Karina Trevizan – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Fri, 01 Mar 2024 06:32:34 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Karina Trevizan – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Com mercado à espera do ‘Voa Brasil’, aéreas já oferecem 13% das passagens a menos de R$ 200 https://investnews.com.br/negocios/com-mercado-a-espera-do-voa-brasil-aereas-ja-oferecem-13-das-passagens-a-menos-de-r-200/ Fri, 01 Mar 2024 08:30:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=560272 O mês de março se inicia com a espera pelo lançamento do programa “Voa Brasil”, com dúvidas sobre a abrangência do programa que promete passagens aéreas por R$ 200. No entanto, dados do setor mostram que bilhetes nessa faixa de preço já representam 13% das emissões.

Além do programa, existe também a expectativa por mais medidas do governo para baratear o preço das passagens aéreas no Brasil e dar suporte ao setor, como a criação de um fundo para as companhias. E, com base nas últimas declarações do governo, tudo isso pode ser oficializado nas próximas semanas.

Aviões no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) 16/04/2019 REUTERS/Amanda Perobelli

Na última quarta-feira (21), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse à CNN que a primeira etapa do programa seria lançada em março. Já na segunda-feira (26), ele afirmou em um evento em São Paulo que a oferta de passagens de R$ 200 não atenderia a todos. Segundo o ministro, o “Voa Brasil” será limitado inicialmente a aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que recebem até 2 salários mínimos e estudantes do Prouni.

Embora ainda não se saiba como funcionaria o programa e como ele seria financiado, o governo tem dito que haverá participação das companhias. Em uma de suas entrevistas, Costa Filho chegou a mencionar a participação das empresas Latam Airlines Brasil, Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), que teriam prometido oferecer 5 milhões de passagens, segundo ele. 

Questionada pelo InvestNews, a Azul disse em nota que “que vem participando do grupo de trabalho do Ministério de Portos e Aeroportos e colaborando com o desenvolvimento do projeto”. A Gol disse que “apoia a iniciativa”. A Latam não havia respondido ao pedido de comentário até a última atualização desta reportagem. 

Passagens a menos de R$ 200 já existem

De qualquer forma, passagens a R$ 200 não seriam uma criação do programa planejado pelo governo. Apesar de estarem, em grande parte, ligadas a promoções das companhias aéreas, as tarifas nessa faixa de preço são uma parcela significativa do mercado. 

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), entre 2019 e 2023, 15,2% de todas as passagens domésticas vendidas no Brasil custaram até R$ 200. Considerando somente 2023, a fatia foi de 13%.

Já levando em conta todas as passagens vendidas, dados de dezembro mostram que um bilhete aéreo doméstico custava, em média, R$ 703,09, alta de 8,1% sobre 2022, com R$ 650,20 em valores já corrigidos pela inflação. O número de assentos comercializados, no entanto, caiu 15% no mesmo período, de 2,51 milhões para 2,12 milhões.

Boa parte dos bilhetes vendidos por valores mais baixos que a média vem de ofertas e promoções, muitas voltadas para períodos de baixa procura ou horários com demanda menor por viagens. 

Avião (Imagem de JUNO KWON por Pixabay)
Avião (Imagem de JUNO KWON por Pixabay)

A Gol, por exemplo, informou em nota que “possui um amplo calendário de promoções ao longo do ano, com foco especial nas vendas nos finais de semana e madrugada, que fazem parte do plano da companhia de oferta de tarifas promocionais“.

Em uma delas, em janeiro, a companhia realizou uma promoção com passagens a partir de R$ 144. Em fevereiro, durante o Carnaval, outra promoção oferecia voos domésticos por R$ 184. A Gol tem ainda uma campanha noturna semanal para emissão de passagens para voos adquiridos com maior antecedência, com tarifas a partir de R$ 100. 

Já a Azul informou à reportagem que “oferece passagens por valores abaixo de R$ 200, em diversos trechos da sua malha nacional, como Porto Alegre – Santa Maria, Curitiba – Londrina, Altamira – Belém, Belo Horizonte – Montes Claros, Juiz de Fora – Viracopos, entre outros destinos, mediante disponibilidade de assentos”. 

Por sua vez, ao final de fevereiro, a Latam divulgou ofertas de passagens para voos entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro a partir de R$ 139,30, e entre São Paulo e Curitiba por R$ 160,10.

Passagem vai cair mesmo?

Depois de disparar 47% em 2023, o preço da passagem aérea tem arrefecido neste início de 2024. É o que mostram números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e fevereiro, houve queda de 15,24%, considerando a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). 

Mas a expectativa é de que os preços da viagem de avião sigam pressionados, segundo Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes. Primeiro por conta do retorno da demanda por viagens após a pandemia, que ainda segue forte. Depois, por fatores do próprio mercado de aviação, segundo ele. 

“Hoje nós temos uma carência de oferta de aeronaves no mundo todo, não só no Brasil. A Boeing e a Airbus não estão conseguindo atender aos pedidos porque o mundo inteiro está querendo voar. A demanda por aviação está alta e a oferta não consegue atender”

Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes

Ao lado da alta demanda, as dificuldades enfrentadas pelas empresas ajudam a encarecer o preço da passagem. Nesse cenário, o governo estuda a criação de um fundo bilionário para as aéreas. A ideia é dar suporte para que companhias recuperem o reequilíbrio financeiro após a pandemia. Neste mês, a Gol entrou em recuperação judicial.

Nesta quinta-feira (29), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu ajuda às companhias aéreas brasileiras e afirmou que o banco pode ofertar crédito a elas desde que seja criado um fundo garantidor com recursos da União.

As medidas não estão livres de críticas. “Qualquer ação de governo que venha a diminuir impostos ou subsidiar alguma coisa, alguém paga a conta”, diz Quintella, que vê com desconfiança também a promessa de emissão de passagens por menos de R$ 200 por meio de um programa do governo, mesmo que seja para um público direcionado como aposentados e estudantes.

“As companhias não vão liberar os voos de R$ 200 em todos os horários, para todas as rotas. Isso não existe. Não tem almoço grátis.” 

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Crescimento menor do streaming é sinal de ‘mercado maduro’, mas diversificação de receitas é dúvida https://investnews.com.br/negocios/crescimento-menor-do-streaming-e-sinal-de-mercado-maduro-mas-diversificacao-de-receitas-e-duvida/ Fri, 01 Mar 2024 06:32:31 +0000 https://investnews.com.br/?p=560306 O crescimento do número de assinantes de plataformas de streaming, que parecia desenfreado na pandemia, agora vem mostrando sinais de que o limite está próximo. Se para alguns o dado pode ser um sinal amarelo para o futuro desse tipo de serviço, nas empresas isso tem originado estratégias diferentes para a manutenção da rentabilidade. E, segundo especialistas, as próximas curvas desse caminho passam por um consumidor mais seletivo e necessidade de diversificar receitas

Nos Estados Unidos, o aumento no número de assinantes de serviços de streaming caiu pela metade em 2023, de 21,6% em 2022 para 10,1%, segundo dados da empresa de pesquisa Antenna noticiados pela agência Reuters. 

