Fabiana Ortega – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Thu, 30 Nov 2023 22:41:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Fabiana Ortega – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Varejistas vão além de seus segmentos e passam a apostar no mercado pet https://investnews.com.br/negocios/varejistas-vao-alem-de-seus-segmentos-e-passam-a-apostar-no-mercado-pet/ Wed, 01 Nov 2023 14:05:07 +0000 https://investnews.com.br/?p=538283 Em meio ao crescimento do mercado pet no Brasil, varejistas de diversos segmentos têm apostado cada vez mais neste ramo no país. Para especialistas consultados pelo InvestNews, o movimento acontece devido, além das questões mercadológicas, pelo estágio de maturidade de empresas, pelo fato de os animais de estimação serem cada vez mais considerados parte das famílias e pelo olhar das companhias às demandas dos clientes como um todo, e não de um segmento em específico. 

Somente entre setembro e outubro deste ano, a Fast Shop, do ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, ampliou seu portfólio de produtos para animais de estimação, a marca de calçados Melissa criou uma coleção para gatos e cachorros e a empresa de beleza Grupo Boticário anunciou sua estreia no mercado de cuidados com pet. 

Em março, a marca de vestuário Reserva anunciou o lançamento de uma linha para pets, em parceria com a Petlove.

Loja para animais de estimação
Loja petshop. Crédito: NomadSoul1/Envato

Sandro Magaldi, especialista em transformação de negócios, aponta que uma das lógicas desse movimento é a mercadológica, devido ao tamanho deste mercado, além da reinvenção do foco, com empresas olhando demandas do cliente de forma mais abrangente

“O maior ativo de uma empresa é o cliente. E é essa a percepção, de a empresa olhar mais as demandas dos seus clientes como um todo e não do seu segmento específico. A inovação emerge, justamente, no entendimento de que esse cliente tem outras demandas que podem ser atendidas de forma superior. Eu defino isso como um dos novos imperativos estratégicos: a centralidade do cliente”.

Sandro Magaldi, especialista em transformação de negócios.

Mariana Munis, professora de Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie/Campinas, também aponta dois fatores que podem explicar a aposta de varejistas no segmento pet: o fato de as pessoas considerarem cada vez mais seus pets como parte da família  e o estágio dentro do ciclo de vida de uma marca.

“De acordo com pesquisa da Opinion Box, 70% dos entrevistados de uma pesquisa sobre o mercado de pet afirmaram que seus animais de estimação são como filhos para eles. E as empresas (Boticário, Fast Shop, Melissa e Reserva) se encontram em um estágio de maturidade, momento com o qual já possuem um faturamento mais estável, mas param de crescer financeiramente. Logo, efetuar extensão de linha de produtos é algo que pode ajudar as marcas a crescerem sustentavelmente”, explica Munis.

Dados do setor

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o mercado pet mundial cresceu 3,2% em 2022 em relação a 2021 (US$ 145,2 bilhões), mas a perspectiva é de um crescimento tímido em 2023, tendo em vista o cenário mundial instável. 

Ainda de acordo com a Abinpet, o Brasil, atualmente, se consolida no terceiro lugar no quesito faturamento, representando 4,95% do total, atrás somente de Estados Unidos (43,7%) e China (8,7%). 

Com base no desempenho do primeiro semestre, a estimativa atualizada do Instituto Pet Brasil (IPB)  aponta que o faturamento do setor pet no Brasil chegará a R$ 68,4 bilhões em 2023, uma alta de 13,6% na comparação com 2022. Veja anos anteriores:

De acordo com o levantamento mais recente do IPB, o Brasil encerrou 2021 com 149,6 milhões de animais de estimação, um aumento de 3,7% sobre os 144,3 milhões do ano anterior. Os cães lideraram o ranking, com 58,1 milhões de indivíduos. As aves canoras aparecem na sequência, com 41 milhões. Os gatos figuram em terceiro lugar, com 27,1 milhões, seguidos pelos peixes (20,8 milhões). Veja:

Olhar para um novo segmento

Como parte de um plano estratégico de entrada no mercado pet, o Grupo Boticário lançou a marca Au.Migos Pets, pensada exclusivamente para cães e gatos, com os novos produtos voltados a animais de estimação chegando, inicialmente, a 122 lojas, 17 espaços do revendedor e ao e-commerce da marca O Boticário, além do e-commerce e marketplace Beleza na Web. O grupo pretende com a nova marca atingir ainda no primeiro ano mais de 600 pontos de venda no B2B.

“A entrada no segmento pet reforça que nossa expertise em acompanhar as tendências de mercado, extrapolando a atuação em beleza e cosmética, justamente porque busca inovar na conexão com o consumidor”, afirmou em nota Renata Gomide, vice-presidente de consumer do grupo Boticário. 

Produtos da marca Au.Migos Pets, do Boticário
Produtos da marca Au.Migos Pets, do Boticário. Crédito: Divulgação/Boticário

Já a marca Melissa ampliou seu portfólio de produtos com uma linha indicada para cães e gatos de pequeno e médio porte, como bola, mordedor, coleira e guia. De acordo com a empresa, a inovação vem de uma demanda dos clientes de ampliação de produtos voltados ao estilo de vida.

A Fast Shop, por sua vez, passou a apresentar uma seção com itens para todas as necessidades dos animais de estimação, presentes no e-commerce,  por meio do aplicativo da varejista, ou nas lojas físicas da rede. 

Em entrevista ao InvestNews, Eduardo Salem, diretor de marketing e canais digitais da empresa, informou que, cada vez mais, a Fast Shop tem notado que os seus consumidores buscam opções variadas de compra que completem toda a sua rotina, desde artigos eletrônicos para equipar sua casa e trabalhar até itens de enxoval e decoração, por exemplo.

