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Finanças

Ibovespa termina março em queda de 2,9%; dólar cai abaixo de R$ 5,10

Investidores seguem repercutindo a divulgação de proposta de nova regra para contas públicas.

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda nesta sexta-feira (31), em movimento de realização de lucros após 5 altas seguidas, enquanto agentes financeiros continuam digerindo as linhas gerais da novo arcabouço fiscal do país apresentado pelo governo no dia anterior. No acumulado de março, o índice teve queda de 2,9%. O dólar terminou em queda sobre o real.

O Ibovespa caiu 1,77% neste pregão, aos 101.882 pontos, fechando março em baixa acumulada de 2,91%. No trimestre, o indicador da bolsa caiu 7,19%.

O dólar caiu 0,55% no dia, a R$ 5,0691, acumulando no mês uma queda de 2,98% sobre o real. No trimestre, a baixa da moeda foi de 3,96%.

Cenário interno

Investidores continuavam repercutindo nesta sexta a proposta do governo para o novo arcabouço fiscal, que terá uma trava para impedir que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, mas contará também com um limite mínimo para a evolução das despesas, que crescerão sempre acima da inflação.

“Sem entrar no tecnicismo da regra, ela tem dividido os analistas, mas nossa visão é que um limite das despesas por meio da receita passada pode ajudar a conter gastos excessivos”, disse a equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.

Para a equipe da Nova Futura, a dinâmica no mercado local parece bastante incerta, dada a fragilidade a alta do dia anterior, que parece ter refletido a visão de que “um arcabouço ruim é melhor do que nenhum arcabouço”, enquanto há dúvidas sobre como o governo atingirá a trajetória de superávit primário projetada. “Prever quando tal percepção pode acabar é impossível”, afirmou a corretora em nota a clientes.

Dados da B3 também mostram saídas líquidas de estrangeiro da bolsa brasileira, com saldo em março até o dia 28 negativo em R$ 2,566 bilhões.

Nesta manhã, o IBGE divulgou dados da taxa de desemprego, que voltou a crescer no trimestre encerrado em fevereiro e ficou em 8,6%, um aumento de 0,5 ponto percentual na comparação com os três meses anteriores

Dados dos EUA

Investidores também repercutem a notícia de que os gastos do consumidor nos Estados Unidos aumentaram moderadamente em fevereiro e, embora a inflação mostre sinais de arrefecimento, ela permaneceu elevada, o que pode levar o Federal Reserve (Fed) a aumentar a taxa de juros mais uma vez este ano.

Os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,2% no mês passado, informou o Departamento de Comércio nesta sexta. Os dados de janeiro foram revisados para mostrar que os gastos cresceram 2%, em vez de 1,8% conforme relatado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos do consumidor subiriam 0,3%.

Destaques da bolsa

Light

A ação LIGT3 disparou 19%, em dia de volatilidade. A Fitch Ratings cortou novamente as classificações de risco de crédito da Light e suas subsidiárias. Em escala nacional, o rating foi rebaixado de CCC para CC e, na internacional, de CCC+ para CC.

Em fevereiro, a Fitch e outras agências haviam cortado as notas de crédito da elétrica diante da falta de visibilidade da estratégia da empresa para lidar com os próximos vencimentos da dívida em meio a condições mais restritas do mercado de crédito e custos de financiamento mais altos.

Segundo a Fitch, o novo rebaixamento reflete a visão de que há elevada probabilidade de a Light entrar em processo de reestruturação de dívida, conforme declarações públicas da administração da empresa feitas durante teleconferência de resultados nesta semana.

CSN

A ação CSNA3 caiu 0,52%, em dia de alta das commodities no exterior e após a empresa anunciar que seus controladores concluíram um acordo de reestruturação de suas participações no grupo que administra a companhia e acertaram que votarão a favor de um dividendo de R$ 2,3 bilhões.

