O índice que reúne os principais BDRs (Brazilian Depositary Receipts, ou recibos de ações listadas no exterior) vem superando, no acumulado de 2023, o desempenho do Ibovespa – referência em ações listadas na B3. O levantamento foi feito pelo consultor independente Einar Rivero.
No ano até o dia 24 de novembro, o BDRx entregou valorização de 22,65%, acima dos 14,38% do Ibovespa em igual período. O índice BDRx ficou no negativo por quatro meses. O pior desempenho foi registrado em dezembro de 2022, com desvalorização de 4,21%.
O mês de novembro vem sendo, na parcial da amostra, o melhor para o desempenho dos BDRs listados na B3 desde novembro do ano passado, com uma valorização de 6,3%. No mesmo período do ano anterior, o BDRx valorizou 7,1%.
Maiores altas do BDRx
Dos 139 BDRs que compõem o índice, aparecem no topo os papéis da maior plataforma cripto do mundo, Coinbase (C2OI34), e da fabricante de componentes tecnológicos Nvidia (NVDC34), ambas empresas com alta superior a 200%.
As ações da Coinbase alcançaram o maior patamar desde maio de 2022 nos últimos dias. Após um crash motivado por investigações da SEC (a CVM do mercado americano) envolvendo uso de informação privilegiada, os papéis da companhia passaram a subir a partir de julho.
O embalo da ação veio principalmente após a notícia de que a Cboe Global Markets atuava junto à plataforma para lançar um ETF (fundo de índice) de bitcoin (BTC). A corretora foi designada como fiscal contra fraudes envolvendo o produto.
Já a valorização da Nvidia acompanha o momento favorável vivido por papéis ligados a inteligência artificial. Com forte demanda por seus componentes, a desenvolvedora de chips reportou fortes números, com lucro acima do esperado no terceiro trimestre e perspectivas de crescimento à frente, o que vem alimentando a alta dos papéis.
Os recibos de ações da Meta, Spotify e Uber aparecem na sequência dos melhores desempenho do BDRx no acumulado de 2023, com valorização superior a 100% (veja abaixo os melhores desempenhos no ano até 27 de novembro).
10 BDRs com melhor desempenho em 2023*
Ativo | Retorno acumulado |
Coinbase (C2OI34) | 214,61% |
Nvidia (NVDC34) | 209,21% |
Meta Platforms (FBOK34) | 159,36% |
Spotify (S1PO34) | 117,16% |
Uber Technologies (U1BE34) | 108,80% |
Shopify (S2HO34) | 95,45% |
New Oriental Education Tech (E1DU34) | 91,26% |
Tesla (TSLA34) | 78,23% |
AMD (A1MD34) | 76,88% |
Adobe (ADBE34) | 72,15% |
*Acumulado até 27 de novembro
Volume bateu pico do ano em fevereiro
O volume financeiro médio diário consolidado de todos os BDRs listados na B3 atingiu R$ 384,6 milhões até o dia 24 de novembro – correspondendo a 1,76% do volume médio diário mensal de todo o mercado à vista da B3. Segundo a amostra de Rivero, os maiores registros nominais foram alcançados em fevereiro de 2023, com R$ 465,1 milhões, e em agosto de 2023, com R$ 407,4 milhões.
Em termos percentuais, fevereiro foi o mês do ano com maior volume, com os BDRs representando 2,22% do total do mercado à vista da B3, enquanto o segundo melhor registro foi em setembro, com 2,04%. O menor volume do ano foi registrado em maio de 2023, com 1,25%. De acordo com Einar, o mês marcou o “início de uma reversão na tendência de queda que perdurava desde fevereiro de 2023”.
Como os BDRs funcionam
BDR é a sigla do inglês para Brazilian Depositary Receipts. São títulos emitidos no Brasil, por uma instituição brasileira (no caso, a B3), mas que têm lastro em ações de empresas negociadas no exterior. Os BDRs não patrocinados passaram a ficar disponíveis ao investidor pessoa física pela B3 a partir de 2020.
Os papéis de fora funcionam como a garantia para o investimento aqui. Assim, o BDR é uma forma de o brasileiro investir em companhias estrangeiras sem precisar necessariamente comprar a ação no exterior.
Assim como as ações, os BDRs são considerados investimentos de alto risco. Primeiro porque o investidor está sujeito ao sobe e desce no preço, de acordo com as oscilações do mercado, da mesma maneira como com as ações. Segundo, a variação cambial também influencia os rendimentos dos BDRs.
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