“Além de inovar no mix de produtos, trazer uma nova categoria voltada aos animais de estimação está totalmente interligada à jornada do dia a dia dos nossos clientes. Trata-se de um segmento de grande importância para a companhia. Se pudermos colaborar oferecendo inovações e produtos de qualidade aos tutores, traremos ainda mais praticidade ao dia a dia de todos. Outro fator que consideramos ao trazer a segmentação à Fast Shop é o crescimento do setor”, afirma Salem.

Já no caso da Reserva, foi anunciada uma parceria em linha pet com o petshop virtual Petlove para a oferta de mais de 100 peças entre guias, coleiras, brinquedos e acessórios, vendidas nas lojas físicas e e-commerce das duas marcas.

Impactos nos negócios

Munis, do Mackenzie, destaca que contemplar produtos e serviços para pets faz com que as marcas mostrem aos seus consumidores uma preocupação em se atualizar para esse mercado, já que ele acompanha também as tendências do mercado voltado para o consumo humano

Magaldi aponta que, em uma perspectiva de médio e longo prazo, um novo negócio pode gerar um novo fluxo de receita consistente para a empresa, permitindo com que ela mude de patamar, expandindo seus territórios da atuação, utilizando expertise, sua base instalada de clientes para levar a companhia para um outro patamar.

“Empresas que estão olhando este segmento (pet) são consistentes e elas estão testando, validando, é um movimento estratégico. Não sei se seria um movimento de sobrevivência a varejista ir para outro mercado, pois vai ter que mobilizar estoque, desenvolver fornecedor…tem a ver com direcionamento estratégico”, destaca o especialista em transformação de negócios.

Mulher caminha ao lado de seu cachorro em petshop.
Mulher caminha ao lado de seu cachorro em petshop. Crédito: NomadSoul1/Envato

Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School, aponta que o setor varejista, em geral, possui como característica de mercado ser muito competitivo, o que resulta em margens de lucro apertadas. Para compensar, segundo Olivo, o setor busca ampliar o giro dos seus produtos, que podem ser dos próprios que a varejista já comercializa, mas, também, de novas linhas e mesmo de outros segmentos. 

“Uma gama maior de produtos pode ainda ampliar o ticket médio do ponto de venda físico ou pela internet, atrair novos clientes e produzir sinergias na logística da operação. Assim, o custo médio por unidade vendida da loja se reduz, ampliando as tradicionais baixas margens do setor de varejo. O varejo é um negócio muito competitivo e dinâmico e que as empresas sempre devem buscar novas oportunidades”.

Rodolfo Olivo, da FIA Business School.

Desafios 

Se e estimativa do Instituto Pet Brasil para o percentual de crescimento estimado para o setor em 2023, de 13,6% ante 2022, se consolidar, o IPB aponta que será o menor índice de aumento registrado desde 2019. Isso porque, desde 2020, a taxa de crescimento vinha acima dos 15%, marcando 15,5% em 2020, 27% em 2021 e 16,4% em 2022. A última vez que esse valor ficou abaixo foi em 2019, segundo o instituto, quando registrou apenas 3%. 

Para o presidente do conselho consultivo do IPB, Nelo Marraccini, os números refletem a consolidação do segmento, mas, também, indicam que os desafios fiscais enfrentados nos últimos anos foram um obstáculo para a taxa de crescimento.

“Batemos um recorde em 2022, superando os R$ 60 bilhões. Esse valor será superado novamente em 2023, contudo, a redução na taxa de crescimento acende um sinal amarelo em todo o setor. Fechamos o último ano já cientes de que deveríamos ter uma maior cautela, devido às instabilidades econômicas e prováveis alterações nas legislações que alavancaram o comércio e serviços”, afirmou em nota.

Pet shop
Pest shop. Crédito: NomadSoul1/Envato

Mariana Munis, professora do Mackenzie, cita que os desafios são que determinadas categorias do mercado pet já encontram-se em estágio também de maturidade, como, por exemplo, o de alimento para pets. Porém, segundo ela, esse mercado possui inúmeras oportunidades de negócio, já que muitas pessoas optam ser tutoras de animais de estimação ao terem filhos. 

Para Magaldi, “o grande desafio reside no mesmo território da ameaça”. Segundo o especialista em transformação de negócios, a empresa tem que entender muito de comportamento e demanda, fazer uma imersão, e não somente colocar produto no portfólio.

“Tem que entender muito essa demanda para saber qual o produto mais adequado, qual é realmente a dor, a necessidade latente, para que possa criar o diferencial. Do contrário, pode criar uma relação de custo e até do foco nos processos de desenvolvimento de produto que não acompanham o êxito”, alerta.

Na mesma linha, Sillas Cezar, professor do curso de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), lembra ainda que, além dos desafios do segmento, existem os que são comuns ao se entrar em um setor novo: a empresa deve estar segura de que possui informações consistentes sobre a estrutura do setor, sobre conduta dos concorrentes, fornecedores, bem como os hábitos dos demandantes e ainda estar bastante realista quanto ao desempenho esperado. 

Perspectivas

Mariana Munis, professora de Marketing e Comportamento do Consumidor do Mackenzie, estima que o mercado pet é um dos que cresceram bastante durante a pandemia e continuará a crescer. 

“Tem pessoas que não querem ter filhos, muitas se sentem solitárias, e os pets tornaram-se uma ótima companhia. De acordo com o Sebrae, a perspectiva de crescimento do setor até 2026 é de cerca de 87%. Logo, se o mercado cresce e grandes marcas abarcam produtos e serviços para esse mercado, a tendência é que o varejo também cresça”, diz Munis. 

Na mesma linha, Cezar destaca que a população brasileira está envelhecendo, que as famílias estão cada vez menores e que os custos absolutos e relativos de filhos não são baixos. 