Streaming (Imagem: Imagem de yousafbhutta por Pixabay)
Streaming (Imagem: Imagem de yousafbhutta por Pixabay)

Entre os sinais sobre o futuro do streaming nesses números, um deles é de que “nós estamos falando agora de um mercado maduro” após o crescimento veloz durante a crise de covid-19, “numa espécie de saturação“, segundo Arthur Igreja, autor e palestrante especializado em inovação. 

Ele acrescenta que, com o surgimento de várias plataformas na esteira da Netflix (NFLX34), os usuários passaram a contar com uma disponibilidade grande de conteúdo, mas fragmentada em muitos serviços – o que é tão incômodo para o consumidor quanto ter muitos dispositivos de tecnologia em vez de um único que concentre várias necessidades.

“As pessoas estão começando a fazer uma seleção mais cuidadosa da assinatura que elas vão manter”, diz Igreja.

Nesse cenário, pensando nas expectativas que recaem sobre as empresas do setor, Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com, aponta que “o mercado precificou que elas iriam continuar crescendo de uma maneira que era inviável”. Mas ele pondera: “Isso não significa que o streaming seja um negócio em decadência, significa que ele é um negócio em adaptação.”

De qualquer maneira, à luz dos dados sobre a queda no número de novos assinantes, o economista Bruno Corano aponta que é preciso cautela nas análises. “Falam que ele está despencando, mas se a gente pegar a curva antes da pandemia, ele está abaixo daquilo? Não, o mercado segue ainda maior do que era.”

De fato, os dados da Antenna mostram que a expansão geral mais do que dobrou em quatro anos, sinalizando uma tendência constante de renovação de assinaturas.

Se todo o problema fosse esse…

É inegável que a curva no número de assinantes ocupa grande parte da atenção do mercado, mas há outro ponto sob os holofotes: como as empresas ganharão dinheiro se (ou quando) as novas assinaturas minguarem de vez?

“Esse tem sido um problema na verdade até maior do que o crescimento de usuários para muitas empresas”, diz Monteiro sobre a necessidade de diversificação de receitas. Ele cita o mercado de anúncios e suas dificuldades, “porque esse é um mercado muito sensível a taxas de juros”. 

Mas, independentemente dos desafios do mercado publicitário, a presença de propagandas nas plataformas de conteúdo não é ponto pacífico entre os especialistas. Para Igreja, a perda de qualidade “vai um pouco contra a promessa inicial do streaming”. 

“Os serviços de streaming estão testando, flertando com isso, até para de repente criar pacotes mais baratos – eu atraio a pessoa e pode ser que ela queira migrar para um plano premium e eliminar os anúncios. Mas isso degrada a experiência.”

o Arthur Igreja, autor e palestrante especializado em inovação

Se seguir nessa tendência, para o especialista, o streaming “está começando a ir contra uma série de premissas que tínhamos como vantagens de inovação“, e ficando assim “cada vez mais parecido com TV por assinatura“. 

Mas receita é receita. Falando da Netflix, Corano analisa que “o modelo da assinatura com anúncios permitiu que ela penetrasse num mercado em que até então não estava conseguindo navegar. Então, todo mundo veio na mesma e começou a criar pacotes semelhantes”. 

No entanto, Igreja lembra que as tentativas por novas fontes de faturamento para o streaming não precisam se encerrar nos anúncios – embora, entre os exemplos lembrados, como games na Netflix, nenhum tenha sido classificado como um sucesso. “Nenhum serviço conseguiu criar uma linha de receita muito relevante.”

Ainda assim, no 4º trimestre de 2023 a receita da Netflix subiu para US$ 8,8 bilhões, superando as projeções da própria empresa, de US$ 8,7 bilhões.

Enquanto isso, o desafio para manter boa rentabilidade continua. “Ou seja, diversificar as receitas tem sido importante, mas também tem sido importante a outra ponta, que é tornar-se mais eficiente, quer dizer, produzir conteúdo mais barato, com margens melhores“, diz Monteiro. 

Empresas diferentes, estratégias diferentes

As incertezas sobre as novas tendências do mercado de streaming vêm impactando as expectativas sobre as empresas de forma heterogênea. Um dos pontos principais é a quantidade de alternativas que cada companhia tem nas mãos, aponta Igreja. 

Isso significa, por exemplo, que, enquanto para Netflix “o streaming se encerra nele mesmo”, para a Amazon (AMZO34) o serviço “Amazon Prime” representa uma estratégia extra ao negócio da empresa, assim como o Mercado Livre (MELI34) e seu “Mercado Play”. 

“A pessoa está vendo uma série da Prime em que alguém está usando um notebook da marca X, eu posso ver depois na página inicial da Amazon aquele notebook, a roupa que estava sendo usada.”

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Enquanto isso, outras seguem com sua estratégia em busca da expansão. A Disney (DISB34), por exemplo, anunciou na quinta-feira (28) uma fusão com o principal conglomerado da Índia, Reliance Industries, envolvendo os ativos de televisão e streaming no país, num movimento para tentar conter a saída de usuários de sua plataforma por lá. 

O negócio ocorre em um momento considerado delicado para a empresa. Recentemente, o executivo Bob Iger retornou como presidente-executivo da Disney, menos de um ano depois de se aposentar, e desde então tem buscado uma reestruturação. 

Assim, enquanto mira em outros mercados, a Disney tem “modelos diferentes” dentro da própria empresa, diz Moneiro. “Você tem um grupo que quer um modelo mais conservador e outro grupo que acredita que pode tomar por assalto e de fato passar o crescimento de usuários da Netflix, tomar outros mercados.”

“A Netflix tem uma vantagem que é muito grande que é uma capacidade de crescer globalmente muito superior”, complementa o especialista. 

Enquanto isso, no Brasil

Apesar de ser um mercado considerado grande, os especialistas não enxergam que o Brasil deva estar no topo da lista de prioridades de investimentos das grandes empresas de streaming no curto prazo. “Isso não significa que não vão haver investimentos no Brasil. No entanto, não é o foco do crescimento dessas empresas no momento”, acredita Monteiro. 

Mas isso não quer dizer que não haja representante interno da corrida pelo sucesso no segmento do streaming. Maior grupo de mídia nacional, a Globo não esconde que o Globoplay é uma de suas principais apostas. 

Entre outras medidas, a empresa expandiu recentemente o sinal de transmissão do canal de TV no serviço de streaming. A ideia era aumentar o número de usuários da plataforma para, na sequência, pensar em formatos de publicidade adaptados. 

Em um evento que reuniu empresários do setor em São Paulo em outubro, Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, disse que a empresa “investe R$ 5 bilhões por ano em conteúdo e tecnologia”.

Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, e Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade (Foto: Divulgação/Globo)
Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, e Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade (Foto: Divulgação/Globo)

“É interessante ver o tamanho do investimento que a Globo faz em tecnologia, é louvável, está tentando se adaptar”, diz Igreja.

No entanto, os especialistas apontam que a empresa brasileira tem obstáculos pela frente que a distanciam das expectativas sobre as estrangeiras como Netflix. 

“A Globo possui um modelo que é muito particular, com produção audiovisual caríssima, muitos custos fixos, como o de ter um terreno enorme para as produções particulares. De certa forma então a Globo de fato enfrenta o problema de ter tido sucesso”, diz Monteiro, emendando que esse “é um desafio que a Netflix nunca enfrentou porque ela já vem como uma empresa enxuta por essência”.

