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Margem Equatorial deve levar anos para se traduzir em valor para Petrobras

Avaliação é de analista após estatal obter permissão do Ibama para realizar atividades de exploração na região.

A permissão concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Petrobras (PETR3, PETR4)  para realizar atividades de exploração na Margem Equatorial traz grandes expectativas, mas é só o começo para a estatal, que tem um longo caminho a percorrer. A avaliação é de Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research.

Casa entre rios próximos à foz do rio Amazonas, no litoral do estado do Amapá 31/03/2017 REUTERS/Ricardo Moraes

O Ibama confirmou nesta segunda-feira a emissão de licença ambiental para que a Petrobras realize duas perfurações de poços exploratórios de petróleo e gás em águas profundas da Bacia Potiguar, na Margem Equatorial, informou o órgão.

A autorização, com validade de dois anos, substituiu uma licença expirada que a companhia havia obtido em 2013 para perfurar os poços Pitu Oeste e Anhangá nos blocos BM-POT-17 e POT-M-762, disse o órgão ambiental federal. A estatal planeja iniciar a perfuração neste mês.

“A estatal está começando essas perfurações mais no lado da operação de exploração, de tentar encontrar poços e campos que são comercialmente viáveis para a Petrobras fazer a produção comercial e, aí sim, ter todo um processo de aprovações até conseguirem chegar em um momento operacional para fazer a produção comercial desses campos. Tem um caminho bem longo”

Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research

O analista da destaca que tanto a Petrobras quanto o governo têm uma expectativa bem grande em relação à região, chamada de “novo pré-sal“. “Para a companhia, o pré-sal deu um salto relevante em relação à produtividade da Petrobras. Então, existe uma expectativa bem grande, mas isso é só o começo”, diz Vaz.

Perfuração na região

Em nota, a Petrobras esclareceu que recebeu, na sexta-feira (29), a Guia de Recolhimento do Ibama, que precede a emissão da licença ambiental. Ela permite a perfuração de dois poços exploratórios no bloco marítimo BM-POT-17, em águas profundas da Bacia Potiguar.

“O primeiro poço será perfurado a 52 km da costa. A previsão é receber o documento na segunda-feira, após conclusão de procedimentos administrativos para sua liberação”, diz a petrolífera.

A Margem Equatorial abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, entre elas a Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, cuja licença para prospecção marítima foi negada em maio deste ano e gerou debates públicos sobre a exploração da região. Na ocasião, o Ibama alegou que a decisão foi tomada “em função do conjunto de inconsistências técnicas” para uma operação segura em nova área exploratória.

Comunidade às margens de pequenos rios na foz do Amazonas, no Amapá 31/03/2017 REUTERS/Ricardo Moraes

A Petrobras informou que, em cinco anos, pretende perfurar 16 poços exploratórios na Margem Equatorial. O investimento previsto para a região é de cerca de US$ 3 bilhões, direcionado para projetos de pesquisa e investigação do potencial petrolífero da região. 

“As novas fronteiras brasileiras são essenciais para a garantia da segurança e soberania energética nacional, num contexto de transição energética e economia de baixo carbono”

Petrobras, em comunicado

Na sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que estudos internos da Petrobras mostram que um único bloco na Margem Equatorial, na região amazônica do Amapá, pode conter reservas de mais de 5,6 bilhões de barris de petróleo.

Impactos para a Petrobras

Vaz aponta que, hoje, o mercado não consegue colocar valor nessa operação, pois se tem um risco exploratório ainda relevante até se materializar, por tudo estar muito no começo.

Ainda de acordo com o analista da Nord Research, quando a Petrobras começar a mostrar que comercialmente esses campos são viáveis, e o tamanho das reservas, o mercado conseguirá dar um valor e aí, sim, poderá ser visto um impacto mais significativo para a estatal.

“Hoje é muito difícil colocar a Margem Equatorial no preço da Petrobras. Ela tem a maior parte dos blocos, cerca de 17, acaba sendo a empresa que consegue tirar maior vantagem desse potencial, mas ainda está bastante incipiente. A gente ainda tem alguns anos até conseguir, realmente, ver em que a Margem Equatorial vai se traduzir em valor e produção para Petrobras”.

Reflexos nas ações?

Nesta segunda-feira (2), primeiro dia de negociação na bolsa de valores brasileira após o anúncio da liberação pelo Ibama para Petrobras poder realizar perfurações exploratórias na região, as ações da estatal recuaram.

No dia, o papel PETR4 caiu 1,50%, a R$ 34,12, e a ação PETR3 recuou 1,90%, a R$ 37,17.

Logo da Petrobras no prédio da empresa no Rio de Janeiro 17/07/2023 REUTERS/Ricardo Moraes

Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os papéis da estatal operam no vermelho em meio a um dia marcado pela queda do petróleo e humor negativo na bolsa brasileira, refletindo o exterior.

“O dia é bem negativo para a principal commodity produzida pela Petrobras. Além disso, a bolsa brasileira está em queda expressiva, com realização de lucros, taxa de juros em alta, curva de juros em alta, desvalorização cambial. Dirigentes do Federal Reserve estão falando que a inflação está elevada, aumentando a percepção de que precise mais juros por lá. Tudo isso ajuda a explicar um pouco esse movimento negativo”, analisa Cruz.

Já Vaz, da Nord, destaca que a notícia da perfuração na Margem Equatorial não está refletindo nos preços da Petrobras nesta segunda por ainda ser algo que está bastante incipiente.

Atenção com demais passos

Cruz avalia que a Margem Equatorial traz uma oportunidade de exploração bem grande. Para ele, deve-se ter uma quantidade de barril de petróleo relevante para essa região e, em termos de royalties, vai trazer recursos bem importantes para regiões pobres do país em torno da Margem Equatorial. Por outro lado, o estrategista-chefe da RB cita alertas com outros negócios da estatal.

“As iniciativas da Petrobras em entrar em energia eólica e em outros tipo de fonte de energia têm que ser revistas, para ver se não vai sobrecarregar o sistema, se não vai existir algum tipo de problema na execução; se vão voltar a investir totalmente em refinarias, se não vai privatizar mais nada, se o setor privado entrar com concorrência…”, destaca Cruz.

(*Com informações de Reuters e Agência Brasil)

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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