Ao investir em um título do Tesouro Direto ou investir em ações comprando pelo aplicativo de sua corretora, o investidor está acessando produtos financeiros por conta própria e de maneira direta. No entanto, existe também a opção de acessar produtos mais sofisticados do mercado, por meio dos fundos de investimento.
Veja abaixo os principais pontos para entender o que são fundos de investimento e como funcionam. Para elaborar o conteúdo, o InvestNews ouviu Tiago Feitosa, fundador da T2 Educação, e considerou ainda conteúdo da gestora Vérios.
O que são fundos de investimento?
Em um fundo, o investidor não acessa diretamente um produto financeiro como uma ação ou um título público. Em vez disso, ele compra a cota de um fundo e este sim vai ao mercado em questão, fazendo a gestão da carteira e acessando ativos muitas vezes inatingíveis pelos investidores pessoas físicas.
Os fundos são frequentemente definidos como um “condomínio” de investimentos. Por essa comparação, cada condômino seria dono de uma cota (um apartamento), pagando a um gestor ou administrador (síndico ou administrador) para administrar e coordenar as diversas tarefas do condomínio.
Como funcionam os fundos de investimento?
Funciona assim: vamos supor que, em vez de comprar ações por R$ 100, um investidor coloque esse dinheiro em um fundo de ações. Além dele, outros investidores também colocam dinheiro neste mesmo fundo. A soma do dinheiro de todos esses investidores é o chamada patrimônio líquido do fundo.
O fundo, então, irá até o mercado de ações e fará os investimentos com os recursos dos participantes – que, no caso, são chamados de “cotistas”, pois seu investimento foi, na verdade, a compra de uma cota de um fundo. Os rendimentos que o fundo conseguir, então, são repassados aos investidores como rentabilidade, de acordo com as regras do regulamento do investimento.
Assim como ações, existem ainda fundos que investem em outros tipos de ativos. A rentabilidade depende da proposta do fundo. Cada um tem um objetivo, que pode ser de acompanhar ou superar o seu benchmark, como o Ibovespa, o DI e diversos outros exemplos.
Para isso, o fundo conta com um gestor, alguém especializado que analisa o mercado para conseguir os melhores investimentos e resultados possíveis. Além do gestor, o fundo conta ainda com o administrador, que é a pessoa jurídica que responde por ele.
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Fundos abertos x fundos fechados
Existe uma variedade grande de tipos de fundos de investimento. A primeira escolha que o investidor precisa fazer é se ele será cotista de um fundo aberto ou fechado.
Fundos de investimento abertos
Em um fundo aberto, o primeiro princípio é que qualquer investidor, em qualquer momento, pode comprar cotas. Isso porque, por ser aberto, o fundo tem um número ilimitado de cotas. Assim, quando entra um novo investidor, são geradas novas cotas.
Dentro da gama dos fundos de investimento abertos, existem aqueles que possuem carência, ou seja, o investidor precisa aguardar vencer um determinado prazo se quiser sacar seus recursos. Já nos fundos sem carência, é possível entrar e sair do investimento a qualquer momento.
Fundos de investimento fechados
Fundos de investimento fechados possuem um número limitado de cotas. Por exemplo: um determinado administrador anuncia que vai abrir um fundo para captar R$ 10 bilhões de reais. Começa, então, o período de captação no qual investidores interessados compram cotas desse fundo. Quando termina esse prazo, não é mais possível entrar.
Outra diferença é o prazo de resgate, pois há fundos fechados que possuem data determinada de encerramento. Nesse caso, se o investidor quiser seu dinheiro de volta antes do prazo, ele não pode fazer o resgate de suas cotas devolvendo-as ao administrador, mas é possível negociá-las no mercado secundário (ou seja, um investidor vende cotas a outro, sem compra direta do próprio administrador do fundo). Isso é feito por meio de uma instituição financeira, e o fundo precisa estar com as cotas listadas na bolsa de valores.
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Tipos de fundos
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) classifica os fundos de investimento de acordo com o risco que eles oferecem. Veja abaixo:
Fundo cambial
Se o fundo investe pelo menos 80% de seu patrimônio em ativos que têm como principal fator de risco a variação cambial, ele é classificado como um fundo cambial.