De qualquer forma, a empresa brasileira guarda alguma semelhança com os desafios que as demais estão enfrentando lá fora, segundo o especialista: “basta ver o que aconteceu no ano passado, com uma greve de roteiristas. Nós estamos vendo uma era muito diferente e está todo mundo tentando entender como essa conta vai fechar com a produção de conteúdo ficando cada vez mais cara.”

Manifestação em frente aos escritórios da Netflix durante a greve dos roteiristas em Los Angeles 02/05/2023 REUTERS/Aude Guerrucci
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BlackRock lança BDR de EFT que acompanha desempenho do bitcoin https://investnews.com.br/financas/blackrock-lanca-bdr-de-eft-que-acompanha-desempenho-do-bitcoin/ Thu, 29 Feb 2024 15:27:47 +0000 https://investnews.com.br/?p=559986 A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, anunciou nesta quinta-feira (29) seu primeiro BDR de bitcoin (BTC) no Brasil, em parceria com a B3. O produto é o iShares Bitcoin Trust (IBIT39), que busca acompanhar o desempenho do preço do bitcoin. 

Inicialmente, os papéis estariam restritos aos investidores qualificados (ou seja, aqueles que possuem mais de R$ 1 milhão investidos). Mas, já a partir desta sexta-feira (1º), estará disponível também para o varejo.

BlackRock
Edifício da BlackRock, em Nova York (EUA) 16/07/2018 REUTERS/Lucas Jackson

O lançamento acontece em meio ao forte avanço da cotação da principal criptomoeda do mercado, em um movimento atribuído por especialistas ao próprio interesse da gestora nessa classe de ativos, entre outros fatores. O fundo de bitcoin à vista negociado em bolsa (ETF) da BlackRock atingiu US$ 1 bilhão em ativos nos primeiros quatro dias de negociação.

Mas a BlackRock afirma que seu interesse é pelo mercado, o que não significa uma avaliação sobre o momento de compra. “O que nós estamos validando é o tamanho do mercado e o interesse dos investidores por essa classe de ativos”, disse Karina Saade, presidente da gestora no Brasil, em coletiva de imprensa.

“Mas não é uma validação de que é um bom momento para investir.”

Karina Saade, presidente da BlackRock no Brasil

Ela afirma então que a BlackRock não tem posicionamento sobre o bitcoin. “É uma classe de ativos relevante hoje em dia, portanto temos que dar acesso ao investidor”, reforça.

Novidade no mercado brasileiro

Felipe Gonçalves, superintendente de produtos de juros e moedas da B3, afirma que o novo papel “é uma oportunidade para os investidores interessados na exposição a criptomoedas”, mas sem a necessidade de investir no exterior (BDRs são recibos de ativos estrangeiros negociados diretamente no mercado brasisleiro, em reais).

“A demanda por produtos no mercado de capitais com criptoativos existe e a gente está atento a isso”

Felipe Gonçalves, superintendente de produtos de juros e moedas da B3

Atualmente, a B3 oferece 13 ETFs com exposição a criptoativos, com um patrimônio de R$ 2,5 bilhões, segundo dados de dezembro. Mas o iShares Bitcoin Trust será o primeiro BDR de cripto. Ele terá uma taxa de administração de 0,25% com uma isenção de um ano reduzindo a taxa para 0,12% sobre os primeiros US$ 5 bilhões ativos sob gestão.

Além do interesse dos investidores brasileiros pelo bitcoin, o lançamento também acontece em meio à expectativa de que o mercado de BDRs de ETFs ganhe força. “Definitivamente o interesse vai crescer”, acredita Nicolas Gomez, head de produtos iShares e clientes institucionais para América Latina da BlackRock. “É um mercado muito novo. A gente está numa fase inicial ainda de crescimento”, complementa Saad.

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Com ‘mercado grande’, Red Hat, da IBM, investe esforços em serviço de inovação para empresas no Brasil https://investnews.com.br/negocios/com-mercado-grande-red-hat-da-ibm-investe-esforcos-em-servico-de-inovacao-para-empresas-no-brasil/ Thu, 29 Feb 2024 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=559602 Nem só de inteligência artificial vive a inovação nas empresas, e a Red Hat, da IBM (IBMB34), tem uma área especial para convencê-las disso. Agora, os esforços incluem disseminá-la também no Brasil, com reuniões entre o chefe do serviço, o executivo indiano Anurag Goel, e clientes no país nesta semana. “Como o mercado em si é grande, existe um elevado potencial de crescimento”, disse ele sobre os negócios da empresa por aqui. 

O serviço é o Business Value Practise (BVP, Prática de Valor Empresarial), lançado há 3 anos pela Red Hat globalmente e há 1 ano no Brasil. A ideia é analisar o tipo de investimento em tecnologia mais adequado para as companhias, incluindo opções que vão desde automação até internet das coisas (IOT) e, claro, inteligência artificial. 

Sede da Red Hat, da IBM, nos EUA (Foto: Divulgação)

O empenho acontece num cenário em que as empresas buscam formas de não perder a corrida da inovação, o que tem impulsionado resultados de companhias do setor, incluindo a própria IBM e concorrentes como a Nvidia (NVDC34). Nesse contexto, Goel comenta que o desafio está no equilíbrio entre a perseguição de objetivos corporativos e a devida atenção às tecnologias adotadas para isso. 

“A tecnologia é um facilitador. No final das contas, é um capacitador para solucionar um objetivo de negócio, atingindo um objetivo de negócio para a empresa”, disse ele em entrevista ao InvestNews. “Agora, a tecnologia para chegar lá vem depois. Não se deve olhar primeiro para a tecnologia e depois para os resultados.”

“Minha recomendação seria começar com o que você está tentando alcançar como medidas de sucesso e, a partir daí, trabalhar de trás para frente para selecionar a melhor tecnologia para chegar lá.”

Anurag Goel, chefe global de consultoria e realização de valor na Red Hat, da IBM

Em outras palavras, ele defende que a tecnologia se adapte às demandas do mercado, e não o contrário (como criar uma demanda somente para utilizar a “tecnologia do momento”), e cita como exemplo um cliente brasileiro com quem se reuniu na segunda-feira (26) – segundo ele, “um dos maiores bancos do Brasil”. 

“Eles realmente não se importam com os detalhes do produto, não se importam com os recursos, não se importam com os botões a serem pressionados no Openshift (uma das plataformas da empresa para gerenciamento de softwares), por exemplo. Openshift é uma caixa preta para eles, mas o que importa é como isso se traduz em KPIs de negócios pelos quais eles são remunerados”, afirma o executivo.

“Se for crescimento de receita, otimização de custos, margens de lucro, essa é a moeda com a qual eles negociam”, completa.

Ele cita outros exemplos entre os clientes da Red Hat no país. “Uma das maiores instituições do setor de saúde no Brasil”, segundo a empresa, teve R$ 4,48 milhões de economia por ganhos de eficiência em 34.128 horas economizadas com a implementação de automação.

