Guia sobre fundos de renda fixa: entenda e tire suas dúvidas

Conheça os diferentes tipos de investimento desta categoria

Pessoa colocando uma moeda no cofrinho de porquinho rosa enquanto segura com a mão. Cozinha de economia, finanças pessoais e poupança.

Os fundos de renda fixa são veículos de investimento coletivo que aplicam predominantemente em ativos de renda fixa, como títulos públicos e privados. Regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esses fundos deverão manter um percentual mínimo de seus recursos investidos nesses instrumentos, em conformidade com as normas aplicáveis. 

Essa estrutura possibilita ao investidor acesso a uma carteira desenvolvida e administrada por profissionais especializados, o que potencializa a segurança e a eficiência na gestão de recursos. A composição dos fundos de renda fixa pode variar de acordo com o objetivo do fundo, o perfil de risco dos investidores e a estratégia empregada pela equipe de gestão, oferecendo alternativas para diferentes necessidades e expectativas de retorno.

O que são fundos de renda fixa? 

Os fundos de renda fixa são uma forma prática de investir em diversos títulos de renda fixa por meio de um único produto. Ao comprar cotas, o investidor passa a ter acesso a uma carteira diversificada, que pode incluir CDBs, LCIs, LCAs, debêntures e títulos públicos.

Esses fundos reúnem recursos de vários investidores e aplicam pelo menos 80% de seu patrimônio em ativos de renda fixa, em conformidade com as regras da CVM. A seleção e o acompanhamento dos investimentos ficam a cargo de gestores profissionais, que buscam equilibrar segurança, rentabilidade e liquidez de acordo com as estratégias do fundo.

Como funcionam os fundos de renda fixa?

Esses fundos funcionam como uma espécie de “condomínio de investimentos”. Cada pessoa que aplica torna-se cotista e passa a ter direito a uma parcela proporcional dos resultados obtidos pelo fundo. 

A gestão desses fundos é feita por um gestor profissional, responsável por avaliar e escolher os ativos que farão parte do fundo, sempre respeitando a estratégia definida no regulamento. Por isso, é importante que o investidor pesquise sobre o gestor responsável, verificando se é uma instituição idônea, se tem boas referências no mercado e se o histórico de performance é positivo.

Em geral, os fundos de renda fixa investem a maior parte do patrimônio em títulos de dívida, que podem ter rentabilidade prefixada, atrelada à inflação ou à taxa Selic.

Rendimentos do fundo de renda fixa

Os rendimentos dos fundos de renda fixa são gerados a partir da rentabilidade dos ativos que compõem sua carteira. 

A maioria dos fundos reinveste automaticamente os seus rendimentos, o que se reflete na valorização das cotas. No entanto, alguns fundos adotam uma política de distribuição periódica, repassando os lucros aos cotistas em forma de rendimentos mensais, trimestrais ou semestrais, conforme o regulamento.

Diversos fatores influenciam essa rentabilidade, como a taxa de juros básica da economia (Selic), o tipo de título presente na carteira (pós-fixado, prefixado ou atrelado à inflação) e a estratégia adotada pela gestão do fundo. A movimentação do cenário econômico, como variações na inflação e nas expectativas de mercado, também pode impactar os resultados.

Custos dos fundos renda fixa 

Investir em fundos de renda fixa envolve alguns custos que devem ser considerados.

  • Taxa de administração: é destinada ao pagamento da estrutura, do gestor e da instituição emissora deste fundo. Os percentuais variam conforme o tipo e a instituição gestora.
  • Taxa de performance: embora seja mais comum em fundos multimercado ou de ações, alguns fundos de renda fixa também podem cobrar taxa de performance. Ela ocorre quando a rentabilidade de um fundo rende acima de um determinado índice de referência.
  • Imposto de Renda (IR): a tributação ocorre de maneira regressiva dependendo da classificação tributária do fundo, de curto ou longo prazo. Os de curto prazo são formados por papéis com vencimento máximo de 360 dias e os de longo prazo com vencimento acima de 360 dias. Veja a seguir as alíquotas para cada tipo:
PeríodoCurto PrazoLongo prazo
Até 180 dias22,5%22,5%
De 181 a 360 dias20%20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Tabela regressiva do Imposto de Renda — Fonte: Receita Federal 

Esse valor incide automaticamente sobre o lucro do investimento, seja no momento do resgate da aplicação, seja nos meses de maio e novembro, em que a cobrança do IR é antecipada pela Receita Federal por meio do come-cotas. As alíquotas do come-cotas são de 20% para curto prazo e 15% para longo prazo. Lembre-se: alguns fundos compostos de LCI/LCA e debêntures incentivadas podem ter rendimento isento de IR.

  • IOF: incide sobre os investimentos apenas nos primeiros 30 dias da aplicação, de forma decrescente. Caso o resgate seja realizado após esse período, o IOF será zerado. 

