O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou nesta terça-feira (2, as reações negativas do mercado financeiro à sua gestão na pasta e disse que o movimento desfavorável dos ativos brasileiros é resultado dos impactos produzidos pelas políticas adotadas pelo governo Bolsonaro às vésperas da eleição.
Segundo o ministro, agora está “caindo a ficha” do mercado, com o conhecimento dos números sobre as medidas do governo anterior, que tiveram impacto de R$ 300 bilhões, segundo ele, entre gastos e renúncias fiscais – 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para cada.
“Tinha um clima de que a economia estava no rumo certo, mas que está se desfazendo pelos números de gasto eleitoral do Bolsonaro. Pessoas não se deram conta de que Bolsonaro usou 3% do PIB na eleição”, afirmou, em live promovida pelo site Brasil 247.
E completou: “Valor de R$ 300 bilhões disponíveis para torrar durante a eleição elegeria qualquer pessoa, menos contra Lula.”
Haddad defendeu que o resultado do gasto eleitoreiro foi o aumento dos juros básicos da economia de 2% para 13,75%, “o maior juro real do mundo”, embora a alta da taxa Selic tenha se iniciado em março de 2021, em função da disparada da inflação.
“Esse é o legado de Bolsonaro. Não é ataque especulativo, é que a ficha caiu”.
Fernando Haddad
No entanto, segundo apurou o InvestNews, o Brasil ficou na 4ª posição no ranking de juros reais com 147 países a uma taxa de 6,84% ao ano. O país ficou atrás apenas de Sudão do Sul (14,87%), Libéria (8%) e Tadjiquistão (7,41%). O levantamento é de 9 de dezembro.
Cenário macro
Segundo Haddad, o Brasil vive hoje situação anômala, com uma taxa de juros real “fora de propósito”, argumentando que a atividade econômica já passa por desaceleração e que a inflação no país está mais baixa comparativamente a outros países.
O ministro afirmou ainda que não haverá discussão no novo governo sobre uma meta para câmbio. Ele ponderou que a volatilidade do real é nociva e que a governança nas contas públicas pode estabilizar o ambiente para a moeda e os juros.
“O real é muito negociado por especuladores, e essa volatilidade é ruim para a moeda”, disse.
Reforma Tributária
De acordo com o ministro, a pasta pretende tocar a partir de abril, a reforma do IVA (Imposto do Valor Agregado). Na sequência serão feitos debates sobre Imposto de Renda, taxação de dividendos, como exonerar do IR o trabalhador de baixa renda além de mudanças na composição da cesta de tributos no país.
“Queremos recompor a cesta com um sistema tributário menos regressivo. O pobre hoje no Brasil paga mais imposto proporcionalmente que o rico – o que não acontece em países desenvolvidos”.
Com Reuters e Estadão
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