Quando os projetos falham – e como tentar evitar

O foco do BVP agora não é apenas identificar a tecnologia mais indicada para as necessidades dos clientes, mas também tentar impedir que a falta de monitoramento torne as ferramentas obsoletas e o investimento, perdido. Segundo Goel, esse é o erro mais comum das companhias na busca por inovação. 

“Vejo muitos projetos de tecnologia sendo iniciados, mas não são bem-sucedidos ou ficam desatualizados. O aumento do escopo deles acontece e, adivinhe, em algum momento as empresas param de investir nesses projetos.”

Anurag Goel, da Red Hat

Ele acredita que “um dos principais motivos é porque não há um acompanhamento adequado” dos resultados do projeto, motivo pelo qual o BVP passou a direcionar atenções para essa avaliação. A ideia é acompanhar os resultados por um período após a implementação da ferramenta de tecnologia. 

“Porque, se você conseguir se sair bem nessa conversa, então os clientes saberão com certeza que sim, ‘eu investi, digamos, US$ 1 milhão nesta tecnologia, e na verdade estou recebendo um retorno que é superior a US$ 1 milhão’, o que significa que é um investimento líquido positivo. Daí o projeto ser um sucesso – ou não. Se você não conseguir ter esse tipo de conversa objetiva e muito específica, é quando os projetos estão falhando.”

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Bitcoin bate US$ 60 mil e se aproxima de máxima histórica, com analistas prevendo mais avanço https://investnews.com.br/criptonews/bitcoin-bate-us-60-mil-e-se-aproxima-de-maxima-historica-com-analistas-prevendo-mais-avanco/ Wed, 28 Feb 2024 14:37:33 +0000 https://investnews.com.br/?p=559671 Depois de disparar em 2023 e cravar o posto de melhor investimento do ano, o bitcoin (BTC) continua subindo e bateu nesta quarta-feira (28) a marca de US$ 60 mil dólares, no maior valor desde novembro de 2021. 

O avanço da principal criptomoeda do mercado a deixa perto de seu recorde histórico. Segundo dados do Investing.com, o preço recorde foi atingido em 10 de novembro de 2021, quando o BTC bateu US$ 68.990,60.

“A demanda de investidores institucionais por ETF de bitcoin nos EUA foi o maior gatilho da última onda de alta nos mercados de criptomoedas”, afirma especialista Günay Caymaz. “Essa demanda continua excedendo em muito a quantidade diária que os mineradores de bitcoin estão minerando.”

Juliana Schlesinger Felippe, gerente de parcerias empresariais da Paxos no Brasil, concorda que esse é o principal fator, e diz: “quando você pensa num mercado tradicional, a aprovação de um ETF mostra claramente a aprovação, a validação e a inclusão do bitcoin como um ativo super importante e estratégico”. 

O analista Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, também cita os ETFs de bitcoin como fator de impulso para a criptomoeda, e acrescenta que “o bitcoin é atrelado ao mercado norte-americano. E o mercado norte-americano performando bem, subindo, o bitcoin acompanha esse cenário”.

Representação física de bitcoins 24/10/2023 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

Mas há ainda uma questão técnica no radar do mercado há alguns meses: o halving do bitcoin, procedimento que faz com que a criptomoeda tenha uma oferta fixa e imutável. Ele irá acontecer neste ano e “vai fazer com que o bitcoin se torne cada vez mais escasso, e, em cenário de escassez, o valor sobe”, como explica Cohen. 

O economista Bruno Corano aponta que “os efeitos do halving vão seguir impactando na moeda provavelmente ainda por alguns meses”. “Vão existir só 21 milhões de bitcoins. E a imensa maior parte já foi emitida. Os 2,5 milhões de bitcoins que faltam são o limite”, explica.

Além de todos esses fatores, André Vasconcellos, vice-presidente do conselho Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), aponta que o avanço nos preços do bitcoin e outros criptoativos “pode ser devido a um aumento nas transações e investimentos, o que pode impulsionar a demanda” num movimento potencializado por “melhorias na segurança, escalabilidade e funcionalidade, que podem aumentar a confiança dos investidores e atrair mais interesse”.

Projeções

Para Cohen, “a expectativa é que ele continue assim, se valorizando mais”. Por análise gráfica, o especialista aponta que a projeção é de que o bitcoin consiga romper a barreira da máxima histórica.

“Sinceramente, eu acho que até o final do ano dá para chegar a US$ 100 mil”

Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos

Para Caymaz, as expectativas também são de alta, e ele cita dois fatores: o halving e o esperado corte das taxas de juros nos Estados Unidos. “Se a demanda por bitcoin continuar nos níveis atuais após o halving em abril, isso significará que a diferença entre a quantidade diária de bitcoin produzida pelos mineradores e a demanda aumentará ainda mais”, explica ele sobre o primeiro ponto. 

“Como fator externo, a elevada expectativa de que os principais bancos centrais, especialmente o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), entrem no processo de redução das taxas de juros este ano alimenta o aumento do apetite ao risco. Isso surge como um efeito secundário que catalisa a ascensão das criptomoedas”, complementa. 

De qualquer forma, para o longo prazo, Corano ainda aponta as incertezas no radar. “Acho que a grande pergunta que a gente tem que fazer é quando tiver exaurido a emissão de moeda. Como vai se comportar uma cryptocurrency que é descentralizada – ou seja, não tem dono – e que vai chegar um momento que não tem mais emissão? O mercado vai aceitar pagar cada vez mais por ela de uma forma infinita? São perguntas que a gente não tem as respostas ainda.”

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Projeção de crescimento da Nvidia inclui negócios no Brasil, com avanço estimado em 50%, diz diretor https://investnews.com.br/negocios/projecao-de-crescimento-da-nvidia-inclui-negocios-no-brasil-com-avanco-estimado-em-50-diz-diretor/ Mon, 26 Feb 2024 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=559104 “A gente nunca começou um ano, confesso a você, com tanta velocidade e tantos projetos acontecendo.” A frase é de Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia (NVDC34) para América Latina, em entrevista ao InvestNews. Após entregar resultados acima do esperado no 4º trimestre de 2023, a empresa projeta forte crescimento para os próximos meses, em um movimento global que deve se esperar nas atividades da companhia no Brasil, segundo o executivo. 

Os números mais recentes impressionaram investidores, com a empresa chegando a bater US$ 2 trilhões em valor de mercado. Entre as cifras que puxaram essa alta estão os US$ 22 bilhões em receitas no quarto trimestre, acima das estimativas de cerca de R$ 20 bilhões. Para os próximos meses, a empresa projeta um salto de 265% desses números. 

NVIDIA (Imagem de Jacek Abramowicz por Pixabay)
NVIDIA (Imagem de Jacek Abramowicz por Pixabay)

No Brasil, os negócios também estão em expansão, conta Aguiar, citando alto volume na demanda. “A gente tem um prognóstico de crescer entre 40 e 50%, para ser bem humilde, mas a gente estima que vai até superar isso.”

Com as atenções do mundo todo cada vez mais voltadas à tecnologia da inteligência artificial (especialmente a generativa), o Brasil segue a mesma tendência. E Aguiar aponta as áreas que estão no foco da empresa como maior potencial de demanda por aqui. 

