As apostas favoráveis ao real por parte de especuladores que operam na Bolsa de Chicago (CME) bateram recorde na semana terminada em 1º de março, com a moeda brasileira atraindo novas compras pela quarta semana consecutiva e em ritmo histórico.
Os números incluem, portanto, dados da última semana de fevereiro e o primeiro dia de março, justamente o período de início da invasão da Ucrânia pela Rússia, evento que provocou uma disparada na volatilidade global e empurrou a moeda russa, o rublo, para uma queda livre que levou a divisa a mínimas recordes sequenciais.
O rublo, aliás, sofreu a maior onda de vendas na CME em 17 meses. O real, por outro lado, registrou a terceira maior compra líquida desde pelo menos 1996, quando os registros começaram a ser feitos.
A moeda brasileira tem se destacado, entre outros motivos, por ser vista como potencial beneficiada do rali das commodities, pelos juros elevados e também pela percepção de que parte do fluxo antes destinado à Rússia poderia se direcionar ao Brasil – ambos os países têm, por exemplo, PIBs de tamanho similar.
O real sobe 9,5% ante o dólar no acumulado do ano, melhor desempenho entre as principais moedas globais.
Nos sete dias até 1º de março, os especuladores na CME compraram, em termos líquidos, 26.003 contratos futuros de real – terceiro maior volume já registrado. Os dados foram compilados pela CFTC, agência de mercados futuros dos EUA.
Com isso, o estoque de apostas “compradas” na moeda brasileira saltou a 50.448 contratos, o maior desde o início da série histórica. O valor é quase o dobro do recorde anterior, de 26.050 contratos, marcado na semana finda em 14 de fevereiro de 2017.
Em quatro semanas consecutivas foram 63.801 contratos na forma de compras líquidas da moeda brasileira – maior número para uma série de quatro dias já contabilizado.
Ao mesmo tempo, o rublo sofreu vendas líquidas na CME, com especuladores desmontando 9.843 contratos futuros da moeda russa – maior liquidação desde setembro de 2020.
Ainda assim, o estoque em contratos de rublo ainda é comprado em 9.674. Mas de toda forma houve uma quebra, já que a moeda vinha de quatro semanas seguidas atraindo compras, e apenas uma semana antes da eclosão da guerra especuladores mantinham em carteira 19.517 contratos que ganhavam com a valorização do rublo.
Na semana em que especuladores se desfizeram em massa dos contratos, a moeda russa despencou 25,2% ante o dólar no mercado interbancário. Entre a mínima de pouco antes do início da guerra e a máxima posterior, a desvalorização chegou a 50,5%.
Enquanto o rublo entrava em queda livre, outras moedas emergentes, assim como o real, atraíram compras.
Especuladores fizeram o maior aporte no peso mexicano na semana desde dezembro passado, com as apostas de alta da moeda batendo máximas desde março de 2020, quando o mundo iniciou o mergulho na crise da pandemia. O rand sul-africano também recebeu novos investimentos.
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