“Esses dados apimentam as expectativas positivas para o setor de pets. Além disso, trata-se de um segmento com uma forte incidência de compras presenciais, o que beneficia concorrentes capazes de oferecer seus produtos em larga escala, com lojas grandes e muitos funcionários. Acredito que haverá boas disputas nesse ramo nos próximos anos”, projeta o professor.

Mulher deitada na grama com cachorro
Crédito: halfpoint/Envato

Magaldi avalia que a atuação de varejistas se trata “de uma maratona e não de uma corrida de cem metros”. Segundo ele, ainda se tem muito mais indagações do que convicções, mas que sinais já podem ser vistos. 

“Varejista que consegue fazer isso com o segmento pet, é sinal de que tem uma capacidade e competências essenciais no negócio que lhe permite pensar a inovação em outras vias de crescimento. Tem muito a ver com a cultura do negócio e para onde ele vai. Tem uma estrada enorme. Esse mercado ainda tende a se consolidar. Ainda tem muita água pra rolar debaixo dessa ponte”, estima o especialista em transformação de negócios.

Olivo, da FIA Business School, também está otimista com a entrada de varejistas no segmento pet e estima que este ramo deve crescer ainda mais pela atratividade de mercado, potenciais sinergias com atual negócio, possível melhora de margem e incessante busca de varejistas por novas oportunidades para não serem “engolidos” pelos concorrentes.

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Apesar de recorde, futuro das emissões de debêntures divide especialistas https://investnews.com.br/financas/apesar-de-recorde-futuro-das-emissoes-de-debentures-divide-especialistas/ Mon, 30 Oct 2023 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=536951 Apesar de as debêntures terem registrado em setembro o melhor resultado mensal de 2023 no volume de emissões, entre os especialistas não há consenso sobre o futuro dos lançamentos de títulos de dívidas emitidos por empresas. Isso porque as incertezas sobre o cenário pela frente não permite prever com clareza se as empresas vão continuar sentindo segurança para emitir dívidas.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), no mês passado, as ofertas de debêntures somaram R$ 31,8 bilhões, recorde mensal neste ano. Veja:

Embora tenha sido o maior volume de 2023, o número de ofertas de emissões, por outro lado, caiu. De janeiro e setembro de 2023, ocorreram 239 ofertas de debêntures, volume correspondente a, aproximadamente, 69% da quantidade total registrada no mesmo período de 2022, quando ocorreram 347 ofertas. Compare o total anual de emissões:

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, explica que as novas emissões vão depender de um uma série de fatores e que, por isso, ele diz não ter expectativa futura definida.

“Incerteza com relação ao cenário macroeconômico para 2024 ainda é muito alta. Temos, agora, um conflito (no Oriente Médio) agravando ainda mais as relações. Há problema inflacionário e um risco de dívida nos Estados Unidos“, afirma.

“No Brasil, tem muita incerteza com relação à política fiscal e se o país vai conseguir cumprir as metas que foram estabelecidas pelo governo com relação ao déficit do ano que vem. Além disso, várias reformas ainda estão pendentes. Então, todas essas dúvidas ainda não trazem o conforto necessário para dizer que 2024 vai ser um ano melhor para que as empresas se sintam mais confortáveis a voltar a emitir”, diz Jorge. 

Já para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, o processo de aumento de captação de recursos por parte de empresas através de instrumentos de dívida só crescerá. 

“Obviamente, só pode mudar se o governo, basicamente, quiser usar mais o BNDES para o financiamento. Se isso não acontecer, é crescente este processo. O mercado de capitais tem, ao longo do tempo, tomado espaço do financiamento bancário e também do financiamento público. Independente do cenário, juros mais altos, juros mais baixos, a tendência é de um aumento desse processo, muito mais estruturalmente falando. O mercado é positivo pra isso e voltou a acelerar. As perspectivas são boas”, aponta Costa.

Reflexo direto da taxa de juros?

Jorge explica que a queda da taxa Selic no país motiva novas emissões de debêntures. 

“Quanto maior a taxa de juros, menos apetite a empresa tem para fazer novas emissões porque isso representa um custo maior. Na via do investidor, quanto maior a taxa de juros, melhor, porque ele está recebendo essa taxa. É uma questão de oferta e demanda. Então, quanto maior é a taxa,  maior é o custo da empresa e menores tendem a ser tendem a ser as emissões”.

Ricardo Jorge, da Quantzed.

Alex Nery, professor da FIA Business School, justifica este movimento exemplificando que, em 2016, quando a Selic passou boa parte do ano acima de 14%, houve 174 ofertas de debêntures. Em 2017, a taxa começou um processo de redução, chegando a 7% ao ano ao final do período, e o número de ofertas de debêntures saltou para 259. Nos anos seguintes esse processo se repetiu e, somente em 2020, ano do início da pandemia de covid-19, o número de oferta de debêntures reduziu.

De acordo com Nery, é importante lembrar que esse período coincide com a redução dos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que significa que não é somente a redução da taxa de juros que explica o crescimento do mercado de debêntures. 

“A queda de juros incentiva a emissão de títulos de dívida, pois reduz o custo de capital das empresas, mas não é o único fator considerado pelas empresas na decisão de emissão. Portanto, com a perspectiva de queda da taxa Selic, é esperado que o mercado de debêntures volte a ganhar fôlego, mas é importante reconhecer que outros fatores conjunturais têm o potencial de frear a evolução do mercado”, destaca o professor da FIA Business School.

Perda de atratividade?

Em sua última decisão de política monetária, em 20 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, passando de 13,25% para 12,75% ao ano. Foi o segundo corte consecutivo da taxa. Antes disso, o último corte da Selic havia sido em agosto de 2020. Veja:

Movimentos como este, de forma geral, estimulam a migração de investidores para renda variável, já que a renda fixa começa a perder atratividade. Apesar disso, Rodrigo Correa, estrategista-chefe e sócio da Nomos, aponta que esse movimento ainda não foi visto de forma efetiva. Segundo Correa, ainda que o Brasil esteja no ciclo de queda da taxa Selic, no exterior, é diferente.