“No Brasil a gente tem um forte crescimento e estamos fazendo essa projeção na área de energia, principalmente as empresas de óleo e gás, dentro do nosso mercado de educação e pesquisa e o mercado de telecomunicações”, afirma ele, citando também o “mercado de finanças”. 

Não são exatamente as mesmas áreas que se destacam entre os maiores esforços da Nvidia a nível global atualmente (a saber: saúde, automóveis e finanças). E o motivo para isso são as características de cada mercado, diz Aguiar, tomando como exemplo a área da saúde. 

“A gente não tem muita (demanda) área de saúde (no Brasil), porque as grandes corporações que estão envolvidas nesse mercado são instituições estrangeiras. Que também estão no Brasil, mas não é do Brasil que saem esses novos projetos de inovação e pesquisa. Saem das suas matrizes da Europa aos Estados Unidos”, explica o executivo. 

Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA para América Latina (Foto: Divulgação)
Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA para América Latina (Foto: Divulgação)

Enquanto isso, lá fora, “as empresas no setor, tanto na parte de laboratórios que estão descobrindo novos medicamentos, até as empresas que fabricam instrumentos, como máquinas de tomografia, sensores de imagem, todas estão aprendendo como trazer esses novos conceitos computacionais para dentro dos seus negócios”, diz Aguiar. 

Um dos exemplos de atuação da Nvidia nessa área é o modelo que usa IA para prever novas cepas do vírus da covid-19, anunciado em novembro. E Aguiar afirma que “o mercado de saúde ainda não atingiu seu pico máximo de consumo dessas plataformas da Nvidia.”

De qualquer forma, independente da área ou da região, o executivo aponta que o espaço para o crescimento do uso da tecnologia de IA entre as corporações ainda é gigantesco. “Você pega uma Microsoft com o Copilot, que só foi liberado no final do ano passado e já tem 50 mil corporações usando esse serviço. E o Copilot roda 100% nas GPUs da Nvidia. Com isso, outras empresas começam a vir também, ‘eu vou oferecer o meu próprio ChatGPT‘.”

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“E com isso a gente está tendo esse prazer de entregar tudo o que nós desenhamos, o que nós acreditamos e havíamos dito a todos eles que essa demanda iria chegar”, diz Aguiar.

a.C. e d.C: antes e depois da China

Três meses atrás, a Nvidia também apresentou resultados robustos ao mercado. Mas, ao contrário do que acontece agora, naquele momento as ações da empresa caíam na bolsa. O motivo é que, a despeito dos números, rondava no mercado a preocupação sobre o que seria da empresa após as restrições dos Estados Unidos para a venda de chips na China – um dos maiores mercados da Nvidia. 

A empresa passou então a trabalhar em chips que respeitassem as regras do governo de seu país e pudessem ser vendidos às empresas chinesas, até chegar a dois modelos que já estão em fase de testes. “É uma linha muito tênue. A gente concorda com essas e regulamentações, imposições, mas a gente também entende que estamos aqui para trazer inovação para todos os mercados, todos os países”, comenta Aguiar. 

Mas, apesar das mudanças na regulamentação terem ocasionado uma queda no volume total de chips vendidos pela Nvidia nos últimos meses, a receita da empresa não foi para o mesmo caminho. Isso porque, segundo explica Aguiar, o movimento foi compensado por outros mercados, especialmente na Europa. Esses locais, apesar de não terem a mesma demanda por volume, foram destino de produtos com tecnologia mais avançada – ou seja, mais cara. O resultado: a alta da margem compensou a queda do volume. 

Vista de Xangai 24/02/2022. REUTERS/Aly Song

“A China sempre foi uma grande consumidora nossa, principalmente no nível de educação e pesquisa. As maiores faculdades chinesas sempre investiram muito nas tecnologias na Nvidia”, conta Aguiar, emendando que a necessidade desses clientes não era pelos modelos mais avançados de GPUs, “porque era ainda nível de pesquisa e desenvolvimento”. 

“E a gente acabou sim tendo uma demanda muito grande pelos nossos modelos mais high end (alta qualidade) que é a geração H100, agora já começa a ter para H200, que são as GPUs que a gente desenhou para atender essa demanda computacional de IA generativa. Então, com isso, a nossa margem cresceu ali para 76%.”

IA generativa X ‘hype’ do mercado 

O avanço das ações ligadas a IA já chegou a ser apontado como “bolha” no mercado, com analistas recomendando cautela aos investidores. Mas especialistas têm deixado de lado essa avaliação para Nvidia. 

Após a divulgação dos últimos resultados da companhia, Richard Clode, gerente de portfólio de tecnologia na Janus Henderson Investors, escreveu em comentário: “Mesmo com o hype da IA, ao contrário de 2020, com o retorno do custo de capital, o mercado está recompensando as empresas que oferecem fundamentos sólidos e vemos o desempenho do preço das ações apoiado por lucros reais e fluxo de caixa como muito mais sustentável.”

Do outro lado do balcão, Marcio Aguiar defende que “é muito difícil de falar que isso aqui é uma ‘bolha’ ou um ‘boom’”. “É que as pessoas descobriram IA generativa no final de 2022, quando saiu o anúncio do OpenAI com ChatGPT, usando mais de 10 mil GPUs da Nvidia. Só que, para nós, começou esse trabalho com eles em 2016, então não é uma coisa nova”, afirma ele, comentando ainda que o aperfeiçoamento segue em curso. 

“O nome é ‘inteligência artificial’, é igual à nossa inteligência no sentido de que a cada ano que passa a gente vai evoluindo cada vez mais. É impossível dizer que chegamos no limite.”

Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia

Enquanto do lado de fora da empresa as avaliações se intercalam de “hype da IA” até expectativas para uma realidade cada vez mais disruptiva, internamente a orientação do CEO Jensen Huang aos funcionários da Nvidia é não dar ouvidos às especulações – seja para o bem ou para o mal. 

Play the game, the score will come”, diz ele, conta Aguiar sobre a frase que significa: “jogue o jogo, o placar virá.”

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‘Tem que tomar decisões, mesmo que tenha medo’, diz sobrevivente da Tragédia dos Andes https://investnews.com.br/geral/tem-que-tomar-decisoes-mesmo-que-tenha-medo-diz-sobrevivente-da-tragedia-dos-andes/ Sun, 25 Feb 2024 15:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=558951 “Não pensem que vão ter um futuro brilhante. As coisas mudam às vezes. E passado já passou. Eu vivo o presente.” A frase é de uma pessoa que aprendeu sobre a vida ao se aproximar da morte como nunca havia pensado ser possível. Fernando Parrado é um dos 16 sobreviventes do acidente de avião em 1972 – que ficou conhecido como a “Tragédia dos Andes” – e que hoje dá palestras sobre sua experiência. 

A história do acidente inspirou o filme espanhol “Sociedade da Neve”, indicado ao Oscar 2024 na categoria filme internacional. O longa conta a história do voo uruguaio que caiu com 45 pessoas a bordo nas montanhas geladas da fronteira entre a Argentina e o Chile. Entre a queda do avião e o resgate do grupo de sobreviventes, foram mais de dois meses.

