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Economia

Para cada R$ 1 investido em vacina, ganho do PIB foi de R$ 9, diz estudo

Pesquisa aponta vacinação como investimento de melhor retorno; economistas comentam impactos.

Vacinação contra Covid-19 em São Gonçalo, Rio de Janeiro 18/2/2021 REUTERS/Ricardo Moraes

Para cada R$ 1 investido em vacinas, a economia brasileira cresceu R$ 9. O dado sobre o impacto da vacinação contra a covid-19 no Produto Interno Bruto (PIB) faz parte de um estudo inédito feito pela Pfizer Brasil e GO Associados.

Entre os investimentos feitos para combater a pandemia, a vacinação é apontada como aquele de melhor retorno. Segundo o estudo, do total de R$ 784,9 bilhões de recursos previstos entre 2020 e 2022 direcionados ao combate da pandemia, R$ 67 bilhões foram destinados à aquisição de vacinas e de insumos para prevenção e controle da doença. Dessa forma, os imunizantes representaram 8,55% do total.

“Esse impacto demonstra que vacinar é o melhor investimento em termos de saúde pública”, disse em nota Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da GO Associados, consultoria que conduziu o estudo. “Os resultados da investigação evidenciam como a vacinação promoveu a retomada das atividades, incluindo a geração de trabalho e renda.”

O avanço da vacinação no Brasil levou a uma redução do número de mortes por covid-19 na comparação com os picos registrados no pior momento da pandemia. Isso possibilitou a flexibilização de medidas de restrição e ajudou a economia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) apontam que o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre foi puxado especialmente pelo setor de serviços, com o aumento no movimento de restaurantes e o retorno do turismo, por exemplo.

“O investimento na vacina foi muito importante para a gente voltar a esse ‘novo normal’ mais rápido”, comentou Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, ao InvestNews. “Se a gente tivesse se organizado e começado antes esse processo, a economia hoje até teria resultados melhores. Como a gente viu, quando finalizou o uso de máscaras, o setor de serviços deu uma disparada.” 

13/05/2021 Consumidores em bar do Rio de Janeiro REUTERS/Pilar Olivares

Mas, apesar desse impulso para o começo da retomada da economia, Rafael Vianna, head comercial private e sócio da BRA, acredita que o impacto positivo da vacinação para o PIB tenha se concentrado nos últimos trimestres que já se passaram. Nesse cenário, ele vê dificuldades nos meses que vêm pela frente

“A flexibilização, as pessoas poderem voltar ao dia a dia normal, viajar, consumir, isso tudo já aconteceu. Você já vê as pessoas na rua, entrando nas lojas. O grande problema em geral tem sido a inflação, não só no Brasil como no mundo inteiro, que acarretou nessa alta de juros”, afirma Vianna, citando também a guerra na Ucrânia.

Além da economia

Além dos impactos econômicos do avanço da vacinação contra a covid, o estudo também analisou os resultados sociais e sanitários do país entre os meses de janeiro de 2020 até março de 2022. Os dados apontam que a vacina evitou, ao menos, 500 mortes por dia no Brasil só nos primeiros quatro meses a partir de fevereiro de 2021. Desde o começo da pandemia, mais de 667 mil brasileiros morreram vítimas de covid-19.

Segundo o consórcio formado por veículos de imprensa (Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1), o Brasil tem atualmente 77% da população vacinada contra a covid-19 com duas doses do imunizante ou dose única. Já o percentual dos que tomaram a dose de reforço é de 44%.

O levantamento da Pfizer e da GO Associados mostra que os maiores esforços de vacinação devem ser feitos entre os mais jovens, principalmente os menores de 19 anos. Enquanto a média é de 1,07 doses aplicadas na faixa de 5 a 11 anos e 1,35 doses de 12 a 19 anos, as faixas a partir de 20 anos partem de uma média de 1,99 doses.

Um outro recorte do estudo constata a hesitação à vacinação infantil, e confirma que está potencialmente relacionada com propagação de fake news em redes sociais.

“A baixa cobertura vacinal que registramos atualmente nos coloca diante de um cenário preocupante. Precisamos mudar isso, antes que tenhamos o registro elevado de casos como de meningite, sarampo e até mesmo de poliomielite que ameaça retornar ao país, entre outras doenças que podem provocar condições graves, com sequelas irreversíveis”, afirmou em nota Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O economista Piter Carvalho, da Valor Investimentos, defende que “é importante ter mais vacinas e que o Brasil continue uma política de vacinação.” 

“A pandemia não foi embora. Isso é importante ressaltar. Fatalmente vamos ter novas variantes, talvez até alguns surtos em algum momento. Ou seja, esse ainda vai ser o nosso ‘novo normal’. A gente ainda não vai abandonar as máscaras para sempre tão cedo”, diz Carvalho. “Sem gente, não vai ter dinheiro. Não vai ter economia, não vai ter PIB. Não vai ter nada.” 

Consumidores caminham por rua comercial do Rio de Janeiro 16/09/2020 REUTERS/Ricardo Moraes


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