O Comitê de Política Montária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (22) que decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. A decisão veio em linha com a expectativa do mercado. No comunicado, o Copom citou que o “ambiente externo se deteriorou”.
Apesar da expectativa pela manutenção, em meio a um cenário de inflação ainda distante da meta, o mercado aguarda sinais de quando o BC dará início ao ciclo de corte dos juros. O tema tem sido alvo de críticas do governo, e recentemente ganhou ainda mais força em meio às incertezas externas por causa da crise bancária que atingiu instituições nos Estados Unidos e Europa.
No comunicado desta quarta, o Copom disse que “os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”.
Já no cenário interno, o BC apontou sinais de desaceleração econômica, conforme o esperado, além de inflação ainda acima da meta.”As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente”, destacou.
Riscos no radar
O Copom listou fatores de risco para a inflação que estão no radar. Segundo o comunicado, entre os fatores que podem levar os preços a ganharem força estão:
- maior persistência das pressões inflacionárias globais
- incerteza sobre o arcabouço fiscal
- desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos
Já entre os fatores que podem trazer alívio para a inflação, o BC listou:
- uma queda adicional dos preços das commodities
- uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada
- uma maior desaceleração na concessão doméstica de crédito
Próximos passos
Sobre a condução da política monetária nas próximas reuniões, o Copom disse que seguirá “avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”
Veja também
- Com a explosão dos juros, títulos IPCA+ tombam até 31% no ano
- Banco Central confirma expectativa e sobe Selic para 11,25% ao ano
- Endividamento do governo cria oportunidades na renda fixa; títulos privados já pagam IPCA+9%
- Alta dos juros pode reverter a recuperação do setor bancário
- Banco Central retoma alta de juros e Selic sobe para 10,75% ao ano