Fernando Parrado (Imagem: Reprodução/Evento BTG Summit 2024)
Fernando Parrado (Imagem: Reprodução/Evento BTG Summit 2024)

Em palestra realizada em evento do BTG Pactual em São Paulo, nesta quinta-feira (21), Parrado lembrou as partes mais emblemáticas da história, como o pacto entre os sobreviventes para se alimentar dos corpos congelados das pessoas que haviam morrido. “Foi o momento de tirar o verniz de ser civilizado”, conta.

Decisões e escolhas 

Ao descrever as condições em que o grupo estava vivendo no entorno da fuselagem e os desafios que se impunham, como a queda de uma avalanche e a descoberta por um sinal de rádio que as buscas tinham sido finalizadas, Parrado diz: “o inferno era um lugar cômodo comparado com o que estávamos passando naquele momento.”

E foi em meio a esses pensamentos e sensações que ele decidiu: “quero ir embora”. Sem saber ao certo como faria isso, Parrado decidiu escalar uma montanha em busca de uma saída. Sem equipamento apropriado além de um bastão de alumínio e debilitados fisicamente, Parrado e um companheiro fizeram a viagem a pé pelos Andes. O difícil percurso durou 10 dias até que eles encontrassem o homem a quem pediram socorro. 

Tragédia dos Andes (Foto: Reprodução/Instagram/Nando Parrado)
Tragédia dos Andes (Foto: Reprodução/Instagram/Nando Parrado)

Deu certo. Mas, para quem admira a coragem em lançar-se montanha acima sem qualquer estrutura para isso, Parrado lembra da tomada de decisão sem relacioná-la com esse sentimento.

“Estar prontos e ter coragem não teria nos salvado. As decisões com medo, ainda que venha de coragem, são decisões iguais. Tem que tomar decisões, mesmo que tenha medo.” 

Fernando parrado

Mas ele não nega que houve um momento em que questionou a própria decisão – embora, por falta de opção, não tenha cogitado voltar atrás. 

“Olhamos para baixo e as nuvens estavam abaixo de nós. Eu pensei: ‘o que estou fazendo?’. Até que chegamos ao topo. Vi um vale verde com umas casas, mas era miragem. O que vi na verdade eram mais montanhas. Meu amigo me abraçou e disse: ‘estamos mortos, não?’. Eu não voltei. Uma vez que se passou da porta invisível da morte, tudo vale. Subimos sem parar. Se parar, morre.”

Lideranças

Durante o longo período que o grupo passou na neve, o uruguaio se lembra do surgimento de lideranças, citando especialmente Marcelo Pérez del Castillo, capitão do time de rugby que os passageiros formavam. 

“Marcelo, nosso capitão, tomou a melhor decisão que eu já vi na minha vida – e eu já falei com muitos CEOs de bancos em minha vida. Marcelo nunca havia visto neve, nunca havia tido treinamento de sobrevivência. Mas disse: ‘a temperatura vai baixar à noite. Vamos construir uma parede que impeça que o vento entre’. Isso nos permitiu sobreviver 2 meses e meio. Se querem falar de pressão, recordem-se de Marcelo.”

Castillo e mais 7 morreriam dias depois, vítimas de uma avalanche. “Os líderes iam morrendo e iam surgindo novos líderes”, lembra Parrado. “Éramos uma grande equipe. Ninguém era melhor do que ninguém.” 

Novo olhar sobre a vida

Ao voltar para casa e reencontrar seu pai, Parrado estava determinado a não deixar de aproveitar momentos com ele. O uruguaio também realizou o sonho de se casar e formar uma família. Hoje, ele dá palestras sobre sua experiência. 

“Para trás não vamos modificar mais. Mas não vamos perder a segunda parte de nossa única vida”, diz.

“Por sorte tive fracassos, mas também tive êxitos, e a vida seguiu”, conta o sobrevivente, hoje aos 72 anos. Sobre a esposa e filhas, ele diz: “a segunda parte da minha única vida”. 

Fernando Parrado (Imagem: Reprodução/Evento BTG Summit 2024)
Fernando Parrado (Imagem: Reprodução/Evento BTG Summit 2024)
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De olho na alta do agronegócio, Accor planeja novos hotéis no Centro-Oeste https://investnews.com.br/negocios/de-olho-na-alta-do-agronegocio-accor-planeja-novos-hoteis-no-centro-oeste-do-brasil/ Fri, 23 Feb 2024 20:19:53 +0000 https://investnews.com.br/?p=558870 O agronegócio não está puxando somente os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Para a Accor, multinacional de hotelaria, o crescimento do setor tem tudo a ver com seus planos de expansão para o Brasil. Tanto que a companhia francesa está de olho em cidades do Centro-Oeste para seguir com seus investimentos. 

Hotel Mercure em Brasília (Foto: Divugação)
Hotel Mercure em Brasília (Foto: Divugação)

Citando cidades do Mato Grosso como Sinop, Sorriso e Lucas de Rio Verde, Abel Castro, diretor de desenvolvimento da divisão PM&E da Accor Américas, disse em coletiva de imprensa realizada em São Paulo nesta sexta-feira (23) que esses locais fazem parte da estratégia da companhia, dona de marcas como Ibis, Pullman, Novotel e Mercure. “Com certeza vamos ter novos hotéis nessas cidades”.

“São cidades que, anos atrás, a gente não poderia imaginar que recebessem um hotel internacional e hoje recebem, graças ao agronegócio.”

Abel Castro, diretor de desenvolvimento da divisão PM&E da Accor Américas

O agronegócio cresceu 14% no Brasil nos 12 meses terminados em setembro de 2023, contra 2% da indústria e 2,8% do setor de serviços, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

E é natural que os movimentos da economia brasileira tenham impacto sobre o planejamento da Accor. Thomas Dubaere, CEO da divisão PM&E da Accor Américas, conta que, na região das Americas, o Brasil representa 8% dos resultados da empresa, que está no país há 42 anos. 

“O Brasil é uma das 6 regiões prioridades para a Accor.”

Thomas Dubaere, CEO da divisão PM&E da Accor Américas

Mas Castro ressaltou que, mesmo com esse reforço das atenções para o interior do país, a Accor “continua com a estratégia de desenvolver hotéis em grandes capitais”. 

Corporativo ganha força, mas lazer ainda é destaque

As viagens corporativas não se recuperaram com a mesma força do turismo após a pandemia, mas têm dado sinais mais otimistas nos últimos meses, segundo os executivos da Accor. “O início de 2023 ainda foi um pouquinho complicado”, conta Thomas Dubaere, acrescentando que continuavam frequentes os questionamentos de quando o negócio retomaria o patamar anterior à covid-19.

“Dizia-se: 2024 ou 2025, e provavelmente vamos perder 10% do negócio porque as pessoas vão continuar a trabalhar em casa. Felizmente, ao final de 2023, essa resposta não estava mais certa”, afirma ele. “Em 2024 vamos chegar mais ou menos ao mesmo nível de 2019. Isso uma prova de que nossa indústria é muito resiliente.”

Executivos da Accor (Foto: Divulgação)
Executivos da Accor (Foto: Divulgação)

A expectativa é de que a continuidade do crescimento do segmento corporativo puxe o avanço dos resultados da Accor nos próximos meses – mesmo porque, após uma retomada considerada forte, “há um momento em que o crescimento do segmento de lazer não pode continuar no mesmo nível”, explica Dubaere. 

