ação entre 19% e 21%. “Com base em sua política de pagamento, nós estimamos dividendos relacionados ao segundo trimestre de R$ 35 bilhões, o que significa que a Petrobras trouxe um adicional de R$ 53 bilhões”.

Embora a dupla afirme que o pagamento de dividendos comprove a capacidade de criação de valor da companhia, bem como o plano de recuperação iniciado em 2016, eles aconselham uma dose de cautela. “Com a aproximação das eleições presidenciais, pode aumentar o risco de mudanças no posicionamento estratégico da Petrobras e uma possível interrupção nos pagamentos de dividendos, o que pode pesar sobre o desempenho das ações”, esclareceram os analistas.

O Ebitda ajustado da petroleira também superou as previsões da casa em 8%. Os analistas reiteram em relatório que o número acima do esperado veio do segmento refino, que registrou um ganho de estoque de R$ 7,5 bilhões.

Ativa Investimentos

Para a equipe da Ativa Investimentos, a Petrobras registrou números bastante fortes no período. Em exploração e produção, a valorização do brent compensou os menores volumes e o aumento no lifting cost (custo de extração). No refino, os maiores volumes possibilitaram a obtenção de sólidos resultados.

Já em gás e energia, a redução da demanda termelétrica diminuiu a necessidade de importação, o que ajudou a reportar margens positivas após dois trimestres no campo negativo.

“Destacamos ainda a obtenção de uma geração de caixa operacional de R$ 71,8 bilhões, o que possibilitou um avanço de 57% no comparativo trimestral no fluxo de caixa livre da companhia, que utilizou tais recursos aliados à entrada de R$ 32,3 bilhões provenientes da venda de ativos e da assinatura do acordo de coparticipação dos campos de Sépia e Atapu para anunciar a distribuição de R$ 6,73 por ação em dividendos”.

Os analistas pontuaram ainda que mesmo com a forte distribuição, a Petrobras terminou o trimestre com uma alavancagem de 0,6 vezes e uma posição de caixa superior à registrada no primeiro trimestre de 2022, “evidenciando que a distribuição não prejudica a sua estabilidade financeira”.

Safra

O Safra salientou que a companhia apresentou “excelentes” resultados no período impulsionados por maiores preços de petróleo e gás natural, maiores embarques de derivados e menores importações de GNL.

O Ebitda ajustado ficou 8% acima da projeção da casa, refletindo resultados operacionais de exploração & produção (E&P) melhores do que o esperado e uma recuperação de gás e energia maior do que o previsto pelo Safra.

“Reiteramos nossa recomendação de compra diante da expectativa de continuidade de resultados positivos e boa geração de caixa, que acreditamos se traduzir em retornos de dividendos atrativos aos acionistas”, escreveu a casa.

XP Investimentos

André Vidal, da XP Investimentos, escreveu que enquanto no último trimestre, a Petrobras superou as estimativas de Ebitda principalmente em razão de efeitos no efeito do giro de estoque, desta vez, a companhia superou os números em vários aspectos, mas principalmente na margem Ebitda acima do previsto para Refino, Transporte e Comercialização (RTC) e Gás & Energia (G&E) 

O Ebtida ajustado de US$ 20 bilhões ficou 23% acima das previsões da casa, puxada por uma margem EBITDA melhor do que o esperado para RTC (de 15%, contra 13% previsto pela XP) e de G&E (18% versus queda de 2% calculada pela XP).

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