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Negócios

Siderúrgicas devem estar entre os destaques negativos da temporada de balanços

Especialistas apontam ainda que há dúvidas sobre as projeções para varejo e construção.

As empresas do setor de varejo devem apresentar resultados mistos na temporada de balanços do terceiro trimestre de 2022, dependendo do segmento de atuação. Enquanto isso, o alerta negativo está sobre as siderúrgicas, enquanto o setor de construção civil gera dúvidas. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo InvestNews sobre as expectativas para a divulgação de resultados das empresas listadas na bolsa de valores nos próximos dias. 

A temporada de balanços financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2022 começou no dia 18 de outubro. A empresa de logística Sequóia (SEQL3) deu o pontapé inicial nas divulgações das empresas listadas na B3. Já a última divulgação prevista é da produtora de alimentos Camil (CML3), que acontece com atraso, apenas em janeiro de 2023.

Veja abaixo as principais expectativas por setor:

Varejo: resultados mistos por segmento

Vista de unidadade da varejista Lojas Renner. (Foto: Marcos Gouveia 20/10/2020/ Divulgação.)

De maneira geral, Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management, fiz que, “por mais que o mercado interno brasileiro tenha apresentado um cenário de deflação, as empresas do setor de varejo devem apresentar uma fraca recuperação, devido ao cenário externo, com a alta de juros nos EUA”. 

Mas os especialistas apontam que a expectativa é diferente para os balanços de empresas do varejo de acordo com o segmento de cada uma. Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, aponta como possível destaque negativo, por exemplo, o varejo de moda, representado na bolsa por empresas como Grupo Soma (SOMA3) e Lojas Renner (LREN3). Isso porque o segundo trimestre foi ajudado por eventos que não devem se repetir, como “uma antecipação do inverno” e a retomada das atividades presenciais após a pandemia. 

“O inverno chegou mais cedo, então pegou o segundo trimestre de vendas mais elevadas de coleção de inverno. E também a gente tinha uma demanda reprimida, algumas empresas tiveram um volume de vendas maior por conta dessa retomada. Então, talvez isso não se repita no terceiro trimestre”, diz ele.

Já para o chamado “varejo discricionário”, segmento de empresas como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), Piovesan aponta que as projeções são mais positivas, especialmente pelo aumento da renda dos consumidores. “A gente tem desde agosto um aumento do Auxílio Brasil. A gente teve a liberação também do consignado do Auxílio Brasil. E também a redução do ICMS nos combustíveis.”

“Isso pode impulsionar as vendas no varejo, principalmente a parte de eletrônicos, que foi um setor que, desde o final do ano passado, está sofrendo com vendas mais fracas. Tem saído informações de pesquisas setoriais de que essa demanda está voltando”, diz o analista. 

Para ele, esse movimento também deve ajudar os shoppings, como Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11), “por questão também da volta da circulação de pessoas e poder de repasse dos aluguéis para as lojas”.

Ainda no setor de varejo, Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, acredita que um segmento que deve apresentar bons resultados é o de atacarejo, representado na bolsa por empresas como Grupo Mateus (GMAT3).

“Eles devem performar bem porque está havendo uma busca por preços menores, e isso leva a um aumento do número de consumidores que vão buscar suas compras nesses locais. E isso tanto via migração de outros clientes quanto dos próprios clientes que já estavam acostumados a comprar nessas lojas”, diz Martinez. 

Gonçalvez, da Box Asset, acrescenta que os números do varejo no terceiro trimestre devem seguir uma lógica parecida com as expectativas do período anterior, com resultados melhores de empresas voltadas para consumidores de alta renda. Ele cita exemplos como Arezzo (ARZZ3) e Vivara (VIVA3), “com margens melhores”. 

Preocupação com materiais básicos

Funcionário trabalha no alto-forno da siderúrgica Usiminas 17/04/2018 REUTERS/Alexandre Mota

Bruno Madruga, sócio e Head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos, afirma que o cenário externo negativo certamente prejudicou os resultados de empresas de materiais básicos no terceiro trimestre. Ele aponta que empresas desse setor são “mais dependentes de um mercado externo, seja europeu, seja chinês”, o que é um sinal de alerta “pela crise que tem se apresentado lá fora“.

“Então, os resultados devem ser um pouco piores. Setor de mineração, setor de siderurgia e também papel e celulose pode ser que apresentem resultados que não sejam tão satisfatórios em virtude desses últimos movimentos globais.” 

Martinez, da Kilima Asset, também afirma que o setor de siderurgia deve apresentar performance abaixo do mercado em geral. “A gente vê várias empresas que devem ter custos maiores por causa da inflação e receitas piores, principalmente causadas pela desaceleração chinesa. Então, a gente vê que, tanto na questão de volume quanto na de preço, eles devem sofrer e entregar resultados piores”, explica. 

Já para empresas de petróleo, como Petrobras (PETR3 e PETR4) e PRIO (PRIO3), Piovesan, da Quantzed, prevê bons resultados, e cita dois motivos. “Um deles é que, embora no terceiro trimestre o preço do barril de petróleo tenha caído continuamente, ele tem ficado na média entre US$ 90 e US$ 100. É um patamar considerado razoavelmente elevado. E as empresas soltaram prévias positivas, dados de produção positivos no trimestre.”

Afinal, o que esperar da construção?

Analistas ouvidos pelo InvestNews discordaram em relação às expectativas para os balanços das empresas do setor de construção civil.  

Madruga, da Monte Bravo, diz que no geral a expectativa é positiva para o setor, “impactado até pela tomada de decisão da taxa de juros, que não vai subir, permaneceu em 13,75%. Então, o resultado dessas empresas, com o mercado já se adaptando a esse novo cenário, deve ser bem interessante.”

Ele destaca positivamente “principalmente o segmento de baixa renda, até pela questão também da prorrogação do Auxílio do governo, também pode ter um benefício. E o acesso facilitado ao crédito para frente.” 

Por sua vez, Gonçalvez, da Box Asset, acredita que as empresas de construção civil devem se destacar entre os piores resultados no terceiro trimestre, mesmo em meio ao cenário de deflação. Ele aponta como o principal motivo os juros altos, que encarecem o custo de financiamento.“É o caso da MRV, que teve seus últimos resultados impulsionados pela Resia, sua subsidiária nos EUA. A prévia operacional da MRV desapontou o mercado”, cita ele.

Leonardo Piovesan, da Quantzed, pondera que, “no setor de construção, a gente pode ver resultados um pouco dispersos”. “Ao mesmo tempo em que teve algumas empresas que soltaram prévias positivas, como Cyrela (CYRE3) e Plano & Plano (PLPL3), a gente teve prévias que foram aparentemente bem negativas, como é o caso da MRV (MRVE3), que reportou uma queima de caixa bem grande, assim como a prévia da Tenda (TEND3), que está passando por dificuldades. A da Even (EVEN3) também não foi bom.” 

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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