Além dos segmentos de viagens de lazer e trabalho, a Accor aposta ainda no nicho de “experiências”, que ganhou força após a pandemia. Não à toa, em 2023 os hotéis tiveram 1 evento a cada 6 dias, segundo André Sena, diretor comercial, marketing e digital da Divisão PM&E da Accor Americas.

Mas, enquanto isso, o lazer segue em alta – e o Brasil é um dos mercados em que isso é ainda mais forte. “A gente tem Maragogi (AL) chegando em breve, Olímpia (SP) chegando em breve”, adianta Abel Castro sobre mais cidades que devem receber novos hotéis da Accor.  

Estratégias

Diante do movimento de crescimento de 20% das receitas em 2023, para 5 bilhões de euros, a Accor diz que pretende acelerar o ritmo de abertura de novos hotéis. Em 2023, foram 291 aberturas pelo mundo, totalizando cerca de 40 mil quartos a mais.

E o modelo de expansão tem uma estratégia clara: “90% do que a gente está fazendo hoje é franquia”, diz Abel Castro. Ele acrescenta também a importância da conversão, “ou seja, um hotel independente que recebe uma marca da Accor”. 

Hotel Ibis Guarapuava (Foto: Divulgação)
Hotel Ibis Guarapuava (Foto: Divulgação)

Outro fator chama a atenção sobre os resultados da companhia. Considerando tanto o segmento de luxo quanto os demais, a Accor foi ajudada pelo impulso do aumento de preços de hospedagens em diversos mercados.

Embora para os clientes isso represente viagens mais caras, para a empresa essa pode ser considerada uma boa notícia.

“A gente estava há muito tempo sem conseguir repassar um aumento de diária média na indústria como um todo”

André Sena, diretor comercial, marketing e digital da Divisão PM&E da Accor Americas.

Isso inclui o Brasil. O chamado RevPAR, que mede o desempenho do hotel considerando a receita dos quartos em relação a quantidade e período, teve alta de 12% globalmente. A região das Américas, que reflete principalmente o desempenho do Brasil (65% da receita de quartos da região), reportou um crescimento RevPAR de 15%. 

“No mundo inteiro foi a mesma história”, afirma Sena, passando a falar mais especificamente do Brasil na sequência. “No Brasil, cresceu bem pouco a ocupação. Mais de 90% do crescimento veio de (aumento de) diária média, com cerca de 20%.”

Anos dourados: à espera do retorno?

Para Abel, os números mais recentes mostram que “o setor hoteleiro volta a chamar atenção do mercado porque é muito rentável”. 

“Um Ibis em São Paulo dá uma rentabilidade de mais ou menos R$ 5 mil por quarto, o que dá R$ 300 por metro quadrado. Você não tem um escritório da Faria Lima que tem um aluguel como esse.”

ABEL CASTRO, DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO DA DIVISÃO PM&E DA ACCOR AMÉRICAS

No entanto, há quem diga que os “anos dourados” do setor no Brasil ficaram para trás – e isso não tem nada a ver com a pandemia. Castro concorda, mas segue otimista: “o melhor momento da hotelaria foi pré-Copa e pré-Olimpíadas”, afirma ele, acrescentando que o movimento de crescimento atual conta com “a eficiência operacional que a gente aprendeu na pandemia”. 

“Se a gente continuar nessa onda, os anos dourados ainda estão por vir”, afirma ele. 

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‘Não somos empresa de vários negócios, cacau é o centro’, diz CEO da Cacau Show após compra do Playcenter https://investnews.com.br/negocios/nao-somos-empresa-de-varios-negocios-cacau-e-o-centro-diz-ceo-da-cacau-show-apos-compra-do-playcenter/ Thu, 22 Feb 2024 20:53:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=558534 “É importante frisar que não somos uma empresa de vários negócios, o cacau é o centro de tudo”. A frase foi dita nesta quinta-feira (22) por Alê Costa, CEO da Cacau Show, ao comentar a compra do Playcenter anunciada dois dias atrás. 

Em evento promovido pelo BTG Pactual, o empresário se diz “super animado” com o negócio, que ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para se concretizar. 

Alê Costa, CEO da Cacau Show (Imagem: Reprodução/Apresentação do BTG Summit 2024)
Alê Costa, CEO da Cacau Show (Imagem: Reprodução/Apresentação do BTG Summit 2024)

Mas ele negou que a empresa de chocolates esteja mirando numa mudança de ramo. Costa afirmou que o foco seguirá em oferecer desde chocolates aos clientes “até colocar a pessoa pra dormir num quarto com tema de cacau”. Recentemente, a empresa entrou para o setor hoteleiro, operando um resort em Campos do Jordão (SP), o Bendito Cacao Resort & Spa. 

“A gente entende que todos esses negócios estão no mesmo ecossistema”, afirmou. 

Cacau Show na bolsa? Não tão cedo 

Questionado sobre a possibilidade de de abertura de capital da empresa, que tem mais de 4,2 mil lojas pelo Brasil, o CEO indicou que a possibilidade de a Cacau Show passar a ter ações negociadas na bolsa de valores é baixa. Atualmente, a família é detentora de 99% das ações, e o 1% restante está distribuído entre diretores.

“Precisa ter razão para isso”, afirmou Costa sobre um IPO, emendando que “hoje é uma empresa que não tem dívida, tem liquidez”. Para que o empresário mude de ideia, ele conta que precisaria existir um “grande projeto” que demandasse a busca por dinheiro no mercado financeiro. “Precisa ter um motivo, e eu não vejo ele hoje.”

Outro ponto considerado é o conjunto de exigências ao qual as empresas de capital aberto ficam sujeitas. “Se eu fosse empresa aberta, eu não sei o quanto teria que convencer as pessoas pra comprar o Playcenter”, exemplifica Costa. 

Ele conta que a negociação foi simples: ele se reuniu com o dono do Playcenter, Marcelo Gutglas, e “demorou 15 minutos a negociação”, conta Costa. “Não foi contratado nenhum banco para fazer isso.”

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No acumulado do ano até agora, Ibovespa tem 2º pior retorno em ranking de índices de 28 países https://investnews.com.br/financas/no-acumulado-do-ano-ate-agora-ibovespa-tem-2o-pior-retorno-em-ranking-de-indices-de-28-paises/ Thu, 22 Feb 2024 09:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=558357 Após a disparada de 22% em 2023, o Ibovespa, principal indicador da B3, vem se destacando no começo de 2024 como um dos piores desempenhos entre seus pares pelo mundo, em um movimento puxado pela saída de dinheiro estrangeiro do mercado brasileiro. Mesmo assim, especialistas ainda projetam um cenário positivo nos próximos meses, com expectativa de aquecimento da economia do Brasil e queda nos juros dos Estados Unidos – embora as incertezas fiscais e outros riscos continuem no radar. 

