O Brasil perdeu o posto de melhor opção dentre emergentes nos últimos meses, à medida que México se destaca como uma história sem tantos ruídos políticos, na avaliação da XP Investimentos (XPBR31).
“A história de que o Brasil era a o melhor entre os piores foi verdade até outubro, novembro”, o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira. Desde então, passaram a pesar os ruídos políticos e incertezas fiscais. Além disso, a reabertura da China voltou a atrair capital para o outro lado do mundo.
Para ele, o que segue ajudando as ações brasileiras são cotações atraentes, com ativos muito descontados e “muita expectativa ruim no preço”. Por isso, a bolsa e o dólar acabam tendo reação curta e limitada a eventos ruins locais.
A XP ainda aposta em ações defensivas de empresas geradoras de caixa em áreas como commodities e energia. “Em algum momento isso vai mudar, quando ficar mais claro o cenário para o juro, mas me parece cedo”, diz o estrategista. “O catalisador será a questão dos juros.”
Varejo e Americanas
No caso do varejo, que além da Selic a 13,75% ainda digere o colapso da Americanas (AMER3), a XP se mantém neutra em relação ao setor, de forma geral.
A XP prefere os segmentos mais defensivos do setor de consumo, como o atacarejo. A renda vinda dos benefícios sociais no governo Lula deve ajudar setores de consumo básico como alimentação, uma vez que produtos mais caros, como os de linha branca, são impactados pelo custo mais caro do crédito, com juros altos, na avaliação de Danniela Eiger, head de varejo.
Para ela, empresas como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Mercado Livre (MELI34) parecem ser os grandes beneficiários diretos da fatia de mercado deixada pela crise na Americanas.
Segundo Eiger, após as inconsistências contábeis que levaram a Americanas a pedir recuperação judicial, o mercado olhará com lupa como o risco sacado é declarado nos balanços das varejistas do quarto trimestre. Além disso, os bancos podem ser mais conservadores e cobrar mais caro por empréstimos ao setor. Ela estima que o processo de recuperação judicial da varejista deve durar entre três e cinco anos.
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