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Finanças

Ambev lidera altas de outubro e Méliuz recua 44,93%; confira destaques

Lucro da produtora de bebidas no terceiro trimestre provou a sua resiliência no mercado.

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Outubro foi um mês desafiador para a renda variável. De risco fiscal à alta dos juros, inúmeros fatores contribuíram para que o mercado brasileiro se descolasse das bolsas no exterior. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou outubro em queda de 6,74% aos 103.550 pontos.

Segundo Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, as questões políticas trouxeram muita volatilidade para a renda variável, aumentando as incertezas no curto prazo. “Essas questões políticas impactam no fiscal e fazem preço no mercado”, defende

Em um cenário de forte incerteza, ações defensivas acabam se beneficiando, movimento perceptível entre as maiores altas do índice.

Na outra ponta, os ativos mais afetados foram os papéis de empresas prejudicadas com a crescente alta da inflação. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou alta de 1,16%, enquanto o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu 1,20%, superando as expectativas do mercado.

Luiz Fonseca, consultor e gestor de riscos da Ivest, explica que a inflação elevada afeta os segmentos de varejo e turismo, reduzindo o poder de compra das pessoas e aumentando os custos das empresas. “Com a taxa de desemprego ainda alta, a capacidade de repasse dos preços para as empresas é baixo impactando nas suas margens”, aponta.

Ainda no começo da temporada de balanços do terceiro trimestre, companhias que surpreenderam o mercado com os seus resultados experimentaram forte valorização das suas ações. Veja a seguir os principais destaques:

Maiores altas

A maior alta de outubro foi da Ambev (ABEV3), as ações da companhia valorizaram 11,05%.

A produtora de bebidas surpreendeu o mercado com o seu balanço do terceiro trimestre de 2021, registrando lucro líquido de R$ 3,712 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 57,4% ante o mesmo período de 2020. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou R$ 5,468 bilhões, um avanço de 7,8% em relação ao ano anterior.

Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, afirma que a Ambev surpreendeu positivamente os investidores, apesar de sua receita ser muito dependente do PIB (Produto Interno Bruto), emprego e da renda dos brasileiros. “Ambev conseguiu ter o maior volume vendido dos últimos 12 meses”, comenta.

Para os analistas consultados, o resultado provou a resiliência da companhia, o que impactou na valorização das ações.

Outro destaque do mês foi o BB Seguridade (BBSE3), com alta de 10,73%. A companhia é conhecida por ser um ativo defensivo e bom pagador de dividendos e que estava bastante descontado.

Komura, da Ouro Preto Investimentos, explica que com a reabertura econômica a sinistralidade dos seguros está voltando ao patamar normal, favorecendo a companhia.

“A ação BBSE3 tem um retorno em dividendos atrativo que ainda supera a renda fixa”, destaca ele. Para o analista, o BB Seguridade deve continuar com bom desempenho em novembro apesar das incertezas da economia.

Ainda entre os destaques positivos de outubro está a EDP Brasil (ENBR3) que subiu 6,75%. A companhia apresentou lucro líquido de R$ 510,5 milhões no terceiro trimestre, alta de 70,3% frente ao mesmo período em 2020.

Komura afirma que a companhia conseguiu ir bem no segmento de geração e distribuição, apesar da crise hídrica, graças ao controle de custos e aumentos de tarifas. “Eles conseguiram mitigar os problemas deixando a EDP Brasil mais eficiente”, avalia.

Veja as 10 maiores altas do mês de outubro*

AçãoValorização outubro
Ambev (ABEV3)11,05%
BB Seguridade (BBSE3)10,73%
Vivo (VIVT3)6,94%
EDP Brasil (ENBR3)6,75%
JBS (JBSS3)5,34%
Engie (EGIE3)3,87%
Marfrig (MRFG3)3,27%
Taesa (TAEE11)2,29%
SulAmerica (SULA11)1,92%
Gerdau Metalúrgica (GOAU4)0,72%

*Fonte: Valor Pro

Maiores quedas

Na contramão, a Méliuz (CASH3) liderou as quedas de outubro com desvalorização de 44,93%.

Segundo Luiz Fonseca, consultor e gestor de riscos da Ivest, a queda se deve a motivos setoriais, com o segmento de tecnologia caindo com força em meio a alta de juros. “Empresas techs têm previsões de grandes retornos no futuro, mas com o aumento dos juros o valor presente diminui”, justifica.

Entre os destaques negativos, também figuram as companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) com desvalorização de 31,69% e 26,7%, respectivamente. Fonseca explica que com a inflação elevada aumenta também o custo do querosene de aviação e o poder de compra das pessoas diminui, gerando pressão para as companhias.

Por um lado, a margem das empresas fica reduzida em decorrência do aumento de custos e por outro o preço elevado das passagens afasta os consumidores.

Ainda entre as maiores quedas do mês estava a Alpargatas (ALPA3) que recuou 26,84%.

A companhia anunciou na quinta-feira (28) que seu lucro recorrente de julho a setembro somou R$ 155,5 milhões, ante ganho de R$ 116 milhões em 2020.

Uma alta de 34% do lucro no terceiro trimestre, com as receitas crescendo e despesas caindo, além da melhora na linha financeira e de um efeito positivo de operações descontinuadas. Apesar disso, o resultado não foi suficiente para favorecer as ações.

Fonseca aponta que a companhia vem expandindo suas lojas próprias, no Brasil e no exterior, com investimentos da ordem de R$ 600 milhões para aumentar a capacidade em 2022, contudo o cenário macroeconômico ainda atrapalha. “O cenário de alta de inflação local e mundial deixa o retorno destes investimentos menos atrativos”, defende.

Veja as 10 maiores quedas do mês de outubro*

Ação Queda
Méliuz (CASH3)-44,93%
Azul (AZUL4)-31,69%
Alpargatas (ALPA4)-26,84%
Gol (GOLL4)-26,7%
CVC (CVCB3)-25,79%
Magazine Luiza (MGLU3)-24,62%
Banco Inter (BIDI11)-23,9%
Grupo Soma (SOMA3)-22,6%
Banco Inter (BIDI4)-22%
Cyrela (CYRE3)-21,72%

*Fonte: Valor Pro

*Com informações da Reuters

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