“O Brasil acaba sendo arrastado pelos mercados globais, que acabam ditando muito o rumo do que vivemos aqui. Na realidade, ainda não vimos esse efeito da queda da taxa de juros efetivamente incentivar de maneira importante os mercados de renda variável e, por isso, não vimos uma eventual desvantagem para as emissões de debêntures”

Rodrigo Correa, estrategista-chefe e sócio da Nomos

Na mesma linha, Jorge, da Quantzed, defende que, apesar do ciclo de queda de juros no país, o patamar da Selic segue elevado e isso faz com que seja pouco provável que haja uma migração abundante de investidores de renda fixa para a renda variável.

“Com uma taxa de juros elevada e com uma perspectiva de crescimento menor, o que, obviamente, vai impactar no resultado das empresas, eu acho muito pouco provável que haja uma migração consistente de investidores. Isso, certamente, vai promover ainda uma demanda forte por ativos de renda fixa, onde se enquadram as debêntures”, diz o especialista.

Investidor X empresa

Jorge diz acreditar que, enquanto o Brasil tiver um patamar de juros elevados, o que vai definir a emissão de debêntures é a propensão que a empresa tem de pagar uma taxa de juros maior para se financiar em face da demanda do investidor, que não vai querer correr um risco maior tendo a possibilidade de ter rentabilidade de dois dígitos.

No mesmo sentido, Nery defende que a queda das taxas de juros pode levar alguns investidores a buscar alternativas na renda variável e reduzir a atratividade das debêntures em relação a outros investimentos, mas que isso não significa que haverá uma migração total para ativos de risco.

Investimentos

O professor da FIA Business School destaca ainda que a boa prática da diversificação da carteira não indica alocar todos os recursos em apenas uma classe de ativos, mesmo para aqueles agentes com menor aversão ao risco.

“É sempre importante uma avaliação cuidadosa antes de investir em debêntures, especialmente em um ambiente de taxas de juros em queda”, alerta Nery.

Para Costa, a grande questão vai além da taxa de juros. Segundo o especialsta da Fatorial, o que o mercado vai demandar são as garantias, a qualidade da emissão das debêntures e o tipo de captação.

Riscos e oportunidades

Ricardo Jorge, da Quantzed, afirma que a relação risco e oportunidade no mercado de renda fixa privada é uma linha muito tênue e que, atualmente, existem várias oportunidades. Ele alerta, no entanto, que o primeiro passo que define o investimento em crédito privado é a avaliação do risco de crédito do emissor, considerando se a empresa tem capacidade de pagamento e se é sólida e saudável financeiramente.

Passada esta etapa de avaliação, Jorge recomenda que sejam selecionados os melhores emissores, ou seja, aqueles que têm menor risco de crédito, as melhores rentabilidades, os melhores prazos e as melhores condições, ou seja, é preciso fazer uma avaliação geral de quem está emitindo o título.

“A oportunidade sempre existe, e em todos os mercados. A grande questão é: a oportunidade que está sendo oferecida é compatível com o nível de risco que o investidor vai correr? Esse é o principal ponto. E cada investidor sabe do seu nível de risco.  As oportunidades estão aí para serem aproveitadas e o mais importante é o investidor conhecer o seu perfil de risco, conhecer o risco do emissor e fazer avaliação”, recomenda Jorge.

Ibovespa - bolsa de valores

Alex Nery destaca que o investimento em debêntures expõe o investidor ao risco de mercado, que está relacionado às condições econômicas e ao mercado financeiro em geral. O professor explica que se as taxas de juros subirem, o valor de mercado das debêntures existentes pode cair, e que é importante acompanhar as expectativas em relação às condições macroeconômicas e entender como elas podem afetar o desempenho dos títulos.

Outro ponto de atenção, segundo Nery, é o risco de liquidez, que é representado pela possibilidade de o investidor não conseguir vender as debêntures rapidamente e levantar recursos para honrar compromissos de curto prazo ou aproveitar janelas de oportunidade. 

“As debêntures podem ter menos liquidez do que outros investimentos, como ações ou títulos públicos, por exemplo, tendo em vista que ainda não temos um mercado secundário dinâmico para títulos privados no Brasil. Isso significa que pode ser mais difícil para o investidor vender as debêntures antes do vencimento, especialmente em grandes quantidades”, diz Nery. 

Em relação às oportunidades, o professor da FIA lembra que o investimento em debêntures, muitas vezes, oferece taxas de juros mais atrativas do que investimentos de renda fixa tradicionais, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) ou títulos públicos, proporcionando um bom retorno sobre o investimento. 

Além disso, Nery ressalta que, ao incluir debêntures na carteira, o investidor diversifica seus ativos, o que pode ajudar a reduzir o risco global.

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Cacau Show compra antiga fábrica da Chocolates Pan https://investnews.com.br/negocios/cacau-show-compra-antiga-fabrica-da-chocolates-pan/ Thu, 19 Oct 2023 22:31:12 +0000 https://investnews.com.br/?p=536582 A empresa de chocolates finos Cacau Show, por meio do seu braço de investimentos CCSH, disputou e arrematou todos os itens leiloados da antiga fábrica da Chocolates Pan, por mais de R$ 71 milhões, representando um acréscimo de 33% do preço inicialmente estipulado. O leilão foi homologado pela Justiça nesta quinta-feira (19).

Foram comprados a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e máquinas do local.

Pan
Terreno da fábrica da Chocolates Pan, em São Caetano do Sul. Crédito: Positivo Leilões

A antiga fábrica havia recebido, no dia 15 de setembro, o lance final de R$ 70 milhões e aguardava homologação do juiz. Além do imóvel, o lote de veículos tinha sido arrematado por R$ 65 mil, e o de sucata metálica por R$ 25 mil. Ao todo, foram 69 lances em todos os itens.

