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O que é circuit breaker? Entenda e relembre as ‘paradas’ da bolsa brasileira

Em momentos de forte volatilidade na bolsa de valores, a regra interrompe momentaneamente as negociações.

REUTERS/Paulo Whitaker

Em momentos de forte volatilidade na bolsa de valores, existe uma regra que interrompe momentaneamente as negociações. Ela é chamada de circuit breaker.

Entenda abaixo como funciona esse mecanismo e quando ele já foi acionado na bolsa brasileira, a B3.

O que é circuit breaker?

Criado para proteger e acalmar a volatilidade do mercado financeiro, o mecanismo de circuit breaker foi estabelecido no Brasil em 1997 para paralisar as negociações por um tempo quando há queda brusca no principal índice da B3, o Ibovespa.

De acordo com o Manual de Procedimentos Operacionais da B3, o circuit breaker interrompe a “negociação de ativos, das opções referenciadas em ações, sobre Ibovespa, sobre IBrX-50 e cotas de fundo de índice (ETF), renda fixa privada em momentos atípicos de mercado em que há excessiva volatilidade”. 

Em ordem sequencial, as regras são:

  • Quando Ibovespa tiver desvalorização de 10% ou mais em relação ao índice de fechamento do dia anterior, a negociação é interrompida por 30 minutos;
  • Reabertas as negociações, caso o Ibovespa atinja oscilação negativa de 15% ou mais em relação ao pregão anterior, a interrupção é de 1 hora;
  • Reabertas as negociações, caso a oscilação atinja 20% ou mais em relação ao fechamento do dia anterior, a B3 determina a interrupção da negociação por período por ela definido. 

Ainda segundo o manual, as regras de circuit breaker não se aplicam nos últimos 30 minutos de funcionamento da B3. Se a interrupção da negociação ocorrer na última hora, o horário de encerramento da bolsa será prorrogado por, no mínimo, 30 minutos para reabertura e negociação ininterrupta dos ativos e dos derivativos.

Quantas vezes a bolsa brasileira acionou o circuit breaker?

A bolsa de valores brasileira já acionou 22 vezes o circuit breaker até outubro de 2022. A última foi em 9 março de 2020. Na época, a expansão da covid-19 pelo mundo e a classificação de pandemia pelo Organização Mundial da Saúde (OMS), somada à guerra de preço do petróleo após embate entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia, levou à disparada do dólar e do risco-país, derrubando a bolsa – o dispositivo foi acionado três dias consecutivos. 

Além de 2020, a bolsa acionou o mecanismo em outras cinco oportunidades. Em 18 de maio de 2017, no episódio conhecido como “Joesley Day”, quando o empresário Joesley Batista, dono da JBS (JBSS3), deu detalhes de operações que envolviam importantes nomes de políticos, entre eles o do então presidente Michel Temer. O Ibovespa caiu 8,8% e foi a 61 mil pontos.

Na crise do subprime nos EUA, em 2008, quando houve estouro da bolha de investimentos de hipotecas no mercado financeiro que se alastrou para o mercado bancário e para o mundo.

Antes da crise, os bancos e financeiras aproveitaram o excesso de liquidez no mercado internacional para financiar a compra de casas a juros baixos para pessoas com histórico de crédito ruim, tendo o próprio imóvel como única garantia. Com a falta de pagamento, houve a quebra de diversos bancos, entre eles o Lehman Brother. No Brasil, a bolsa foi interrompida seis vezes entre 29 de setembro e 22 de outubro.

Em 13 e 14 de janeiro de 1999, a bolsa interrompeu as atividades durante período de desvalorização do real devido à mudança no regime cambial. O Banco Central abandonou o regime de bandas cambiais, que mantinha o dólar quase fixo, para operar em câmbio flutuante. 

Entre 21 de agosto e 17 setembro de 1998, o circuit breaker foi acionado em cinco oportunidades em decorrência da crise financeira da Rússia. O mercado financeiro teve fuga de capitais e queda do preço do petróleo, o que levou o governo russo a declarar que não conseguiria pagar suas dívidas interna e externa.

Em outubro de 1997, a bolsa de Hong Kong caiu 10,4% e arrastou as demais bolsas asiáticas, entre elas a da Tailândia, Malásia, Filipinas e Coreia do Sul. Conhecida como crise dos tigres asiáticos, o fenômeno é considerado a primeira crise da era das finanças globais com a fuga de capitais e deflação de ativos financeiros das economias da região. No Brasil, o mecanismo foi acionado três vezes: em 28 de outubro e em 7 e 12 de novembro. 

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