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Ficou sabendo? Energia no mar; lucro da M. Dias Branco e alta nos imóveis

A próxima safra de lançamentos imobiliários no Brasil deve ter imóveis mais caros por conta da alta dos insumos e dos juros mais elevados.

confiança da construção civil
Vista de prédio em construção no Rio de Janeiro. 27/11/2020. REUTERS/Pilar Olivares

Construtoras devem repassar alta dos insumos

A próxima safra de lançamentos imobiliários no Brasil deve ter imóveis mais caros por conta da alta dos insumos e dos juros mais elevados, de acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.

O tamanho do aumento dos preços vai depender em parte da dinâmica do mercado, mas o setor já vinha sendo impactado nos últimos meses por preços mais altos matérias-primas sem um repasse integral aos compradores.

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), principal referência para o setor imobiliário no país, subiu 21,76% entre setembro de 2020 e o fim de 2021. No período, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Belém, o valor dos imóveis subiu abaixo desse patamar, entre 10% e 15% segundo a CBIC.

Segundo Martins, os efeitos inflacionários da guerra na Ucrânia devem aumentar ainda mais a pressão de custos no setor.

O PIB da construção civil avançou no ano passado 9,7% após amargar uma perda de 6,3% em 2020. Entre 2014 e 2021, o setor sofreu um retração acumulada de 26%.

De acordo com especialistas do setor, os imóveis da atual safra que ainda estão à venda têm preços mais acessíveis por que não embutem essa pressão de preços.

“É inevitável (aumento de preços). É impossível ter alguém que absorva um aumento de custo de 20%”, disse Martins.

O presidente do Sinduscon-RJ, Claudio Hermolin, reforçou que se o setor não conseguir repassar toda a pressão de custos, o ritmo dos lançamentos pode ser reduzido.

“Ninguém vai lançar algo que não consiga trazer rentabilidade”, disse ele Hermolin.

A alta de custos tende a afetar principalmente as famílias mais pobres, que comprometem boa parte da renda na compra do imóvel, disse Martins. Para tentar minimizar os efeitos econômicos sobre esse nicho, o setor da construção tem pedido ao governo federal novas medidas de apoio no âmbito do programa Casa Verde Amarela.

“Esse é o público que teve maior efeito do aumento de preços dos imóveis. Dados da Caixa Econômica mostram que 70% dos mutuários, quase todos do Verde Amarela, usam 100% por cento da capacidade da renda (para pagar prestações)”, alertou Martins.

“Em setembro passado, o governo fez um reajuste nos valores de subsídios, para famílias mais pobres. Nessa semana, o conselho curador da Caixa adotou nova rodada de subsídios.

Shell solicita licença para gerar energia no mar

A Shell anunciou nesta sexta-feira que solicitou licença ambiental para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) para realizar geração de energia eólica no mar em seis Estados do Brasil.

Os projetos estão localizados nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e a capacidade instalada total será de 17 GW.

O envio do pedido para o Ibama é o primeiro passo para garantir os estudos das áreas, que começarão ainda em 2022.

“A iniciativa demonstra o compromisso da Shell com o Brasil, bem como a materialização da estratégia ‘Impulsionando o Progresso’, centrada nas metas de descarbonização para a transição energética”, disse a companhia em nota.

No início de janeiro, o governo federal editou um decreto que abre espaço para o desenvolvimento da geração de energia eólica em alto mar no país, tecnologia bastante adotada na Europa e que entrou no radar de grandes investidores para projetos no Brasil.

Além de Shell, outras empresas como Neoenergia e Equinor têm interesse no desenvolvimento de empreendimentos offshore.

O governo afirma que o Brasil possui “excelentes características” para geração eólica offshore, como uma costa extensa, com águas rasas ao longo do litoral, e a incidência dos ventos alísios na região Nordeste, de intensidade e direção constantes.

Lucro da M. Dias Branco cai 28% no 4º tri

A M. Dias Branco (MDIA3) reportou nesta sexta-feira lucro líquido de 151,1 milhões de reais para o quarto trimestre de 2021, queda de 27,7% no comparativo anual, e aposta em sua estratégia de estoques enquanto monitora o conflito na Ucrânia, que afetou os preços de seu principal insumo, o trigo.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) alcançou 182,7 milhões de reais no último trimestre do ano passado, recuo de 4,9%.

O diretor executivo de Relações com Investidores e Novos Negócios da M. Dias, Fabio Cefaly, disse à Reuters que a empresa –líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil– está encarando com serenidade o cenário de mercado desencadeado pela guerra.

“Nós não compramos trigo da Rússia, nem da Ucrânia. Já fizemos compras pontuais, mas não existe um fluxo de compras com esses países”, afirmou o executivo, citando que seus principais fornecedores do cereal são Argentina, Estados Unidos e Canadá, além do produto nacional.

“Temos quatro meses de estoque, o que nos dá tempo para aguardar os acontecimentos”, acrescentou.

Ele disse que a companhia mantém tradicionalmente este nível de reservas, pensando na garantia da principal matéria-prima da empresa. “Não pensamos em uma guerra, mas pensamos no limite dos riscos”.

Questionado sobre a possibilidade de novos reajustes ao portfólio de produtos, Cefaly afirmou que, se necessário, os preços serão ajustados “à luz do contexto”.

Somente no ano passado, o aumento no custo médio em reais foi de 31,5% para o trigo, 61,4% para o óleo de palma e 35% para o açúcar, conforme balanço da M. Dias.

A Rússia é um dos principais exportadores globais de trigo. Após o início da invasão à Ucrânia, os efeitos sobre o comércio no Mar Negro levaram as cotações globais do cereal a máximas de 14 anos na Bolsa de Chicago.

“Um ponto favorável é que o real apreciou… temos o efeito do preço da commodity e do câmbio, agora talvez o câmbio nos ajude”, pontuou.

No mercado doméstico, a avaliação é de que a situação do consumidor ainda encontra-se difícil, especialmente pelo patamar de inflação que corrói a renda da população.

“Ao mesmo tempo estamos atentos ao cenário macroeconômico do Brasil e externo”, disse ele, ressaltando que a questão inflacionária doméstica torna o pano de fundo mais complexo para fazer “movimentos necessários” na empresa.

Balanço

No acumulado de 2021, a empresa viu o lucro líquido baixar 33,9%, para 505 milhões de reais, e o Ebitda marcar queda de 29,8%, a 683,9 milhões.

De acordo com Cefaly, a diminuição do Ebitda é fruto do aumento de custo com commodities usadas na matéria-prima, câmbio, queda dos volumes comercializados e efeitos não recorrentes que impactaram o resultado de forma positiva em 2020.

“Como nosso endividamento é muito baixo, o lucro acompanha o Ebitda”, afirmou ele.

Em receita, o executivo destacou que houve crescimento no ano (7,7%) e no trimestre (27,2%), em função, principalmente, do aumento de dois dígitos dos preços médios no portfólio de produtos para repasse dos custos.

Por outro lado, o reajuste nos preços praticados pela companhia afetou o volume comercializado, que baixou 14,3% no ano, para 1,7 milhão de toneladas. Segundo Cefaly, os principais ajustes na precificação dos produtos foram feitos no primeiro trimestre, e a recuperação nas vendas ocorreu gradativamente desde então, até o fim de 2021.

“Houve um processo de negociação mais complicado com os clientes. De lá pra cá isso foi melhorando e conseguimos no final do ano uma recuperação”, disse.

Apesar das adversidades internas e externas, o executivo considera que o balanço da companhia está forte, o que a habilita para fazer novos investimentos.

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