Alguns fundos podem ter ainda outros custos, como taxa de custódia ou auditoria, previstos no regulamento. Embora menos comuns, esses encargos também são diluídos na cota.

Simulador 

Para simular o retorno de investimentos em debêntures e outros produtos de renda fixa, é possível utilizar o simulador de investimentos do InvestNews. A ferramenta permite inserir valores, prazos e tipos de remuneração para visualizar cenários de rentabilidade de forma simples e didática. 

É uma forma prática de comparar alternativas para ajudar na tomada de decisão.

Vantagens dos fundos renda fixa 

Uma das principais vantagens é a diversificação. Ao aplicar em um fundo, o investidor acessa uma carteira composta por diversos ativos, o que dilui os riscos e aumenta as possibilidades de retorno.

A gestão profissional é outro diferencial. Um gestor especializado é responsável por acompanhar o mercado, selecionar os ativos e ajustar a estratégia conforme o cenário econômico. 

Além disso, os fundos permitem aportes acessíveis e trazem benefícios em termos operacionais. Não é necessário se preocupar com prazos, reinvestimentos ou liquidez individual de cada título.

Comparados a outros produtos de renda fixa, os fundos também se destacam pela flexibilidade e variedade. É possível escolher entre diferentes prazos, perfis de risco e estratégias, de acordo com os objetivos de cada investidor.

Tipos de fundo de renda fixa 

Os fundos de renda fixa são classificados de acordo com a sua composição, prazo e objetivos. Veja, a seguir, os principais tipos.

Fundo de renda fixa simples 

O fundo de renda fixa simples é uma categoria com regras mais conservadoras. Por isso, pelo menos 95% do patrimônio deve estar aplicado em títulos públicos federais ou em títulos privados de baixo risco.

Esse tipo de fundo também pode aplicar em operações compromissadas lastreadas nesses ativos e utilizar derivativos apenas para proteção da carteira (hedge), sem fins especulativos. Investimentos no exterior não são permitidos.

Normalmente esses fundos são visados por investidores iniciantes que buscam segurança, simplicidade na gestão e baixo custo.

Fundo de renda fixa de curto prazo 

Os fundos de renda fixa de curto prazo concentram seus investimentos em ativos com vencimentos mais próximos, buscando menor exposição a oscilações de mercado. Eles aplicam seus recursos, majoritariamente, em títulos públicos federais ou em títulos privados de baixo risco, com prazo máximo de 360 dias e prazo médio da carteira inferior a 60 dias.

Também podem investir em operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais e em cotas de fundos de índice (ETFs) que mantenham essa mesma composição conservadora.

Por conta dessas características, são indicados para investidores com perfil mais conservador ou que buscam alternativas para prazos mais curtos.

Fundo de renda fixa de longo prazo

Fundos de renda fixa de longo prazo são aqueles que investem majoritariamente em títulos com vencimento superior a 360 dias. Essa característica oferece maior flexibilidade ao gestor para compor a carteira com diferentes tipos de ativos, como títulos públicos e privados, que podem ser prefixados ou pós-fixados.

Por contar com papéis de prazo mais longo e, muitas vezes, maior risco de crédito, esse tipo de fundo pode apresentar mais oscilações no curto prazo. No entanto, também oferece a possibilidade de retornos mais altos em comparação a fundos de curto prazo ou simples.

Esse tipo de fundo costuma ser mais adequado para investidores com objetivos de médio a longo prazo, que buscam rentabilidade superior e estão dispostos a aceitar um pouco mais de risco

Fundo de renda fixa referenciado ao DI 

Como o próprio nome sugere, estes fundos buscam refletir o desempenho do índice DI (taxa de juros interbancária), por isso, são uma opção para os investidores que procuram uma alternativa segura e com baixo risco de crédito. Eles são especialmente indicados para investidores que querem preservar o capital, mas sem abrir mão de um retorno superior ao da poupança.

Os títulos que compõem a carteira desses fundos são, em sua maioria, de curto prazo e de baixo risco, com o objetivo de oferecer uma rentabilidade próxima à taxa básica de juros da economia (a taxa SELIC), com um nível de risco reduzido. 

Fundo de renda fixa dívida externa 

Este tipo de fundo destina pelo menos 80% de seu patrimônio a títulos de dívida emitidos pelo governo, negociados no mercado internacional e que compõem a dívida externa do país. Os recursos restantes costumam ser aplicados em outros títulos de crédito também negociados fora do Brasil. Como as cotas e os ativos desses fundos são denominados em moeda estrangeira, os investidores ficam expostos ao risco cambial, o que pode ampliar tanto os ganhos quanto as perdas.

Esses fundos são indicados para quem busca diversificação internacional e está disposto a assumir uma exposição maior ao risco, especialmente em troca de potencial de retorno superior. São ideais para investidores com perfil mais arrojado, que desejam explorar oportunidades no mercado global e acompanhar o desempenho dos ativos fora do Brasil.