Até o fechamento desta quarta-feira (21), o Ibovespa acumulava queda de 3,1% em 2024, o segundo pior desempenho em uma lista com os principais índices de 28 países, com dados compilados pelo Investing.com. O retorno do indicador brasileiro ficou levemente à frente somente do recuo de 3,19% do principal índice de Hong Kong. Veja abaixo:

Paralelamente à queda do Ibovespa neste início de ano, a B3 registrou a primeira retirada de recursos estrangeiros da bolsa brasileira desde 2016 no período. No acumulado de 2024 até o dia 15 de fevereiro, o saldo ficou negativo em mais de R$ 14 bilhões, quebrando uma sequência de quatro anos de entrada líquida de recursos, conforme dados destacados pelo especialista Einar Rivero, CEO da Elos Ayta. 

Especialistas apontam diversos fatores para a debandada de dinheiro gringo, e o primeiro deles é técnico. “Tanto novembro quanto dezembro foram meses de alta forte, foi o famoso rali de final de ano, e agora tem um pouco de realização de lucro. São investidores estrangeiros colocando esse lucro no bolso agora”, aponta Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos. 

O reflexo do desempenho da bolsa em 2023 nas primeiras semanas de 2024 também é citado por Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com. “Devemos levar em consideração que o efeito de base é bastante alto para o Ibovespa após o índice ganhar cerca de 22% no ano passado”. 

“Ou seja, de maneira geral, podemos dizer que a bolsa está passando por uma fase considerada mais de consolidação dos ganhos do que de sub-performance.”

Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com

Mas nem tudo pode ser jogado na conta da máxima de que “está caindo porque antes subiu”. Túlio Menezes, Gestor de Recursos CGA do Grupo Fractal, afirma que, “além desse movimento técnico, outro fator que contribuiu para a recente queda em 2024 foram os dados econômicos mistos dos Estados Unidos”. 

Sobre esse ponto, Boragini lembra que “o mercado estava muito otimista com relação ao início do ciclo de queda de juros americanos, com a corrente otimista trabalhando com uma queda já agora em março”. Mas, diante dos últimos indicadores, no entanto, “o mercado já começa a ajustar projeções do início do ciclo para o meio de ano, em junho ou julho”.

A expectativa mudou. O resultado? “Iinvestidores estrangeiros podem optar por retirar capital do Brasil, buscando mercados considerados mais seguros ou com melhor potencial de retorno”, responde André Vasconcellos, vice-presidente do conselho Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI). Isso significa “uma pressão de venda nas ações listadas na bolsa brasileira”.

Fatores internos 

Para além do efeito base e dos sinais sobre os juros nos Estados Unidos, especialistas também apontam que o cenário doméstico também pendeu mais para o lado negativo neste início de 2024. 

“A gente teve em janeiro e começo de fevereiro maior incerteza fiscal, incerteza se a gente vai ter um ano marcado por Congresso travado, sem votar outras pautas importantes para o governo”, comenta Leonardo Cappa, economista-chefe da TRAAD, emendando que “já estamos no final de fevereiro e há cerca de 20 MPs paradas para o Congresso analisar”. 

Prédio do Congresso Nacional, em Brasília 09/01/2023 REUTERS/Ricardo Moraes

“Vai se aproximando do momento em que elas travam a agenda de votações do Congresso, e algumas são muito importantes, como a prorrogação do Desenrola, que é uma das medidas para ajudar a aumentar o crédito no Brasil. Mas a principal é a reoneração da folha de pagamentos.”

Cappa acrescenta que também pesa na balança a queda de ações que têm forte participação na composição do Ibovespa. Uma delas é a do Bradesco (BBDC4), que decepcionou o mercado na divulgação do último balanço e acumula queda de mais de 18% no ano até agora. 

Outro exemplo é a Vale (VALE3), que tem recuo acima de 13%, com o mercado acompanhando a cotação do minério de ferro no exterior e os rumores sobre uma eventual troca no comando da empresa

Mas otimismo permanece

Apesar do destaque negativo entre os pares mundiais, o Ibovespa ainda tem boas perspectivas para os próximos meses, segundo os especialistas ouvidos pelo InvestNews

Um dos principais motivos citados é a queda dos juros nos EUA, que, mais cedo ou mais tarde, em algum momento de 2024 deve ser iniciada. “E quando isso de fato acontecer o dinheiro estrangeiro volta, o fluxo estrangeiro volta para o Brasil”, diz Marcelo Boragini. 

Além disso, as perspectivas para a economia do Brasil seguem favoráveis, o que sustenta as previsões de continuidade da queda da Selic. “Apesar dos últimos três anos terem sido marcados por momentos conturbados globalmente, com impactos significativos nos indicadores de inflação de diversos países, o Brasil tem se destacado positivamente em termos de política monetária”, complementa Túlio Menezes.

Também comentando sinais considerados positivos da atividade econômica, Leonardo Cappa aponta a queda do desemprego e melhora da renda das famílias.

“Quanto mais a agenda macro for melhorando e os resultados das empresas forem mostrando essa melhora do ambiente, do emprego, da queda da Selic, mais a nossa bolsa deverá subir.”

Leonardo Cappa, economista-chefe da TRAAD

Há ainda outro fator por trás do otimismo dos especialistas sobre a bolsa brasileira.  “O mercado brasileiro continua barato em comparação com outros mercados de potencial semelhante”, diz Thomas Monteiro. 

Túlio Menezes calcula que, “atualmente, o Ibovespa opera com um múltiplo P/L (preço/lucro por ação) de 7,80 vezes, abaixo da média de 15 anos do índice, que é de 11 vezes”. “Isso indica que os ativos locais estão descontados em relação à média histórica”, explica. 

Previsões x riscos

Apesar de esperarem um novo ano de ganhos, especialistas não vislumbram um avanço tão intenso como o de 2023. “Eu estimaria acima do CDI para o ano”, diz Cappa. Mas o economista ressalta: “eu duvido um pouco daquelas expectativas muito otimistas falando de Ibovespa a 160 mil pontos”. 

“Claro que não é impossível, mas eu acho mais difícil, porque o crescimento também deve ser limitado, a Selic provavelmente não vai cair tanto quanto alguns gestores acham. Muitos gestores estão falando em Selic a 8% neste ano. Eu acho bem mais difícil. Deve ficar entre 9 e 9,5%”, afirma ele.

No entanto, o avanço projetado para a bolsa depende de alguns fatores ainda rodeados de incertezas, como aponta Túlio Menezes. “Na média, as instituições estimam que o índice Ibovespa chegue a 144 mil pontos, o que vai ao encontro das perspectivas positivas mencionadas”. 

“No entanto, além dessa visão otimista com possíveis quedas de juros e as empresas operando de forma saudável, o lado fiscal também é crucial. Caso não seja corrigido, pode contribuir negativamente para os indicadores macroeconômicos e, consequentemente, afetar os ativos locais.”

Túlio Menezes, Gestor de Recursos CGA do Grupo Fractal

Thomas Monteiro acrescenta que “a expectativa de um real relativamente valorizado em relação ao dólar é um outro fator a ser levado em consideração, uma vez que espanta o investidor estrangeiro que precisa de vantagens competitivas mais altas para compensar os riscos.”

Ainda assim, o especialista se mostra otimista. “Nesse sentido, diria que as perspectivas são razoavelmente positivas – o que significa um ganho anual por volta de 10%.”

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