O imóvel de 10.432 metros quadrados está localizado no bairro de Santa Paula, área nobre de São Caetano do Sul. Segundo a positivo leilões, o comprador do imóvel receberá o mesmo livre de dívidas e o objetivo da venda é pagar os credores e dar uma destinação útil ao imóvel.

Falência em fevereiro

Com dívidas de mais de R$ 260 milhões, a Chocolates Pan teve falência decretada em fevereiro deste ano, depois de um processo de recuperação judicial que se arrastava, entre idas e vindas, desde 2017.

A companhia pediu à justiça a troca da recuperação pela falência, declarando a “insuficiência de caixa e a impossibilidade de regularização do passivo, fato que compromete, irremediavelmente, seu soerguimento”.

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Com Remessa Conforme, Magalu quer ampliar itens importados em seu marketplace https://investnews.com.br/negocios/com-remessa-conforme-magalu-quer-ampliar-itens-importados-em-seu-marketplace/ Wed, 18 Oct 2023 16:57:09 +0000 https://investnews.com.br/?p=536099 Magazine Luiza (MGLU3) informou que vai entrar com pedido de adesão ao programa Remessa Conforme, do governo federal, nesta semana. Segundo a varejista, o objetivo é ampliar o portfólio de itens importados em seu marketplace

Centro Logístico do Magazine Luiza em Louveira (SP) 24/04/2018 REUTERS/Paulo Whitaker

A decisão da empresa acontece depois que as estrangeiras Shopee e o Mercado Livre (MELI34) já foram certificadas no programa no último dia 22 para, exclusivamente, vendas efetuadas por meio dos sites das duas empresas, com a adesão já entrando em vigo naquela data. 

Outras varejistas do exterior, como as chinesas Shein e AliExpress, além do Alibaba (BABA34), e a Sinerlog, que fica nos Estados Unidos, já estão habilitadas pela Receita Federal no Remessa Conforme. A Amazon (AMZO34) também pediu adesão.

O programa

O Remessa Conforme, que entrou em vigor no dia 1 de agosto de 2023, concede isenção da alíquota de imposto de importação para compras de até US$ 50. Em troca da isenção, as empresas deverão entrar no programa de conformidade da Receita Federal. A página de comércio eletrônico que aderir ao programa também terá acesso a uma declaração antecipada que permitirá o ingresso mais rápido da mercadoria no país.

Cartão de crédito, compras online, e-commerce (Foto: Pixabay)
Cartão de crédito, compras online, e-commerce (Foto: Pixabay)

Se a empresa não fizer adesão ao programa, haverá cobrança de alíquota de 60% de Imposto de Importação, como acontece com as compras acima de US$ 50. 

A isenção para compras até US$ 50 será apenas para tributos federais. Todas as encomendas de empresas para pessoas físicas que fizerem adesão ao Remessa Conforme pagarão 17% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo que é arrecadado pelos estados.

Modelo anterior

Anteriormente, as remessas de empresas para pessoas físicas do exterior não eram isentas, ficando sujeitas à alíquota de 60% de Imposto de Importação. Já as encomendas entre US$ 500 e US$ 3 mil também tinham a cobrança de ICMS. No entanto, as cobranças aconteciam com pouca frequência sobre mercadorias de pequeno valor, pois ficavam na dependência de fiscalização da Receita Federal sobre as encomendas dos Correios.

 O benefício, até então, só era concedido se a remessa ocorresse entre duas pessoas físicas, sem finalidade comerciais. Essa isenção, no entanto, gerou problemas, já que alguns sites aproveitavam a brecha para se passarem por pessoas físicas e evitarem o pagamento de imposto.

Operação da companhia

O Magazine Luiza informou que a companhia deve operar via cross border (operação de markerplace internacional) itens de diferentes categorias, que complementam o portfólio de produtos que a empresa já opera hoje. Atualmente, a varejista já atua por meio de uma operação cross border que envolve itens enviados dos Estados Unidos para o Brasil.

Magalu
Logo da varejista em centro de distribuição em Louveira REUTERS/Paulo Whitaker

“Vamos aproveitar oportunidades de trazer produtos e marcas que não estão no Brasil, assim, reforçando nosso sortimento com milhares de novos itens. Nosso marketplace será reforçado com, além de outros itens, marcas de áudio, caixas de som, brinquedos, barbeadores, eletroportáteis , por exemplo”. 

Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magalu, à imprensa.

“Além disso, vemos muita oportunidade para nossas outras marcas do grupo como Netshoes, de artigos esportivos, Época Cosméticos, de itens de beleza, e KaBuM!, do setor de games”, disse Galanternick.

Impactos para a empresa e ação

A Nord Research avaliou em relatório que essa estratégia do Magazine Luiza é positiva para a companhia, dado que o momento é de empresas estrangeiras, como Shein e Shopee, que aproveitam para trazer mercadorias ao país com imposto zero nas mesmas condições que Magalu busca aprovação, o que equipara os ganhos da concorrência na mesma faixa de preço das vendas. 

Apesar disso, a casa de análise de investimentos avalia que, no momento atual do varejo no Brasil, e com aumento de competição, prefere ficar de fora das ações do Magazine Luiza.

Segundo Victor Bueno, analista da Nord Research, Magazine Luiza deve continuar sentindo a pressão do cenário de juros, que, como a Casas Bahia (BHIA3), tende a apresentar números neutros em sua receita no trimestre, com suas vendas digitais podendo compensar parte das quedas nas lojas físicas.  

“Entretanto, mesmo que menor, o terceiro trimestre de 2023 deverá ser marcado por mais um prejuízo líquido para a varejista, que recentemente apresentou o pior resultado líquido de sua história e que já acumula quase R$ 900 milhões em prejuízo nos últimos 12 meses. Com muita dificuldade de atravessar o momento atual do país, ficamos fora de MGLU3”.

victor bueno, da nord, em relatório.

