O Ibovespa, principal índice da B3, retomou o ritmo de alta após notícias divulgadas ontem de que uma vacina em desenvolvimento pelo grupo farmacêutico China National Biotec Group (CNBG) foi capaz de imunizar todas as pessoas que receberam a dose. Na primeira etapa 1120 indivíduos conseguiram produzir anticorpos para a Covid-19. O grupo também afirmou ter construído uma fábrica em Pequim com capacidade de produzir até 120 milhões de unidades por ano. Com isso, o Ibovespa fechou em alta de 2,03% aos 95.735 pontos nesta segunda-feira (29).
A expectativa de recuperação econômica foi na contramão de prognósticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontou que a pandemia estava longe de ter um fim e que “o pior ainda está por vir”. Neste domingo (28) a pandemia chegou a 500 mil mortos e 10 milhões de infectados.
Nos EUA, a reação dos investidores foi semelhante. Os índices subiram apesar do aumento de casos de coronavírus em Texas, Florida e Arizona. O Dow Jones valorizou 2,32%, enquanto o S&P 500 subiu 1,47% e o Nasdaq avançou 1,2%.
Indicadores econômicos da China e EUA também puxaram alta do Ibovespa. A economia americana mostrou recuperação na venda de imóveis, que teve alta de 44,3% em maio. Na China, a indústria também mostrou sinais de recuperação. Empresas do setor cresceram 6% em maio, comparado com o mesmo período em 2019, segundo levantamento do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS).
Enquanto as commodities avançaram, o dólar caiu com todos os sinais no exterior. O dólar comercial fechou em queda de 0,73%, cotado a R$ 5,425. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,465.
Na semana passada, o Ibovespa encerrou com queda acumulada de 2,83%. No cenário político, deve repercutir ainda nesta semana o depoimento de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, acusado pelo esquema da “rachadinha”. Ele foi preso no dia 18 de junho.
Ainda no debate político o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia tenta negociar com o centrão uma alternativa para votar a PEC que adia as eleições municipais para novembro. A proposta é adiar o primeiro turno para 15 de novembro e o segundo para dia 29 do mesmo mês. As datas oficiais são 4 e 25 de outubro.
Entre as ações mais negociadas do dia subiram as commodities Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), que avançaram 3,93% e 0,02%, respectivamente. A Petrobras acompanhou a alta do petróleo com sinais positivos da Ásia e Europa. Barril WTI subiu 3% e o Brent teve alta de 1,8%. A companhia também anunciou uma nova etapa de divulgação de oportunidade “teaser” sobre a venda da sua participação em sete concessões de produção localizadas na Bacia de Solimões, no Amazonas.
A Vale teve um dia de volatilidade com queda do minério de ferro. No entanto, a companhia fechou em alta.
Subiram também os bancos Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4), que avançaram 3,48% e 2,99%, respectivamente. A Via Varejo (VVAR3) disparou 7,63%, com notícia de emissão de R$ 1,5 bilhão em títulos de dívida (debêntures), divididos em 2 séries.
Destaques da bolsa
Entre as maiores altas do dia estavam: as ações da Via Varejo (VVAR3), com alta de 7,63%, cotadas a R$15,38. A companhia disparou puxada por notícia de emissão de debêntures. Entre idas e vindas da retomada econômica, a Via Varejo tem 70% de lojas reabertas no Brasil. A expectativa da companhia é poder reabrir no Norte e Nordeste do país. Com maior volume de vendas e preços mais acessíveis, a Via Varejo tem atraído o olhar dos investidores.
Subiram também a Embraer (EMBR3) e o Pão de Açúcar (PCAR3), com alta de 7,54% e 5,94%, respectivamente.
A Embraer entregou nesta segunda-feira (29), o terceiro cargueiro KC-390 de um pedido de 25 aeronaves feito pela Força Aérea Brasileira. A ação da companhia estaria recuperando as perdas da semana passada, quando desvalorizou acima de 10%. A retomada dos voos em julho, respeitando as regras de distanciamento social devem sinalizar também um novo ciclo positivo para a fabricante de aeronaves.
As ações do Pão de Açúcar também subiram, os investidores estariam de olho no ajuste de preços dos papéis de supermercados. Outra alta que estaria sendo monitorada é a alta dos preços nas vendas, em maio os supermercados paulistas avançaram 3,67%.
Os investidores também estão atentos a IRB Brasil (IRBR3) que fechou em alta de 5,06%. A companhia chegou a subir mais de 6% com expectativa de divulgação dos resultados do 1ª trimestre hoje. O IRB Brasil adiou 2 vezes a publicação do seu balanço.
