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Negócios

Varejo deve ser destaque negativo entre os balanços do 1º trimestre de 2023

Essa é a expectativa de analistas; enquanto isso, setor de commodities gera dúvidas.

As varejistas que têm ações negociadas na B3 devem apresentar resultados ruins na temporada de balanços do 1º trimestre de 2023 que começa nesta semana, enquanto o setor de commodities gera dúvida entre os analistas. A sequência de resultados das grandes empresas da bolsa se inicia nesta quinta-feira (20) com os números da Usiminas (USIM5). 

Em meio ao cenário de juros ainda altos e economia estagnada, especialistas esperam que empresas alavancadas e dependentes do ciclo econômico sigam mostrando fraqueza em seus números. 

“Está difícil achar setores que a gente tenha uma clareza de pontos positivos por agora”, diz Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital. 

“Quando a gente olha no detalhe, setores que estavam sendo impactados negativamente por taxas de juros provavelmente vão sentir ainda nesses próximos balanços. Então, toda a parte de consumo e varejo não é hoje uma expectativa que tenha bons resultados.”

Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital

Da forma semelhante, Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management, acredita que as varejistas devem “apresentar balanços regulares, nada muito diferente dos últimos”.

Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, complementa que o esperado para os números dessas empresas é “redução de volumes e receitas, com lucro impactado para empresas que têm uma alavancagem um pouco maior”. 

Mais impacto dos juros: construção

Construção de prédios residenciais e comerciais no Setor Noroeste em Brasília. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Além de varejistas, outros setores que sofrem impacto negativo da manutenção dos juros em patamares elevados devem seguir apresentando números fracos nos balanços do 1º trimestre. “Isso ainda vale para construção civil”, aponta Lopes. “Então, a grande maioria do setor deve apresentar um pouco de dificuldade de lançamentos”. 

A especialista cita as prévias operacionais já divulgadas pelas empresas, pontuando que “ A MRV (MRVE3) lançou muito pouco, vendeu pouco”, enquanto “a Trisul (TRIS3) conseguiu ter números melhores”. 

“Mas, ainda assim, o todo deve ser com bastante dificuldade devido aos juros altos. As empresas devem provavelmente focar em redução da queima de caixa, isso vai ser bastante importante.”

Setor de commodities gera dúvida

Enquanto para as varejistas o consenso é de que os balanços devem mostrar fraqueza, para as empresas de commodities os analistas se dividem quanto às expectativas. 

Gonçalvez diz que “o setor de materiais básicos – incluindo Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) – deve vir positivo, seguindo uma linha de raciocínio em que o mercado asiático volta a crescer em 2023”.

Duarte, por sua vez, comenta que “a gente teve uma decepção com a produção da Vale, e isso muda um pouco o jogo daqui para frente, porque o cenário não está tão bom como se esperava”. 

Petróleo Petrobras
Visão aérea de uma plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, a P-52 (Foto: REUTERS/Bruno Domingos)

Para as empresas de petróleo, também há dúvidas sobre o que esperar. “Petróleo é uma incógnita pela parte do imposto de exportação para algumas empresas. Então, isso é algo que é difícil tatear como vai ser”, comenta Duarte. 

Já Lopes avalia que, mesmo com a queda da cotação do petróleo Brent, a expectativa é de “crescimento das empresas de petróleo que a gente tem na bolsa, principalmente as empresas menores, porque elas fazem um trabalho de contenção de custos. Então, está muito ligado ao aumento do volume de vendas e redução de custos”. 

Outros destaques

Entre os setores com expectativa positiva, Gonçalvez diz que “o destaque fica para o setor aéreo, que teve boa demanda no início de 2023”. “Podem vir números bons desse setor.”

Já para os bancos, Lopes espera que, se houver crescimento de resultados, ele será “tímido”. “A inadimplência ainda deve aparecer em níveis acima. Trimestralmente a gente já tem visto isso acontecer, todo trimestre eles elevam o percentual de inadimplência, bem como as provisões”, explica a especialista. 

Os últimos números

Em 2022, as empresas de capital aberto no Brasil somaram um lucro de R$ 29 bilhões, uma alta de 5,3% na comparação com o ano anterior, segundo dados do TradeMap. Mas houve variação entre os setores. Para as empresas financeiras, o aumento foi maior, de 13%, para mais de R$ 14,6 bilhões de lucro somado. Já para as demais, o resultado também somou R$ 14,6 bilhões, um aumento de 3,3% frente a 2021.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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