Destaque para vendas digitais

No segundo trimestre de 2023, embora Magazine Luiza tenha registrado um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 77,3% na comparação com mesmo período do ano passado, a Genial Investimentos apontou que a área digital foi o grande destaque da empresa no período.

O e-commerce totalizou R$ 10,7 bilhões em vendas no trimestre, um avanço de 7%. Já as vendas no marketplace somaram R$ 4,2 bilhões, uma alta de 15%.

“A maior contribuição de crescimento veio para o marketplace, que, apesar de desacelerar sequencialmente, mantém um mid-teens de crescimento. A sinalização é bem animadora. Com uma maior nível de maturidade do digital e um ecossistema mais robusto (tanto em mix quanto em infraestrutura para suportar vendas), em mais um trimestre, o Magazine Luiza reforçou a sua solidez no online”, destacou em relatório a Genial Investimentos.

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Nomeação de novo CEO da Light é promissora para a empresa, diz analista https://investnews.com.br/negocios/nomeacao-de-novo-ceo-da-light-e-promissora-para-a-empresa-diz-analista/ Tue, 17 Oct 2023 19:55:59 +0000 https://investnews.com.br/?p=535890 A Light (LIGT3) anunciou na tarde desta terça-feira (17) que Octavio Cortes Pereira Lopes, diretor-presidente da empresa, deixará as suas funções, que serão assumidas por Alexandre Nogueira Ferreira, diretor de regulação e relações institucionais da empresa. Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a notícia é positiva e importante para o futuro da companhia.

De acordo com a empresa, a mudança, que faz parte de um período der transição aprovada pelo conselho de administração, acontecerá tão logo se conclua a reestruturação financeira em curso da Light, ou 31 de dezembro de 2023, o que ocorrer primeiro.

Vista do Rio de Janeiro (Foto: henriqueesteves1 / Pixabay)
Vista do Rio de Janeiro (Foto: henriqueesteves1 / Pixabay)

“A nomeação de Alexandre Nogueira, com sua vasta experiência e boas relações no setor, é vista como promissora para a empresa e suas perspectivas futuras”, avalia Lima.

Nesta terça-feira (17), a ação da Light fechou em queda de 2,11%, a R$ 5,11. Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, o mercado acaba não precificando essa notícia de imediato, pois essa troca já era tida como certa há um tempo.

Reflexos no futuro da Light

E maio, a empresa informou que entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, citando dívidas de cerca de R$ 11 bilhões.

Em fato relevante na época, a companhia elétrica afirmou que os desafios de sua situação econômico-financeira se agravaram apesar de seus esforços recentes para equacioná-la.

Isso demandou a “tomada urgente” de outras medidas, disse a Light, para preservar “manutenção dos serviços prestados no âmbito das concessões de titularidade do Grupo Light, continuidade no estrito cumprimento das obrigações intrasetoriais, preservação de valor e a promoção de sua função social”.

“A troca de CEO da Light, no geral, é vista como uma boa notícia, principalmente pelos credores da empresa. A mudança é percebida como um passo positivo para avançar nas negociações e resolver questões pendentes relacionadas à reestruturação financeira e à recuperação judicial”, aponta Lima.

No dia 11 de setembro, a Light  informou ao mercado que seu conselho de administração confirmou a desistência da elaboração de um plano de recuperação judicial. De acordo com a empresa, o novo plano tem várias etapas e eventos

Números da Light

Ao final de 2022, a dívida líquida consolidada da Light era de R$ 9 bilhões, sendo que mais de R$ 3 bilhões tem vencimento previsto para 2023 e 2024. Entre os motivos para a piora recente de sua situação financeira, a elétrica citou o “agravamento do notório e peculiar contexto de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro”, situação que a impede de atuar em alguns locais de sua área de concessão, levando a perdas de receita com furtos de energia, por exemplo.

A Light encerrou 2022 com um prejuízo de R$ 5,6 bilhões, devido a efeitos não recorrentes contabilizados no último trimestre do ano passado, que impactaram de forma negativa o resultado. De acordo com a TC/Economatica, foi o pior resultado de todas as companhias listadas na bolsa de valores brasileira no período. Em 2021, a distribuidora havia registrado lucro de R$ 398 milhões.

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Marfrig eleva novamente participação na BRF, para 45%; entenda https://investnews.com.br/negocios/marfrig-eleva-novamente-participacao-na-brf-para-45-entenda/ Mon, 16 Oct 2023 14:34:27 +0000 https://investnews.com.br/?p=535534 A BRF (BRFS3) informou nesta segunda-feira (16) que a Marfrig (MRFG3) passou a deter direta e indiretamente 757.225.906 entre ações ordinárias e American Depositary Receipts (ADRs) do total das ações de emissão da companhia. Com isso, a participação da Marfrig na BRF passou para 45,0067%.

marfrig
Vista interna de operação em unidade da Marfrig, em São Paulo. 7/10/2011. REUTERS/Paulo Whitaker

Em comunicado ao mercado, a BRF disse que a Marfrig informou que a aquisição tem por objetivo incrementar sua participação acionária na BRF, não objetiva alterar a atual composição do controle ou a estrutura administrativa atual da companhia.

Além disso, a Marfrig ainda declarou que não foram celebrados quaisquer contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de valores
mobiliários emitidos pela companhia.

Histórico de aumento de participação

O anúncio desta segunda-feira trata-se da terceira elevação de participação da Marfrig na BRF neste ano.

Em 25 de setembro, a Marfrig passou a deter direta e indiretamente 673.879.961 entre ações ordinárias e American Depositary Receipts (ADRs), representando 40,0529% do total das ações de emissão da companhia.