Fundo de renda fixa de crédito privado

Os fundos de crédito privado aplicam a maior parte dos recursos em títulos de dívida emitidos por empresas, como debêntures, CDBs, LCIs e LCAs.

Esses fundos costumam oferecer rentabilidade superior à dos fundos que investem só em títulos públicos, mas assumem mais risco, já que dependem da saúde financeira das instituições emissoras. 

São indicados para investidores com perfil moderado ou arrojado, que buscam retornos melhores e estão dispostos a aceitar maior exposição ao risco de crédito.

Quando vale a pena investir em fundos de renda fixa? 

Fundos de renda fixa tendem a ser indicados para investidores com perfil conservador, que buscam menor exposição ao risco e maior previsibilidade nos rendimentos.

Esse tipo de fundo também costuma ser recomendado para quem está iniciando no mercado financeiro ou precisa compor uma reserva de emergência, desde que o produto ofereça liquidez compatível com esse objetivo.

Em cenários de juros elevados, os fundos de renda fixa ganham destaque, especialmente aqueles que aplicam em títulos públicos ou privados atrelados à taxa Selic ou ao CDI.

Riscos de investir em fundo de renda fixa 

Assim como qualquer investimento, os fundos de renda fixa também apresentam riscos que precisam ser considerados antes de investir.

O principal é o risco de mercado, que ocorre quando há oscilações nos preços dos ativos que compõem a carteira do fundo. Mesmo sendo de renda fixa, esses títulos podem ter variações de preço com base em fatores como a taxa de juros, a inflação e as condições econômicas.

Outro ponto importante é o risco de crédito. Alguns fundos investem em títulos emitidos por instituições financeiras ou empresas. Caso o emissor enfrente dificuldades financeiras, pode haver atraso ou até inadimplência no pagamento.

Também existe o risco de liquidez, especialmente em fundos com ativos menos negociados no mercado. Isso pode dificultar o resgate no momento desejado, ou fazer com que ele ocorra com deságio.

Além disso, os fundos de renda fixa estão sujeitos à tributação e à cobrança de taxas. Esses custos impactam a rentabilidade final e devem ser considerados na decisão de investimento.

Como monitorar o desempenho dos fundos de renda fixa?

Acompanhar a performance do fundo é fundamental para entender se ele está cumprindo seu papel dentro da estratégia do investidor. Isso pode ser feito por meio dos relatórios periódicos disponibilizados pelas gestoras, como o informe mensal e a lâmina do fundo. Esses documentos trazem informações detalhadas sobre a composição da carteira, movimentações recentes, rentabilidade acumulada e comparações com benchmarks.

Além disso, indicadores como o retorno acumulado, volatilidade, índice de Sharpe e aderência ao índice de referência (tracking error) ajudam a avaliar a consistência da performance ao longo do tempo. 

Também é importante observar a rentabilidade líquida — isto é, já descontadas as taxas e impostos — e o comportamento do fundo em diferentes cenários de mercado. Monitorar esses dados permite ao investidor tomar decisões mais embasadas, seja para manter o investimento ou aumentar a exposição, seja para buscar alternativas mais aderentes ao seu perfil.

Quais os melhores fundos de renda fixa para investir? 

Escolher os melhores fundos de renda fixa não tem uma fórmula única. A decisão depende do seu perfil de investidor, dos objetivos financeiros e do prazo que você pretende manter o dinheiro aplicado. Em vez de buscar “o melhor fundo”, o ideal é entender qual opção se encaixa melhor na sua estratégia.

  • Entenda o seu perfil de investidor: antes de tudo, avalie quanto você está disposto a correr riscos. Fundos que investem em títulos públicos tendem a ser mais conservadores, enquanto os que têm crédito privado ou prazos longos podem oscilar mais;
  • Analise a estratégia do fundo: leia o regulamento e verifique quais ativos fazem parte da carteira. Fundos simples, de curto prazo ou referenciados ao DI, por exemplo, são mais previsíveis. Já fundos de longo prazo ou de crédito privado podem buscar maior retorno;
  • Compare as taxas: fundos com taxas muito altas podem comprometer os ganhos. Verifique principalmente a taxa de administração e veja se ela condiz com o tipo de gestão oferecida;
  • Consulte o histórico de desempenho: ainda que o rendimento passado não seja garantia de ganhos futuros, ele ajuda a entender como o fundo se comportou em diferentes cenários econômicos;
  • Fique atento à liquidez: alguns fundos têm prazos de resgate mais longos. Se você pode precisar do dinheiro no curto prazo, busque opções com maior liquidez;
  • Consistência e transparência: verifique se o fundo divulga relatórios periódicos, quais são os gestores responsáveis e se há boa comunicação com os cotistas.

Você pode gostar