Fundo de ações
Nesse tipo de fundo, o patrimônio deve ter um mínimo de 67% investido em ativos de renda variável como ações e recibos de ações negociadas em bolsa, como os BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
Fundo multimercado
Nesse caso, não existe uma regra quanto ao percentual mínimo do patrimônio a ser investido pelo fundo em determinado tipo de mercado. Por isso, é chamado de fundo multimercado. Neste tipo de fundo, o gestor é livre para incluir na carteira qualquer tipo de ativo, como câmbio, juros, ações ou títulos públicos, por exemplo.
Fundo de renda fixa
Para ser classificado como tal, um fundo precisa investir ao menos 80% de seu patrimônio em ativos de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) ou letras de crédito (LCIs e LCAs, por exemplo)..
Dentro da classificação de fundos de renda fixa, existem ainda 4 subclassificações:
Título de renda fixa simples
Esses fundos investem 95% do patrimônio em títulos públicos federais com baixo risco de mercado – Letra Financeira do Tesouro Nacional (LFT) ou títulos privados cuja classificação de risco do emissor seja igual ou superior à do governo federal. Por isso, é considerado o fundo de investimento mais conservador.
Referenciado
Esses fundos investem 95% do patrimônio em ativos com rentabilidade atrelado ao benchmark do fundo. Um dos exemplos mais comuns é o fundo referenciado DI.
Fundo de renda fixa dívida externa
Esses fundos investem 80% do patrimônio em ativos emitidos pelo governo para captar recursos fora do Brasil – ou seja, ativos que representam a dívida externa do país.
Fundo de curto prazo
A classificação está relacionada ao prazo dos ativos que compõem a carteira do fundo, Para que um fundo se enquadre nesse perfil, o prazo médio da carteira deve ser inferior a 60 dias, e nenhum ativo pode ter prazo superior a 375 dias.
É seguro investir em fundos?
O risco do investimento varia de acordo com o tipo do fundo. Um investidor que escolha um fundo de renda fixa simples, por exemplo, deve ter menos riscos do que aquele que optar por um fundo de ações ou um fundo cambial. Essa escolha deve ser feita considerando o perfil do investidor.
É importante ressaltar ainda que as cotas de fundos não têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), embora algumas aplicações em si sejam protegidas. Por exemplo: um investidor que colocou seu dinheiro em um fundo não está coberto pelo FGC, mas o patrimônio que esse fundo investiu em ativos protegidos, como CDBs, LCIs ou LCAs, está garantido.
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Vantagens dos fundos de investimento
Veja abaixo 3 prós e 3 contras ao investir em fundos:
Vantagens | Desvantagens |
Gestão profissional: gestores de fundos precisam ser profissionais especializados. Eles se dedicam em tempo integral à gestão dos recursos de forma eficiente – possibilidade que o investidor pessoa física geralmente não tem. | Custos: Para manter a estrutura operacional, existe cobrança de taxa de administração. O investidor precisa ter atenção, porque taxas muito elevadas podem comprometer bastante a rentabilidade dos fundos. |
Alinhamento de interesses: O gestor do fundo é remunerado pelas taxas de administração e performance. Apesar de não ser um modelo perfeito, ele tem mais alinhamento aos interesses do cliente que um gerente de banco ou uma recomendação de corretora | Cadastro: Os fundos possuem uma estrutura de controle rígida e são extremamente regulamentados, sendo exigido um cadastro um pouco extenso e novas assinaturas a cada fundo |
Diversificação: Por ter valores mínimos de entrada geralmente baixos, fundos permitem montar uma carteira diversificada a partir da alocação em estratégias diversas, com diferentes níveis de risco e retorno | Informação: Apesar de todos os dados disponíveis no site da CVM sobre as carteiras, regulamentos e formulários dos fundos, muitas vezes as informações são pouco claras e acessíveis para o investidor comum, que pode ficar sem saber exatamente onde está investindo |
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Como escolher um fundo de investimentos
É preciso ler com atenção o regulamento e avaliar os riscos. Há ainda outros documentos para que o investidor possa se informar sobre um fundo antes de investir, como a lâmina de informações essenciais e o formulário de informações complementares. Esses dados são fornecidos pelo próprio administrador do fundo.
O investidor tem também à disposição diversas ferramentas para comparar a rentabilidade para escolher os melhores de fundos de investimento para seu perfil, objetivo e planejamento financeiro. Uma delas é o comparador de fundos da Vérios, que analisa rentabilidade, histórico, volatilidade e patrimônio dentre mais de 40 mil fundos.
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