Já no dia 19 do mês passado, a BRF informou que a Marfrig tinha passado a deter direta e indiretamente 601.890.861 entre ações ordinárias e American Depositary Receipts (ADRs), representando 35,7742% do total das ações de emissão da empresa.

Frigorífico da Marfrig em Promissão (SP) 07/10/2011 REUTERS/Paulo Whitaker

À época, em entrevista ao InvestNews, Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, explicou que, com a elevação de participação, a Marfrig segue com a sua estratégia de aumentar sua posição na BRF.

“Hoje, ela já tem praticamente o controle da companhia. O aumento não foi muito relevante, passando de 33% para um pouco mais de 35%, e vai em linha com a intenção da Marfrig em aumentar sua participação na BRF e focar, principalmente, nessa parte de processados, que a BRF tem uma parcela grande do mercado”, disseVaz.

O analista da Nord destacou ainda que mercado de proteínas é bem competitivo, e que as duas empresas têm uma exposição grande aos Estados Unidos, que é um mercado difícil, e que pode ter um ciclo um pouco complicado pela frente, principalmente do lado da oferta.

“A BRF está passando por uma reestruturação, precisando recuperar margem, e pode ser até que a Marfrig consiga ajudar  nesta questão, mesmo assim é um negócio um pouco mais complicado”, disse o analista da Nord Research.

Outras movimentações

Em 3 de junho de 2021, a Marfrig informou que havia comprado ações
ordinárias de emissão da companhia, via opções e leilão realizados em bolsa, resultando em uma participação acionária de até 257.267.671 ações ordinárias,
correspondente a, aproximadamente, 31,66% do capital social da companhia.

No mês anterior, em 25 de maio de 2021, a Marfrig elevou sua participação acioniária em até 196.869.573 ações ordinárias, correspondente a, aproximadamente, 24,23% do capital social da BRF.

Atenção com próximos passos

Quando a Marfrig anunciou que adquiriu uma participação de 40% na BRF, os analistas Isabella Simonato e Guilherme Palhares, do BofA, estimaram em relatório que a empresa teria investido R$ 1,07 bilhão em ações da BRF desde julho, totalizando R$ 12,2 bilhões desde 2021.

Segundo os analistas, a Marfrig poderia comprar mais ações da BRF, se a alavancagem permitir. Segundo eles, isso não alteraria a estrutura de controle da BRF, uma vez que a Marfrig já é acionista de referência, mas que poderá, eventualmente, alterar a participação final da MMS (acionistas controladores), em um cenário em que ambas as empresas ainda se fundam.

Frigorífico da Marfrig em Promissão (SP)
Frigorífico da Marfrig em Promissão (SP) 07/10/2011 REUTERS/Paulo Whitaker

“Por outro lado, a alavancagem no nível da Marfrig e em base consolidada deve ser monitorada. Se assumirmos que a Marfrig aumenta sua participação para 50%, a alavancagem da Marfrig seria de 4,7x e a consolidação seria de 3,5x. Supondo que isso seja seguido por uma fusão, a MMS teria uma participação de 26,7%”, analisaram em relatório os analistas.

Recomendação

No relatório, os analistas do BofA reiteraram a classificação “neutra” para as ações de ambas as empresas.

“Na Marfrig, vemos uma dinâmica de lucros muito desafiadora na carne bovina dos Estados Unidos, enquanto o principal impulsionador das ações deverá ser o desempenho das ações da BRF e maior alocação de capital. Nesse sentido, vemos uma valorização limitada das ações da BRF em relação aos níveis atuais, apesar da melhoria do dinamismo dos lucros, uma vez que a geração de fluxo de caixa permanece limitada”, apontaram Simonato e Palhares.

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B3 adquire participação minoritária na empresa de tecnologia MBO https://investnews.com.br/negocios/b3-adquire-participacao-minoritaria-na-empresa-de-tecnologia-mbo/ Wed, 11 Oct 2023 14:08:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=534675 A B3 (B3SA3) anunciou nesta quarta-feira (11) que celebrou um acordo com a MBOCHIP Ltda. (MBO), empresa de tecnologia especializada em telas de negociação eletrônicas no Brasil, tendo por objeto a integração, com a MBO, de determinadas atividades desenvolvidas pela BLK, subsidiária da B3. O investimento inicial da B3 será de R$ 10 milhões.

b3 ibovespa
Fachada da entrada principal da B3 em São Paulo, Brasil 22/12/2017 REUTERS/Paulo Whitaker

O acordo prevê a aquisição de participação minoritária na MBO, e a celebração de
acordo comercial que permitirá que a tecnologia e produtos da MBO passem a estar
disponíveis para os clientes da BLK.

“A transação visa o fortalecimento da B3 no mercado de tecnologia de negociação,
direcionado especialmente aos investidores institucionais, ao mesmo tempo em que a
MBOCHIP passa a contar com maior alcance e base de clientes ampliada pela parceria
com a BLK”, disse a B3 em comunicado ao mercado.

A B3 informou que a transação não dependerá de ratificação pela sua
assembleia geral, e que tampouco há condições precedentes pendentes, de modo que o
fechamento também já está consumado.

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Telefônica Brasil vai pagar R$ 150 milhões em juros sobre capital próprio https://investnews.com.br/negocios/telefonica-brasil-vai-pagar-r-150-milhoes-em-juros-sobre-capital-proprio/ Wed, 11 Oct 2023 13:56:14 +0000 https://investnews.com.br/?p=534656 A Telefônica Brasil (VIVT3) informou na terça-feira (10) que seu conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 150 milhões em juros sobre capital próprio.

Prédio matriz da Telefonica Brasil, em São Paulo, onde opera sob a marca Vivo. 30/6/2010. REUTERS/Nacho Doce

O montante, que corresponde ao valor bruto de R$ 0,09054928471 por ação, será pago até 30 de abril de 2024 para os acionistas com papéis da empresa ao final do dia 23
de outubro de 2023.

