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Selic alta puxa aumento de pedidos de recuperação, dizem economistas

Nesta quarta, Grupo Petrópolis anunciou recuperação judicial e Amaro, extrajudicial; veja outros casos.

O pedido de recuperação do Grupo Petrópolis, dono das marcas como Itaipava, Crystal, Petra entre outras, aumenta o número desse tipo de medida em 2023. Além dos casos recentes de Americanas (AMER3) e Oi (OIBR3), há ainda companhias buscando outras formas de renegociar dívidas, como o pedido de recuperação extrajudicial da Amaro e o acordo da Bombril (BOBR4). Especialistas apontam a Selic alta como um dos principais motivos para o cenário de dificuldades enfrentado pelas empresas. 

A quantidade de pedidos de recuperação judicial aumentou 87,3% em fevereiro de 2023 na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Serasa Experian. Foram 103 pedidos, sendo 59 de micro e pequenas empresas, 35 de médias empresas e 9 de grandes companhias. 

De acordo com o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a combinação entre estagnação econômica do país, inflação e juros altos resulta na alta da inadimplência, tanto para empresas como para consumidores.

“No caso dos empreendimentos, por acumularem uma quantidade enorme de dívidas, acabam entrando em risco de insolvência e alimentando as estatísticas de falências e de recuperações judiciais”.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa Selic em 13,75%. 

Após o comunicado da decisão, Marianna Costa, economista-chefe do TC, ressaltou que “os juros nesse patamar prejudicam a performance de diversos setores, como o varejo”. 

Podemos esperar ainda um aumento na solicitação de recuperação judicial de algumas empresas alavancadas e um aumento na inadimplência de pessoas físicas e pequenas empresas”, acrescentou. 

Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a mencionar a preocupação de que a dificuldade das empresas em meio ao cenário de juros altos complique ainda mais a situação fiscal. “Daqui a pouco, você vai ter problemas nas empresas para vender e recolher impostos. Nossa preocupação é essa”, disse ele.

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Petrópolis, Amaro e Bombril

O Grupo Petrópolis confirmou nesta quarta-feira (29) que protocolou na segunda-feira um pedido de recuperação judicial da Cervejaria Petrópolis e demais empresas do grupo. O comunicado veio um dia depois da publicação da notícia pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, que citou dívida de cerca de R$ 2,2 bilhões do Grupo Petrópolis.

“A empresa adotou esse recurso, tendo como prioridade manter a sua operação e produção regulares e a preservação dos 24 mil empregos diretos e estimados 100 mil indiretos gerados”, diz o comunicado. 

Também nesta quarta, a varejista de moda Amaro pediu à Justiça paulista a homologação de seu pedido de Recuperação Extrajudicial para acordo com seus credores. A companhia soma dívidas de R$ 244,5 milhões, sendo R$ 151,8 milhões em dívidas bancárias e R$ 92,8 milhões com fornecedores.

Dentre os motivos para que o pedido seja concedido rapidamente, a companhia cita ações que sofre na Justiça “que colocam em risco as atividades empresariais, em virtude da iminência de atos de constrição de patrimônio, falência e/ou despejo das lojas”.

Já a Bombril anunciou um acordo com um fundo de direitos creditórios para concessão de linhas de crédito no montante de R$ 300 milhões. O acordo envolve contrato de promessa de transmissão e aquisição de direitos creditórios, acertado pela Bombril com o Fundo Bs Factoring.

A ideia é que a companhia use os recursos levantados para quitar dívidas recentes – ou seja, o objetivo é alongar o endividamento e reduzir o custo da dívida. A dívida bruta da Bombril é de R$ 401 milhões a um custo médio de 24% ao ano. A maior parte desse montante (77%) vence em 12 meses, sendo este o maior desafio da companhia.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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