O dólar teve novo dia de valorização sobre o real nesta quinta-feira (19), chegando a bater R$ 5,45 na máxima do dia, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, virou e fechou em alta, mas a recuperação foi limitada pela forte queda da Vale (VALE3). O dia foi marcado pelo declínio de commodities como o petróleo e o minério de ferro, além de preocupações com uma eventual redução de estímulos monetários pelos Estados Unidos começando neste ano.

O dólar subiu 0,87%, a R$ 5,422, após chegar a R$ 5,4555 na máxima do dia. Já o Ibovespa subiu 0,45%, aos 117.164 pontos. Veja a cotação do Ibovespa hoje.

O mercado repercutiu a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. A maior parte do comitê que define as taxas de juros está se unindo em torno de um plano que fará com que o Fed comece a cortar seu programa de compra de títulos no fim deste ano, mostrou a ata.

Embora o documento tenha tentado desvincular o fim das compras com a necessidade mecânica de alta de juros nos EUA, “o mercado ainda deve enxergar que quão mais cedo ocorrer o anúncio, maior a probabilidade de aumento da taxa de juro no final de 2022”, disse a equipe de pesquisa macro do BTG Pactual.

“O resultado desses fatores poderia promover uma mudança no diferencial de juro esperado nas curvas de juros das economias maduras e também emergentes, dando uma sustentação para o dólar global permanecer nesse patamar mais forte que vem negociando”, afirmaram os estrategistas em relatório de quarta-feira.

Cenário interno

Em paralelo, no Brasil agentes financeiros continuam aflitos com a tensão e os ruídos no ambiente político-institucional, além da deterioração nas perspectivas fiscais do país. Por isso, por aqui, “o otimismo no mercado financeiro acabou”, disse à Reuters Vinicius Martins, gerente da Phi Investimentos.

“O preço (do dólar) que estamos vendo faz jus ao momento do mercado e não há grandes indícios de melhora. Isso porque um alívio dependeria de vários fatores difíceis de serem resolvidos no curto prazo: a questão fiscal doméstica, principalmente com a aproximação das eleições, e o endurecimento da postura do Fed lá fora”, afirmou Martins.

O esforço do governo brasileiro por mudanças nos pagamentos de precatórios e mais gastos com auxílio à população têm elevado as dúvidas dos agentes dos mercados sobre a capacidade do governo de respeitar seu teto fiscal, enquanto atrasos na votação do projeto que altera a cobrança do Imposto de Renda colaboram para a aversão a risco e volatilidade nos mercados domésticos, disse Martins.

Destaques da bolsa

A mineradora Vale (VALE3) encerrou com queda de 5,7%. A empresa repercute o forte recuo dos contratos futuros do minério de ferro negociados na China. Veja outros destaques da bolsa.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street caíram nesta quinta-feira, em meio a temores de que o Fed possa começar a reduzir seu enorme estímulo monetário, enquanto papéis de empresas ligadas a commodities refletiam a queda dos preços do petróleo e dos metais a mínimas em vários meses.

O índice Dow Jones caiu 0,19%, a 34.894 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,13%, a 4.405 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,11%, a 14.541 pontos.

Europa

As ações europeias registraram sua maior desvalorização diária em um mês nesta quinta-feira, com a queda nos preços das commodities derrubando os papéis de mineradoras, enquanto o setor de luxo foi atingido pelo esforço da China por redistribuição da riqueza no país.

Ásia e Pacífico

O mercado acionário da China fechou em baixa nesta quinta, pressionado pelas ações de consumo e do setor financeiro, uma vez que a perspectiva econômica pessimista azedou o sentimento do investidor.

Correção: Diferentemente do que foi publicado mais cedo, o Ibovespa não fechou aos 177 mil pontos, mas aos 117 mil pontos. A informação foi corrigida por volta das 20h.

(*Com informações de Reuters)

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