Entre os destaques negativos caíram: a BRF (BRFS3) que recuou 2,70%. Em Chapecó, complexo da companhia teve 233 funcionários infectados com coronavírus.
Caiu também a Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3), com queda de 1,49%. E a Tim (TIMP3) que recuou 1,85%.
Cenário doméstico
O quadro da doença no Brasil também piorou ontem, mas os investidores já operam sob pressão técnica de fim de mês, trimestre e semestre, em meio à disputa pela formação da última Ptax de junho, que será definida nesta terça-feira (30).
A cena política é monitorada, mas fica em segundo plano por enquanto, assim como o IGP-M de junho e a pesquisa Focus.
Mais cedo, na pesquisa Focus, a projeção para PIB deste ano passou de -6,50% para -6,54%. A mediana da estimativa para o IPCA neste ano foi de alta de 1,61% para 1,63%. A estimativa para Selic em 2020 passou de 2,25% para 2,00% ao ano. A taxa de câmbio para fim de 2020 seguiu em R$ 5,20 e, para fim de 2021, em R$ 5,00.
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O IGP-M avançou 1,56% em junho, de 0,28% em maio, acima do que previa a mediana de mercado de 1,47%. Também nesta segunda-feira foi divulgado um aumento da confiança da indústria a 16,2 pontos em junho ante maio, alcançando 77,6 pontos, maior alta da série histórica da Sondagem da Indústria, iniciada em 2001. Ainda assim, a confiança se situa abaixo do nível pré-coronavírus (101,4 pontos, em fevereiro).
Empregos
O resultado negativo na criação de empregos formais em maio é explicado por uma queda de 48% nas admissões do mês e recuo de 21% nos desligamentos, na comparação com maio de 2019.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em relação a abril, as admissões subiram 14% e os desligamentos recuaram 32%. “O maior problema no momento é a redução de admissões, não os desligamentos. Começamos a ver reação nas contratações em maio”, afirmou o secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco.
Em maio, 26 Estados registraram resultado negativo e apenas um, o Acre, teve saldo positivo, de 130 postos. Os piores desempenhos foram em São Paulo (-103.985), Rio de Janeiro (-35.959), Minas Gerais (33.695 postos) e Rio Grande do Sul (-32.106 postos). O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada caiu de R$ 1.810,08, em abril, para R$ 1.731,33 em maio.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York tiveram abertura mista, mas ganharam fôlego e fecharam com ganhos superiores a 1%, no caso dos índices S&P 500 e Nasdaq, e a 2%, no caso do Dow Jones. Um dado positivo da economia dos Estados Unidos ajudou o humor, apoiado ainda pelos fortes ganhos da Boeing e também por mais uma medida de estímulo do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Com isso, ficou em segundo plano no mercado acionário a continuidade da disseminação da covid-19 pelo país e o fato de que alguns Estados, por isso, tiveram de fazer uma pausa na reabertura econômica.
O índice Dow Jones avançou 2,32%, a 25.595,80 pontos, o S&P 500 subiu 1,47%, a 3.053,24 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 1,20%, a 9.874,15 pontos.
Após abertura sem sinal único, os índices melhoraram após as vendas pendentes de imóveis avançarem 44,3% em maio ante abril, bem acima da previsão de alta de 15% dos analistas. Além disso, o papel da Boeing ajudou. A ação subiu 14,40% hoje, impulsionando o Dow Jones, diante da notícia de que autoridades regulatórias do setor aéreo estão prestes a iniciar testes de voo para certificar o modelo 737 MAX. Com isso, essa aeronave poderia voltar a voar por volta do fim deste ano.
O Fed ainda ajudou as bolsas, ao anunciar que comprará títulos de dívida corporativa recém emitidos por grandes empresas, em mais uma medida de estímulo à economia.
Em relatório, o ING comenta que a relação entre o mercado acionário e a economia real está “frouxa”, no momento atual. O banco aponta que as medidas para conter o problema têm ajudado a apoiar as bolsas.
Outra ação em foco hoje foi a do Facebook, que subiu 2,11%. Com isso, porém, ela reverteu apenas em parte a queda de 8,32% da sexta-feira, em meio à pressão de várias companhias, que têm retirado anúncios da rede social para forçá-la a ser mais dura contra discursos de ódio. Alphabet ganhou 2,54% e Apple, 2,30%, mas Amazon recuou 0,46%.
*Com Estadão Conteúdo