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Finanças

Fundos do Credit Suisse no Brasil perderam R$ 18,5 bilhões em 6 meses

Dados são de um levantamento da Economatica que mostra uma queda de quase 22% na captação líquida no período.

Fundos de investimentos geridos pelo Credit Suisse no Brasil – adquirido esta semana pelo concorrente UBS numa tentativa de encerrar sua pior crise financeira – tiveram captação líquida negativa de R$ 18,5 bilhões nos últimos seis meses. Os dados são de um levantamento feito pela provedora de informações financeiras Economatica/TC, enviados com exclusividade ao InvestNews.

Somente nos últimos sete dias, a captação líquida dos fundos do banco suíço ficou negativa em R$ 1,7 bilhão – apontando para uma forte retirada de recursos dos investidores – redução de 2,25%. Em seis meses, a queda acumulada na captação foi de 21,98%.

REUTERS/Arnd Wiegmann

Fundo mais impactado

O fundo mais afetado foi o CS Evolution DI Master FI RF Ref, principal fundo de renda fixa do banco e fechado para investidores do varejo. Tendo como cotistas outros fundos do Credit Suisse, ele perdeu R$ 6,7 bilhões em captação nos últimos seis meses. 

Felipe Pontes, da Economatica/TC, aponta que o CS Evolution DI Master sofreu resgates importantes em um momento no qual dava bons retornos.

“Em outubro de 2022, o fundo rendeu 1,09%, mas teve uma captação líquida negativa de pouco mais de R$ 4 bilhões, saindo de R$ 13 bi para R$ 8 bi de patrimônio líquido”, avalia. Ele observa que os retornos do fundo começaram a cair só em 2023, antes de estourar a crise do Credit Suisse. 

“Acredito que, por ser um fundo master, os resgates sofridos em 2022 podem ter relação com a situação do mercado. Fundos de renda variável sofrendo resgates, tiveram que resgatar do fundo master, o fundo master teve que se desfazer de posições eventualmente pouco líquidas ou que não estavam marcadas a mercado, o que fez com que a rentabilidade agora no início de 2023 caísse na esteira”, diz Pontes. 

Logo Credit Suisse em sucursal em Berna, Suíça 26/09/2022. REUTERS/Arnd Wiegmann

O levantamento levou em conta 555 fundos de dois braços da gestora: o Credit Suisse Hedging-Griffo Wealth Management (CSHG), focado em private banking, e o Credit Suisse (Brasil). Ficaram de fora fundos imobiliários e dois FIPs (fundos de investimentos em participações). Do total de fundos analisados, mais da metade (54,7%) apresentaram captação negativa em seis meses.

No levantamento, a Economatica excluiu a dupla contagem, para desconsiderar valores alocados pela gestora em fundos da mesma gestão. Com isso, os números mostram o patrimônio médio no período pesquisado e a captação dos fundos.

Fim da crise?

O Credit Suisse, uma das maiores instituições de investimentos do mundo, vinha enfrentando uma crise de confiança no mercado. Após ter elevado seu “seguro contra calotes” (conhecido como CDS) ao maior nível desde 2009, e em meio a notícias sobre planos de reestruturação, investidores passaram a questionar sua saúde financeira.

No último domingo (19), o UBS firmou um acordo de fusão Com o Credit Suisse, após a intervenção de órgãos suíços para evitar o agravamento da crise no CS. O UBS será a entidade sobrevivente após o fechamento da operação de fusão. 

Segundo o acordo de fusão, todos os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS por 22,48 ações do Credit Suisse. Até a consumação da fusão, o CS informou que continuará conduzindo seus negócios no curso normal e implementando medidas de reestruturação em colaboração com o UBS.

Pontes, da Economatica, acredita que não deve haver corrida de resgates muito fortes nesses fundos, dado que o banco já foi adquirido pelo UBS.

Procurada pelo InvestNews, a assessoria do Credit Suisse no Brasil não comentou sobre como devem ficar os negócios e investimentos do banco no país após a fusão com o UBS, mas reafirmou seu posicionamento oficial sobre a fusão.

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