Após esta data, as ações da Telefônica Brasil serão negociadas sem direito ao provento.

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Santander aprova distribuição de R$ 380 mi em dividendos e R$ 1,12 bi em JCP https://investnews.com.br/negocios/santander-aprova-distribuicao-de-r-380-mi-em-dividendos-e-r-112-bi-em-jcp/ Wed, 11 Oct 2023 13:45:56 +0000 https://investnews.com.br/?p=534632 O Santander Brasil (SANB11) anunciou na terça-feira (10) que seu conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 380 milhões em dividendos e R$ 1,12 bilhão em juros sobre capital próprio.

Fachada de agência do Santander no Rio de Janeiro
Fachada de agência do Santander no Rio de Janeiro 07/10/2009 REUTERS/Sergio Moraes

O montante em dividendos corresponde a R$ 0,04866003444 por ação ordinária, R$ 0,05352603789 por ação preferencial e R$ 0,10218607233 por unit do banco.

Já o total bruto em juros sobre capital próprio equivale a R$ 0,14341904889 por ação
ordinária, R$ 0,15776095377 por ação preferencial e R$ 0,30118000266 por unit.

Ambos proventos serão pagos a partir do dia 10 de novembro de 2023 aos acionistas com papéis da empresa no final do dia 19 de outubro deste ano.

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Mansueto: Se não fizer ‘tolice’, Brasil tem chance de bons anos de avanço https://investnews.com.br/economia/mansueto-se-nao-fizer-tolice-brasil-tem-chance-de-bons-anos-de-crescimento/ Tue, 10 Oct 2023 22:28:10 +0000 https://investnews.com.br/?p=534379 O economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, avalia que o Brasil está muito melhor do que se pensa. Para ele, a perspectiva se justifica pelo crescimento que o país está apresentando, o que pode ser reflexo das reformas dos últimos anos no país.

Mansueto Almeida
Foto de arquivo de 28/01/2020 de Mansueto Almeida. Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Durante o painel “Perspectivas econômicas 2024 e impactos para o Brasil”, no Congresso Internacional Planejar 2023, realizado em São Paulo nesta terça-feira (10), o economista apontou que o Brasil está crescendo mais, o que traz melhora da dinâmica da dívida.

“Levantamos a hipótese de que, talvez, todas as reformas dos últimos anos tenham melhorado a perspectiva de crescimento da economia”, disse Mansueto.

O economista destacou ainda que o Brasil fez reformas nos últimos  5 a 6 anos em um ritmo melhor que o esperado, como a aprovação da reforma trabalhista em 2017, do teto gastos em 2016, mudou projeto de infraestrutura, fez privatizações, mudanças em marco regulatório e independência do Banco Central.

“Quando se vê todas essas reformas que o país fez, houve progresso do mercados financeiro, desenvolvimento mercado de capitais. O Brasil está protegido de governo ruim, vamos ter que tomar as medidas corretas e aprovar reformas, mas as feitas nos últimos anos já receberam reconhecimento de agências de riscos. Se a gente não fizer tolice, eu acho que a gente tem chance de ter bons anos de crescimento.

Mansueto almeida, economista.

No final de julho, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil a “BB”, contra “BB-” antes, com perspectiva estável. Essas classificações indicam se o país tem condições de pagar suas dívidas aos credores.

O rating do Brasil havia sido rebaixado em 2018, com a crise nas contas públicas e demora na aprovação da reforma da Previdência durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Fiscal e política econômica

Durante o painel, o economista destacou que o cenário fiscal brasileiro não está resolvido, pois não se sabe como os números prometidos pelo governo serão entregues. Mas, segundo Mansueto, “pelo menos como olhamos o feito no Brasil, nos dá esperança, tem muita coisa para acontecer. Se fizer o dever de casa, que será difícil, pois o gasto público é muito grande, a economia melhora”. 

O economista disse ainda acreditar que não haverá mudanças radicais de políticas econômicas.

“Não acredito que teremos mudança radical de política econômica. Todas as reformas do Brasil nos últimos anos estão trazendo resultados e estamos num ritmo de crescimento de 1,5% para 2024, que não é ruim, pois juros estarão altos, será crescimento mais espalhado. O cenário do Brasil não está ruim. Se a gente começar a fazer tolice, coloca tudo por água abaixo”, afirmou Mansueto.

Últimos números

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 1,9% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com os três meses anteriores, acima das expectativas. O resultado foi puxado pela disparada de 21,6% na agropecuária, que tem peso de aproximadamente 8% da economia do país.

Já no segundo trimestre deste ano, a economia do pais avançou 0,9% na comparação com os três meses anteriores, também acima das projeções do mercado. O desempenho positivo do segundo trimestre foi puxado pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%), setor que responde por cerca de 70% da economia do país.

Reforma tributária

Comentando sobre a reforma tributária brasileira, Mansueto Almeida avaliou que o país está no melhor momento para aprová-la.

“Vamos ter que ver o que vai sair do Senado, mas, hoje, temos uma demanda, uma boa vontade de tentar reduzir a complexidade do sistema tributário. A carga tributária não vai cair, mas o sistema tributário não pode ser complexo”, disse Mansueto.

Brasília (DF) 06/07/2023 Comemoração da aprovação em primeiro turno da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
Brasília (DF) 06/07/2023 Comemoração da aprovação em primeiro turno da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

No início de agosto, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária chegou ao Senado, após ser aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados no final de julho. Agora, ainda precisa ser votada em dois turnos no plenário do Senado, depois de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O relator da reforma tributária no Senado, o líder do MDB Eduardo Braga (AM), adiou mais uma vez  a apresentação de seu parecer, que estava estimada para o próximo dia 24 à CCJ da Casa. Dessa forma, a votação deve ocorrer no dia 7 de novembro. 

 A previsão de votação em plenário na primeira quinzena de novembro está mantida.

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