O aumento do preço da gasolina tem preocupado os consumidores em 2022, mas a verdade é que a alta dos combustíveis tem sido um dos vilões da inflação desde os anos anteriores. No acumulado do começo de 2020 até agora, o valor do litro nas bombas tem um avanço de mais de 58% – bem maior do que o aumento de cerca de 16% do salário mínimo, por exemplo, no mesmo período. No entanto, a alta da cotação do barril de petróleo lá fora no mesmo período é bem maior: 93%.
É o que aponta um levantamento feito pelo economista Samy Dana, do InvestNews, considerando a cotação do petróleo Brent (referência utilizada pela Petrobras para a precificação dos combustíveis no Brasil) e o valor médio do litro da gasolina no país (de acordo com monitoramento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP).
Considerando somente o acumulado de 2022, a alta da gasolina nas bombas até o dia 19 de março também é menor que o avanço do petróleo: 9,72% contra 20,81%, respectivamente. Os números levam em conta a cotação do Brent convertida para reais.
Disparada do petróleo
A cotação do petróleo no mercado internacional tem sido impulsionada pela guerra na Ucrânia, mas já vinha pressionada pelo aumento da demanda na retomada da economia após a pandemia de covid-19.
No Brasil, esse aumento tem puxado a elevação dos preços para o consumidor final, já que a cotação do petróleo lá fora é um dos fatores que a Petrobras (PETR3 e PETR4) leva em consideração em sua para reajustar os valores do diesel e da gasolina nas refinarias, seguindo sua política de preços.
“Praticamente 25% do consumo do óleo diesel no Brasil é proveniente de insumo importado, ou seja, a variação na oferta internacional, seja por preço ou volume disponível, por si só já é um impacto significativo”, explica Leandro Coutinho da Silva, especialista na Vertical de Óleo & Gás da Imagem Geosistemas, confirma que o cenário da Europa afeta diretamente a reserva brasileira.
Outro ponto que pesa sobre o preço da gasolina no Brasil são os tributos. Segundo dados disponibilizados pela Petrobras sobre a composição de preços do combustível das bombas dos postos, cerca de 33% do valor que o consumidor brasileiro paga pela gasolina são impostos. Para o diesel, a proporção é de 11%.
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