Siga nossas redes

Finanças

Após chegar a R$ 5,45 em janeiro, dólar termina 2023 em queda de 8%, a R$ 4,85

Ao longo do ano, mercado acompanhou a política econômica do novo governo, enquanto lá fora o foco foi o Fed.

O dólar terminou 2023 em queda sobre o real. No acumulado do ano, a moeda norte-americana caiu 8,06%, encerrando a última sessão do ano em R$ 4,8525. 

Com o recuo, o dólar se afastou da máxima do ano atingida no começo de janeiro, diante das incertezas do mercado sobre a política econômica que seria adotada pelo novo governo Lula. No dia 4 daquele mês, o câmbio atingiu R$ 5,45. Veja abaixo:

Já a mínima do ano foi registrada no fechamento de julho, quando, no dia 26, a moeda foi a R$ 4,72. Àquela altura, o Congresso já discutia o novo arcabouço fiscal a e reforma tributária, medidas que seriam aprovadas definitivamente nos meses seguintes e ajudaram a reduzir as incertezas do mercado. 

Enquanto isso, no cenário externo, o mercado reagia à primeira manutenção de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed) depois de uma sequência de aumentos. 

Expectativa x realidade

O fechamento na casa dos R$ 4,85 veio bem abaixo do que o mercado esperava no começo do ano. A primeira edição do Boletim Focus de 2023, publicada no dia 6 de janeiro, trazia uma projeção de R$ 5,28 para o câmbio. 

Já a última, divulgada na última terça-feira (26), apontava que os especialistas consultados pelo Banco Central esperavam que o dólar fosse encerrar a sessão desta quinta-feira (28) em R$ 4,90. 

Notas de real e dólar 10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes

Para 2024, a previsão do mercado, ainda considerando o Focus, é de alta do dólar. A projeção da edição mais recente é de câmbio em R$ 5 ao término do ano que vem. Para 2025 e 2026, as estimativas são de R$ 5,05 e R$ 5,10, respectivamente. 

Mas, apesar de apontarem para cima, as previsões vêm recuando nas últimas semanas. O Itaú, por exemplo, revisou sua projeção de câmbio para R$ 4,90 por dólar em 2024, de R$ 5,25 anteriormente. 

“Vemos melhora no ambiente internacional, com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) começando a cortar juros mais cedo no ano que vem. Além disso, o prêmio de risco doméstico em nível baixo e o bom desempenho da balança comercial oferecem suporte para a moeda. Projetamos câmbio em R$ 5,10 por dólar em 2025”, escreveu o banco em relatório. 

Última sessão do ano

Nesta quinta-feira (28), o dólar fechou em alta de 0,41%, em sessão de baixo volume de negócios em função da proximidade das festas de final de ano.

O mercado repercutiu dados importantes de inflação no Brasil. A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou em dezembro, com alta de 0,4%, pressionado pelo aumento das passagens aéreas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas no acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 subiu 4,72%, abaixo do teto da meta do Banco Central de 4,75% para o IPCA em 2023.

Outra divulgação do dia foi o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que terminou 2023 com queda de 3,18%, a variação anual mais baixa já registrada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em dezembro, o indicador subiu 0,74% no mês, acelerando sobre os 0,59% em novembro.

Brasília (DF), 28/12/2023 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista coletiva à imprensa, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 28/12/2023 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista coletiva à imprensa, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo enviará ao Congresso uma medida provisória estabelecendo a reoneração gradual da folha de pagamento dos 17 setores hoje isentos desse pagamento, mantendo uma desoneração parcial sobre valores equivalentes a um salário mínimo.

  • Você sabe quem é Fernando Haddad? Conheça sua formação, cargos anteriores e mais

Haddad também anunciou que será fixada uma limitação anual das compensações tributárias para decisões judiciais determinando créditos acima de R$ 10 milhões, bem como o fim gradual do Perse, programa de benefícios tributários criado durante a pandemia da covid-19 para proteger setores como o de eventos, hotéis e restaurantes.

“Assim como os projetos votados ao longo de dezembro, o conjunto de medidas anunciadas hoje possui impacto significativo sobre o potencial de arrecadação tanto de 2024 quanto para os anos subsequentes”

Matheus Pizzani, economista da CM Capital

No entanto, “o conjunto das medidas não será responsável por equalizar as contas públicas no próximo ano, conforme demandado pelo arcabouço fiscal, o que não desqualifica em absolutamente nada sua importância para a estrutura das contas públicas do país” num prazo mais longo, completou Pizzani em entrevista à Reuters.

(* com informações da Reuters)

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.