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Fusões e aquisições: queda da bolsa de valores brasileira cria alvos

As empresas mais frágeis são aquelas listadas recentemente na bolsa e que perderam valor de mercado significativo desde suas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), segundo os executivos.

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A grande atividade em torno de fusões e aquisições nas duas primeiras semanas do ano no Brasil surpreendeu os executivos de bancos de investimento.

Com a economia em recessão, inflação a duplos dígitos e a expectativa de uma eleição presidencial polarizada, muitas empresas perderam valor na bolsa e tornaram-se alvos fáceis de aquisição.

“Há muito tempo não via um início de ano com um volume tão alto de fusões e aquisições”, disse Roderick Greenlees, chefe global de investment banking do Itaú BBA.

O índice Ibovespa caiu 17% nos últimos seis meses, e o real perdeu 5% em relação ao dólar, com as preocupações relativas aos riscos macroeconômicos, piora da disciplina fiscal e incertezas eleitorais.

As empresas mais frágeis são aquelas listadas recentemente na bolsa e que perderam valor de mercado significativo desde suas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), segundo os executivos.

As varejistas de móveis Mobly (MBLY3) e Westwing (WEST3), a empresa de programa de fidelidade Dotz (DOTZ3), a companhia de terceirização de serviços Getninjas (NINJ3) e a Oceanpact (OPCT3), de engenharia marítima, perderam mais de 70% do valor desde seus IPOs, no ano passado.

“Há muitas empresas listadas de pequeno a médio porte que teriam dificuldades para acessar os mercados de capitais e levantar mais dinheiro, então as fusões e aquisições são uma alternativa mais confiável ou a única alternativa”, disse Gustavo Miranda, chefe de investment banking do Banco Santander Brasil (SANB11).

O Banco Modal (MODL11), por exemplo, perdeu quase 60% do valor desde seu IPO em abril, e recebeu uma oferta de aquisição da XP este mês.

A discussão entre as empresas de shopping Aliansce Sonae (ALSO3) e BR Malls (BRML3) para uma fusão também ocorrem após queda de mais de 20% das ações de ambas companhias frente a um ano antes. O negócio parece ser motivado pela necessidade de mostrar crescimento e boas notícias aos investidores, mesmo com as dificuldades da recuperação do setor de shoppings.

A BR Malls rejeitou a oferta inicial da Aliansce Sonae, mas as negociações devem continuar. As varejistas Americanas e Marisa Lojas não chegaram a um acordo sobre uma potencial transação no ano passado.

Ricardo Lacerda, presidente-executivo e fundador do banco de investimentos BR Partners (BRBI11), disse que a turbulência recente na bolsa interrompeu planos de empresas recentemente listadas e elas podem ser forçadas a entrar em transações. “Algumas estavam contando com ofertas subsequentes para financiar sua expansão mas não conseguiram captar devido à volatilidade de mercado”, afirmou.

Captar dívida também ficou mais caro para as empresas, com a alta das taxas de juros básicas no ano passado de 2% em março para 9,25% em dezembro.

“Dada a volatilidade que está afetando as ofertas de ações, os volumes de fusões e aquisições em 2022 devem superar os do ano passado,” afirma Hans Lin, co-head de investment banking do Bank of America (BOAC34) no Brasil. No ano passado, fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras atingiram US$ 101,6 bilhões, 152% acima de 2020.

Novas ofertas

Os executivos de bancos preferem não estimar o volume de ofertas de ações este ano, mas vários esperam que os montantes caiam em relação ao ano passado.

As ofertas de ações levantaram US$ 26,2 bilhões no ano passado, ligeiramente abaixo dos volumes de 2020 em dólares, mas o número de negócios aumentou 17%, para 78 ofertas.

“Tivemos no ano passado recorde em ofertas de ações, mas 2022 não será tão forte para as emissões como resultado da volatilidade macroeconômica e política”, disse Greenlees, do Itaú.

Algumas empresas já anunciaram planos para ofertas subsequentes, como a processadora de alimentos BRF (BRFS3) e a petroquímica Braskem (BRKM5). Também é esperada para junho a privatização da Eletrobras (ELET4ELET6).

Os executivos acreditam que as operações de follow-on serão mais comuns do que IPOs este ano, com os investidores preferindo ativos conhecidos durante períodos voláteis.

“Dependendo da recepção às ofertas subsequentes, o sentimento dos investidores pode melhorar e potencialmente permitir alguns IPOs,” disse Eduardo Miras, chefe da área de banco de investimento do Citi.

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