Também na noite de quinta-feira (30), a CSN anunciou contrato com a CSN Mineração (CMIN3) para financiamento de exportação no valor de até US$ 1,4 bilhão com bancos estrangeiros. Os recursos serão usados para ampliação da capacidade de produção de minério de ferro na mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais. O papel CMIN3 subiu 1,26%.

Vale

A ação da Vale (VALE3) recuou 1,87% à tarde, mesmo diante da alta dos preços das commodities no exterior. A empresa afirmou nesta sexta-feira que ainda não foi notificada sobre decisão que determina depósito judicial de R$ 10,3 bilhões em conjunto com BHP Brasil.

A companhia afirmou em fato relevante ao mercado que a determinação para o depósito publicada pela imprensa seria dividida igualmente entre a Vale a BHP Brasil, em 10 parcelas, com a primeira 40 dias após a publicação da decisão judicial.

“A companhia se manifestará oportunamente no processo sobre a decisão, contra a qual cabe recurso”, afirmou a Vale no fato relevante.

B3

A ação B3SA3 caiu 4,17%. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação das ações da B3 para “neutra” e reduziram o preço-alvo para R$ 12,50, de R$ 15 reais anteriormente, enxergando tendências desafiadoras no horizonte.

Em relatório a clientes, Kaio Prato e equipe afirmaram que veem um ambiente mais difícil para ações com a Selic mais alta por mais tempo, incertezas relacionadas ao cenário macro/fiscal e atividade fraca no mercado de capitais.

Também estimam margens menores e um potencial aumento na competição, enquanto o possível fim do mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP) e a reforma tributária poderão ser “ventos contrários” adicionais, segundo o relatório com data da véspera.

Bolsas mundiais

Wall Street

Wall Street se recuperou nesta sexta-feira e o Nasdaq registrou o maior ganho percentual trimestral desde junho de 2020, à medida que sinais de arrefecimento da inflação reforçaram esperanças de que o Fed possa em breve encerrar as altas agressivas na taxa de juros.

O S&P 500 registrou o segundo trimestre consecutivo de ganhos, alavancado pela alta de mais de 20% do setor de tecnologia.

Os ganhos trimestrais vieram apesar de uma forte queda das ações de bancos, após o colapso de duas instituições financeiras regionais no início deste mês e das preocupações com uma crise maior no setor.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 avançou 1,43%, para 4.108,76 pontos, enquanto o Nasdaq Composite teve alta de 1,74%, a 12.221,91 pontos. O Dow Jones subiu 1,24%, para 33.267,69 pontos.

Europa

As ações europeias subiram nesta sexta-feira, conforme temores de uma crise bancária generalizada continuaram a diminuir e uma queda mensal recorde nos números da inflação da zona do euro e uma baixa no indicador de inflação preferencial do Fed melhoraram o sentimento.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,66%, a 457,84 pontos, e teve um segundo ganho trimestral consecutivo, mas terminou março ligeiramente em baixa.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,15%, a 7.631,74 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,69%, a 15.628,84 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,81%, a 7.322,39 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,34%, a 27.113,95 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,28%, a 9.232,50 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,36%, a 6.046,61 pontos.

Ásia

As ações da China subiram nesta sexta-feira com o crescimento da atividade industrial do país acima das expectativas, enquanto os planos de divisão e listagem de alguns gigantes da internet impulsionaram o sentimento no mercado de Hong Kong.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial da indústria ficou em 51,9, ante 52,6 em fevereiro, segundo dados da Agência Escritório Nacional de Estatísticas, acima da marca de 50 que separa expansão e contração da atividade mensalmente.

“O PMI indica que a recuperação econômica da China está nos trilhos”, disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. “Vimos muitas ações para aumentar a confiança… (o que) ajudará a economia a manter o forte ímpeto. Acreditamos que o crescimento do PIB pode ultrapassar 6% este ano.”

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,93%, a 28.041 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,45%, a 20.400 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,36%, a 3.272 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,31%, a 4.050 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,97%, a 2.476 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,12%, a 15.868 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,05%, a 3.258 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,78%, a 7.177 pontos.

( *com informações da Reuters)

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