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Finanças

O que explica a alta das ações de empresas ligadas ao consumo doméstico?

Iguatemi, Multiplan, Magazine Luiza, Grupo Soma e Via estão entre as companhias que avançaram na B3 nesta quarta-feira.

Vendas no varejo do Brasil
Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro 16/09/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

Depois de um ano de fortes perdas e um início de 2022 bastante conturbado, o pregão desta quarta-feira (12) foi positivo para as ações do segmento doméstico, como Magazine Luiza, Grupo Soma, Multiplan e Iguatemi, que, no acumulado da semana até agora, registram alta de 1,45%, 5,62%, 8,46% e 15,02%, respectivamente.

Essa valorização se deve especialmente a um fator: a queda na curva de juros, que nada mais é do que uma representação gráfica que reflete as taxas exigidas ou esperadas pelo mercado para determinados prazos no futuro.

Vale lembrar que setores atrelados à atividade interna e de alto crescimento, como é o caso da construção civil, são os mais impactados por ela. “Quando a curva sobe, fica mais caro para o cliente da construtora obter um financiamento para comprar um apartamento, por exemplo, e para a própria empresa na hora de fazer uma operação de crédito”, explicou Eduardo Perez, analista de investimentos. De olho na situação, os investidores tendem a se desfazer das ações dessas empresas, o que gera uma queda nos preços dos papéis.

Depois que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2021 com avanço acumulado de 10,06% (acima do previsto pelo mercado), conforme divulgado ontem pelo IBGE, a tendência seria de avanço na curvas de juros.

Entretanto, não foi o que ocorreu – pelo menos até agora -, conforme explica Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA. “As ações de empresas ligadas à atividade doméstica performam positivamente em resposta ao alívio na curva de juros, que deixaram de lado o IPCA acima das expectativas e refletiram o movimento vindo dos EUA”.

Isso porque, lá nos Estados Unidos, os juros dos treasuries (títulos do tesouro americano, equivalente aos títulos públicos aqui no Brasil) têm caído. Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, lembrou que este cenário fez com que o apetite ao risco (ou seja, a busca por aplicações em bolsa à procura de rendimentos maiores) aumentasse nos mercados globais. “E seguimos essa mesma tendência aqui no Brasil”, enfatizou.

Um dos motivos que contribuiu para um cenário de juros mais baixos dos títulos americanos foi a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na véspera. Jerome Powell afirmou que os Estados Unidos estão em “uma era de juros muitos baixos”, e provavelmente permanecerão nesta configuração, mesmo com as perspectivas de elevação da taxa básica nos próximos meses. “Ele reforçou a fala contracionista sobre aumento de juros, mas deu ânimo ao mercado ao projetar expansão da economia americana”, explicou Crespi.

Por outro lado, o viés positivo para as companhias ligadas ao consumo doméstico pode ser só um recorte momentâneo, já que é difícil prever como ficará a curva de juros daqui em diante. “Nesses últimos dias a curva reagiu muito mais a um fator externo, que foi a queda dos rendimentos dos treasuries nos EUA, do que uma melhora dos riscos interno”, avaliou o sócio da BRA.

Destaques

Dentre os papéis que se destacaram no pregão desta quarta-feira estiverem os do Grupo Soma (SOMA3), que chegaram a subir 8,62% na máxima do dia, para R$ 11,46, enquanto acumula perdas de 16,62% em um ano. “A empresa deve reportar resultados interessantes referentes ao quatro trimestre. Ainda no terceiro trimestre, o grupo apresentou crescimento de três dígitos em algumas divisões, e essa tendência deve continuar”, reiterou o especialista da Guide.

A Magazine Luiza (MGLU3), que também registra recuo de mais de 73% em um ano, foi outro destaque ao subir mais de 7% e ficar com uma das maiores altas do Ibovespa. “É uma das empresas que mais caíram no ano passado, mas há um movimento de repique com empresas queridinhas do setor doméstico”, sinalizou Rodrigo Crespi.

Algumas companhias ligadas ao consumo interno também reagiram a fatores específicos. As units da administradora de shoppings Iguatemi (IGT11) passaram a liderar as altas do Ibovespa em meio aos números animadores divulgados pela concorrente Multiplan (MULT3), que também operou no positivo, embora suas ações acumulem queda de 14,61% nos últimos 12 meses. A Multiplan afirmou que as vendas nos três últimos meses do ano passado somaram R$ 5,6 bilhões, o que representa alta de 8,1% sobre o registrado no mesmo período de 2019. 

Os papéis da Via (VIIA3), que chegam a acumular perda superior a 72% em um ano, também subiram após anunciar a aquisição da CNT, especializada em soluções logísticas para operações de e-commerce e marketplace. Confira outros destaques do pregão.

Desempenho de papéis de empresas voltadas ao consumo interno em um ano:

Ticker Variação em 1 ano em %
VIIA3-72,91
MGLU3-73,91
SOMA3-16,62
IGTI1115,42
MULT3-14,61

Desempenho de papéis de empresas voltadas ao consumo interno na semana até agora:

Ticker Variação semanal em %
VIIA3-1,44
MGLU31,45
SOMA35,62
IGTI1115,02
MULT38,46

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