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Vale a Leitura

Por que você precisa ler ‘Antifrágil’, de Nassim Taleb

Como se comportar e prosperar em um mundo cheio de imprevistos.

aloísio sotero

A sugestão do livro desta semana é “Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos“, de Nassim Taleb, matemático e estatístico, renomado professor de Engenharia de Riscos da Universidade de New York e também autor do best-seller “A lógica do Cisne Negro“. Em Wall Street trabalhou como operador de derivativos. Atualmente, Taleb não trabalha mais no mercado financeiro e se dedica integralmente a área acadêmica.

O “antifrágil” é sobre como se comportar e prosperar em um mundo cheio de imprevistos. A mensagem de Nassim Taleb é intrigante: “o que não é antifrágil certamente sucumbirá”.

Um livro inspirador e prático que nos ensina identificar as fragilidades das empresas, que podem desaparecer, nesse momento, impactadas, inclusive, pelo poderoso ataque do “Vírus do Século” e nos traz os conceitos de antifragilidade e fragilidades para iluminar a prática nas empresas e negócios em tempos de covid-19.

A previsibilidade da crise da covid-19

Sobre a atual crise, Taleb diz que a nova pandemia de coronavírus era previsível e se mostra irritado quando a classificam de “Cisne Negro”, o livro clássico do autor que nos traz o conceito sobre eventos improváveis e que é impossível tentar antecipar e prever o futuro, já que aquilo que conhecemos é muito menor em relação ao que não conhecemos.

O título do livro deve-se a analogia com a crença dos europeus que acreditavam na existência apenas de cisnes brancos, mas neste ano avistaram, pela primeira vez, um cisne negro na Austrália.

Taleb defende a tese de que “A previsibilidade está baseada no fato de que, em janeiro, quando a covid-19 estava mais restrita à China, houve o alerta de que a alta conectividade no mundo levaria a um crescimento não linear do vírus”. Portanto, a pandemia da covid-19 não se enquadra como um “Cisne Negro”.

Resiliência pode ser fatal no atual momento

A antifragilidade de Taleb desarma a armadilha do uso do conceito de resiliência, pois pode levar os negócios e as empresas a não estarem preparadas para o “novo normal”. Outro conceito bastante importante na obra de Taleb é o de antifragilidade. O autor defende que o oposto de ser frágil não é ser robusto ou resiliente, mas alguém que supera a incerteza, sem ser destruído por ela.

Na visão do autor, o ideal é ser antifrágil, ou seja, aproveitar o caos para evoluir. Dessa forma, a incerteza se torna desejável e necessária. Além da evolução, uma pessoa antifrágil estaria imune a erros de previsão e protegida de eventos adversos.

Fantástico storytelling: ser frágil e antifragilidade

Essa descrição inicial no livro, na minha visão abre a nossa cabeça para “pensar diferente”, como nas campanhas da Apple de Steve Jobs. Taleb escreve, “(…) você está numa agência dos correios para enviar um presente, um pacote repleto de taças de champanhe a um primo que mora na Sibéria. Como o pacote pode ser danificado durante o transporte, você estampa nele (em tinta vermelha) “frágil”, “quebrável” ou “manusear com cuidado”. Ora, qual é o oposto exato dessa situação, o oposto exato de “frágil”? Quase todo mundo responde que o oposto de frágil é “robusto”, “resistente”, “sólido” ou algo do tipo.

Mas o resiliente resiste aos impactos. O robusto (e companhia) são itens que não se quebram nem se aprimoram, portanto você não precisaria escrever nada neles — você já viu algum pacote com a palavra “robusto” estampada em letras verdes garrafais?

É lógico que o oposto exato de uma embalagem “frágil” seria aquela resistente, como algumas malas de viagens que resistem aos impactos, malas que poderiam estar marcadas por “resistente manuseie ao mal” ou “manuseie sem o menor cuidado”.

O que significa antifragilidade

A grande lição do livro: seja como uma Hidra de Lerna. Algo que se beneficia da crise, que se fortalece nas adversidades. Quanto mais se expõe a condições de stress, mais essa pessoa se fortalece. Alguém que se beneficia do inesperado e das situações negativas, pois isso faz com que ela cresça.

No livro, Nassim Taleb dá o exemplo da Hidra de Lerna: “Hidra, na mitologia grega, é uma criatura similar a uma serpente que habita o lago de Lerna, perto de Argos, e tem inúmeras cabeças. Cada vez que uma delas é cortada, duas voltam a crescer. Assim, ela aprecia o dano. A hidra representa a antifragilidade”. Ou seja, cada vez que uma cabeça da Hidra fosse cortada, duas nasciam no lugar, ela se fortalecia durante a batalha.

Em minha opinião, o mais importante é que a antifragilidade pode levar as empresas a se tornarem cada vez mais resistentes e adaptadas aos choques externos, reinventando-se e eliminando as suas fragilidades. Uma consequência da leitura do livro de Taleb: comece a listar seus pontos de fragilidade em busca dos pontos fracos e fortes. Crie seus mecanismos de antifragilidade. Como, por exemplo, corrija os erros ou aprenda rapidamente com os erros! Não resista, adapte-se.

Essa lógica é interessante, pois rompe com o modelo de que o oposto de fragilidade está na força ou resistência, características de quem é capaz de suportar situações extremas sem se alterar, a clássica visão de resiliência. Taleb nos ensina que os erros são apenas informações e os erros beneficiam alguns indivíduos, mas não outros.

Um novo ‘swot’ com base nas fraquezas

O antifrágil está além do resiliente e do robusto. Estes resistem a choques e permanecem os mesmos; o antifrágil, por sua vez, se torna cada vez melhor. Além disso, ele é imune a erros de previsão e está protegido de eventos adversos.

Nos inspira a construir um novo “swot” que identifica as fraquezas, pontos de forças das empresas e as oportunidades e ameaças à luz das fragilidades e antifragilidades.

Quantas empresas se recriaram na pandemia onde o mundo praticamente deliverou e os negócios agiram como Hidra de Lerna. Que resistiu, sumiu e que se recriou. No mínimo, sobreviveu e cresceu, ou seja, tornou-se antifrágil. Uma pessoa ou empresa antifrágil é aquela que fica melhor ao passar pelas adversidades, que consegue aprender e não errar de novo, cometendo os mesmos erros. Recriar-se.

*Aloisio Sotero é professor e mentor em Finanças. Prof. da BAEX Escola Internacional de Educação para Executivos e conselheiro Editorial do Jornal do Sertão de Pernambuco.

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