*ARTIGO
O Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou na última quinta-feira (4) uma nova regulamentação que proíbe os prestadores de serviços de pagamento (PSPCP) de realizarem ou facilitarem qualquer operação com criptoativos.
A proibição inclui qualquer ativo digital, regulado ou não pelo BCRA, como o bitcoin (BTC) e qualquer outra criptomoeda. Isso significa que ela afeta diretamente financeiras que oferecem o serviço de compra e venda de criptomoedas para seus clientes — tal como o Nubank (NUBR33), Mercado Pago e 99pay fazem no Brasil.
Segundo o BCRA, a nova regulamentação visa garantir a segurança dos investidores e evitar riscos financeiros desnecessários. “Os interessados devem realizar a operação por conta própria”, pontuou.
“Os prestadores de serviços de pagamento não podem realizar ou facilitar transações em criptoativos”
Banco Central argentino, em comunicado
No entanto, muitos usuários podem ficar insatisfeitos com a proibição, especialmente aqueles que utilizam plataformas de pagamento como uma maneira fácil e conveniente de investir em ativos digitais.
Enquanto isso, os reguladores argentinos estão trabalhando em uma legislação para regular as criptomoedas e outras formas de ativos digitais no país devido à crise econômica que afeta a população.
Vale ressaltar que as criptomoedas, especialmente o bitcoin, tem sido um meio de proteção financeira para muitos argentinos em meio à crise econômica. Em abril deste ano, por exemplo, a Comissão Nacional de Valores (CNV) autorizou empresas locais a lançarem contratos futuros atrelados ao BTC.
A inflação caótica
A Argentina enfrenta uma crise inflacionária há quase uma década, com uma taxa anual de inflação de mais de 40%. Em março deste ano, ela subiu 104,3% na comparação anual, após um salto de 102,5% no mês anterior.
O país vem sofrendo com a dependência de exportações de commodities, o que foi agravado pela pandemia. O déficit fiscal do argentino também tem sido um agravante da situação local, com o governo gastando mais dinheiro do que arrecada em impostos.
A crise econômica tem afetado diretamente a vida dos argentinos, que estão vendo seu dinheiro virar pó e tendo piora na qualidade de vida. A situação é ainda mais preocupante considerando a falta de perspectiva de melhora a curto prazo.
Desvalorização do peso argentino
Devido aos graves problemas econômicos que a Argentina vem passando, sua moeda perdeu mais de 86% de seu valor frente ao real brasileiro em cinco anos.
No câmbio atual, R$ 1 equivale a cerca de 45 pesos argentinos. Mas, quando comparado ao dólar americano, o desastre é ainda pior: 1 peso argentino equivale a US$ 0,00402.
A proximidade das eleições presidenciais na Argentina também contribui para a desvalorização do peso.
Nesse cenário, as criptomoedas estão sendo cada vez mais buscadas pelos argentinos, consideradas por muitos como a única forma de proteger o dinheiro da inflação e conseguir preservar o poder de compra.
Bitcoin e criptomoedas como antídotos
Em meio à crise econômica em curso, até mesmo algumas cidades argentinas estão buscando um porto seguro nos ativos digitais.
No final do ano passado, foi anunciado que a província argentina de San Luis permitiria a emissão de sua própria stablecoin vinculada ao dólar americano, sendo 100% lastreada em ativos financeiros líquidos e disponível para todos residentes do local.
Reforçando essa atitude da província, um estudo recente da Chainalysis apontou que mais de 30% dos consumidores do país usam stablecoins para compras diárias
Mas, embora muitas pessoas acreditem que o dólar pode ser uma alternativa, até mesmo os norte-americanos estão preocupados com a instabilidade e desvalorização da moeda. Por isso, o bitcoin é visto por muitos argentinos — e investidores do mundo todo — como uma opção mais segura.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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