O preço do petróleo caiu mais de 6% nesta terça-feira (15), para o menor nível em quase três semanas. Isso porque a continuidade das negociações entre Rússia e Ucrânia aliviaram os receios sobre a oferta da commodity, enquanto o aumento dos casos de covid-19 na China gerou preocupações com a demanda.
O Brent despencou US$ 6,99, ou 6,5%, fechando a US$ 99,91 o barril, enquanto o petróleo nos EUA (WTI) caiu US$ 6,57, ou 6,4%, a US$ 96,44 o barril. Ambos os contratos fecharam abaixo de US$ 100 por barril pela primeira vez desde o final de fevereiro.
O preço do petróleo Brent chegou a ser negociado a US$ 97,44 durante a sessão de terça-feira e o WTI atingiu US$ 93,53, a mínima desde 25 de fevereiro.
Alta do petróleo perdendo força
A baixa da cotação do barril de petróleo nesta terça veio após a Rússia anunciar que recebeu garantias por escrito de que pode realizar seu trabalho como parte do acordo nuclear com o Irã, sugerindo que o governo russo poderá permitir o renascimento do pacto de 2015.
Ao mesmo tempo, um negociador ucraniano disse que as conversas com a Rússia sobre um cessar-fogo e a retirada de tropas russas da Ucrânia estão em andamento.
As semanas anteriores foram marcadas por petróleo em alta, com a cotação do barril chegando a acumular um avanço de mais de 36% desde a invasão da Rússia pela Ucrânia. Isso porque a Rússia, um dos principais exportadores do mundo, recebeu sanções que incluem o petróleo do país, o que gerou temores sobre uma diminuição no mercado internacional.
O avanço tem elevado as preocupações com a inflação por causa do preço do combustível em diversos países, incluindo o Brasil.
Mas, desde que a cotação do petróleo atingiu máximas de 14 anos, o Brent perdeu quase US$ 40 e o WTI caiu mais de US$ 30.
“As commodities se desvalorizaram devido à esperança de avanço nas conversas entre Rússia e Ucrânia, mas agora com o ressurgimento de um ‘antigo’ foco de preocupação, diante dos potenciais reflexos de lockdowns na China, visto que há preocupações de que novos surtos de covid-19 na região possam comprometer o ritmo de retomada econômica do país”, resume Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA.
Preço do combustível
Apesar do recuo da cotação do barril de petróleo nos últimos dias, o brasileiro não deve sentir um alívio no bolso por enquanto. É o que comenta o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
“Apesar da forte queda nos últimos dias, basta lembrar que não faz pouco tempo este mesmo contrato do Brent era cotado a US$ 139. Não devemos ver recuo de preços no país, uma vez que há ainda alguma diferença entre os preços domésticos e externos”, explica.
“Se fizermos uma comparação do valor médio da gasolina no Brasil medido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), dolarizarmos a série e compararmos com o contrato genérico do Brent, vemos ainda uma grande diferença. Numa janela de um ano, a gasolina subiu no Brasil 29,3% em dólares, e o barril referência subiu 44% – contando aí a queda recente”, descreve o economista. “Esta é uma aproximação da paridade do barril fora do país e os preços internos, podendo variar da metodologia de cálculo da Petrobras, mas que nos dá uma noção de grandeza.”
Veja também
- Qual é o preço da gasolina no mundo? Veja posição do Brasil em ranking
- Guerra não impacta decisões do Fed e Copom sobre juros agora, dizem economistas
- Com alta da gasolina e do petróleo, como ficam as ações das petroleiras?
- Por que as pessoas são enganadas por golpistas como o do Tinder?
- Como declarar venda de veículo no Imposto de Renda? Veja 5 dicas
* com informações da Reuters