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Economia

Copom eleva Selic para 4,25% ao ano e indica que deve manter o ritmo de alta

É a terceira elevação seguida da taxa básica de juros.

Sede do Banco Central, em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,75 ponto percentual. Com isso, ela passa de 3,5% ao ano para 4,25% ao ano. O órgão também sinalizou que pode manter o ritmo de alta em sua próxima reunião, a depender das condições de inflação e da economia (veja trechos do comunicado abaixo).

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É a terceira alta consecutiva da Selic desde que o BC iniciou seu mais recente ciclo de alta, em março deste ano, saindo da mínima história de 2% ao ano. Em sua última decisão, em maio, o Copom também elevou a Selic em 75 pontos-base.

Em seu comunicado, o Copom informou que, para a próxima reunião, antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude.

“Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação”, informou o BC no documento.

O órgão acrescentou que é apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro.

“Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação. O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”.

A maior parte do mercado apostava na alta para 4,25% ao ano, já que ela vinha sendo sinalizada pelo Copom em seus comunicados. No entanto, dados recentes sobre a inflação levantaram dúvidas se o BC não poderia agir com mais intensidade.

Na última quarta-feira (9), números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revelaram uma inflação acima do previsto no mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio ficou em 0,83%, maior resultado desde 1996 e acima da expectativa de 0,71%, considerando pesquisa feita pela agência Reuters. Em 12 meses, o indicador passou os 8%, ficando acima da projeção de 7,93% e do teto da meta de inflação do BC, de 5,25%. 

Além dos números mais recentes do IPCA, outros fatores também elevaram os temores sobre a inflação, como a economia crescendo mais que o esperado, o que deve aquecer o consumo e, consequentemente, os preços. Há ainda a pressão da alta das commodities e o aumento nos custos da energia por causa da crise hídrica.

Nesse cenário, o mercado elevou ainda mais a perspectiva de alta de juros neste ano. De acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (14) pelo BC, a expectativa para a Selic agora é de que ela termine 2021 a 6,25%, mais que os 5,75% da projeção anterior. 

Percepção do mercado

Para Flavio Aragão, sócio da 051 Capital, o resposta do Banco Central frente a inflação elevada foi propicia para o momento atual, com o fluxo de repasses de preço na indústria e a crise hídrica que vão agravar ainda mais a situação. O setor de serviços, que deve retomar com o aumento da vacinação, também contribui com a alta nos preços.

“O Comitê indicou que caminha para uma taxa neutra de juros, estimada em 3% de juro real, considerando a meta de inflação de 3,50% veremos uma taxa Selic na faixa de 6,25% a 6,75% no final do ano”, defende.

Já João Beck, economista e sócio da BRA, acredita que o comunicado do Copom foi mais duro que os anteriores e não passou a mensagem de que o Brasil exige níveis estimulativos de juros. “Por aqui não há debate se choques inflacionários são temporários ou não, o Copom vai agir de qualquer forma”, aponta.

O tom mais rígido do comunicado deixou engatilhada uma alta de 0,75 pontos para a próxima reunião, embora esta possa ser maior a depender do cenário inflacionário.

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