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Ouro cai, jóias sobem: como a economia circular impulsiona o setor — e a Vivara

Apesar da guerra na Ucrânia, o ouro, considerado um ativo de proteção em períodos de instabilidade, acumula baixa este ano. Mas o setor de jóias de luxo usadas segue em alta.

Durante as crises, é comum que investidores se voltem para ativos que dão maior proteção. Foi assim durante as mais icônicas crises econômicas e do mercado como um todo.

Hoje, o cenário é de instabilidade generalizada. Estados Unidos e Europa – nações proeminentes na economia – seguem com uma inflação em alta onde cada governo faz seu aperto monetário. A cada reunião do FED o mundo se volta para saber o que o presidente do banco central americano vai dizer. E diante do cenário de incerteza, era esperado que o ouro, um ativo considerado de proteção, ganhasse tração.

Entre o final de dezembro do ano passado até 18 de agosto, o metal acumulou queda de 11,8% (levando em consideração a cotação da grama Spot, na B3). O preço foi de R$ 330 para R$ 291 neste período, segundo a Comdinheiro. Já no acumulado de 12 meses, a perda foi menor, de 2,35%.

Mas foi na pandemia de covid-19 que o ouro literalmente brilhou quando comparado ao desempenho de outros ativos. No entanto, com a guerra na Ucrânia, o metal não tem desempenhado tão bem assim. É que o protagonismo do mercado está com as aplicações de renda fixa e algumas opções em ações. Logo, essa concorrência não está deixando espaço para o ouro.

No entanto, há outro segmento relacionado ao ouro que anda na contramão do desempenho do metal: o de jóias. Enquanto o ouro cai as jóias de marcas de luxo estão se valorizando. Um exemplo é a marca Cartier. Neste ano, em meados de maio, a marca  reajustou seus preços entre 3% e 5%. E o reajuste veio em linha com o que outras marcas de luxo vem adotando. Um exemplo é a Chanel que já fez três reajustes em doze meses. E a Bulgari que reajustou seus preços em 15%.

A questão é que o mercado de jóias de luxo não tem uma correlação tão direta com o preço da grama do ouro, uma vez que o design exclusivo e a demanda por colecionadores alavancam o preço das peças. “Por isso, o valor ao mercado é bem acima da média – mesmo quando o preço do ouro esteja em baixa”, aponta a CEO da Front Row, marketplace de artigos de luxo novos e seminovos, Lilian Marques. Por este motivo que as joias com este perfil têm sido procuradas como ativo alternativo de investimento, afirma a executiva.

A Tiffany e Bvlgari, por exemplo, registraram crescimento de 16% da área de joias e relógios do grupo no primeiro semestre de 2022, na comparação com igual intervalo de 2021. Ao todo, as vendas somaram 4,9 bilhões de euros. Já as joalherias do grupo Richemont (que inclui a Cartier) faturaram 3,01 bilhões de euros em vendas no segundo trimestre deste ano, crescimento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apesar de ser um seleto grupo a ter condições de fazer compras na Cartier ou Tiffany, vem aumentando a demanda no setor de second hand. Ou seja: está aumentando procura por jóias de luxo, mas usadas.

Segundo a varejo Globaldata, é estimado que o valor movimentado pelo segmento de joias usadas em todo o mundo deve crescer 112,5% até 2025. E esse movimento cresce junto às mudanças no comportamento do consumidor.

As pessoas antes tinham preconceito em comprar artigos usados, mas hoje estão mais conscientes quando se trata de consumo e valorizam muito mais as peças. Seja por uma questão de tentar consumir de maneira mais sustentável como pelo fato de a produção de peças novas ter sido prejudicada na pandemia. E mesmo com uma guerra em curso onde commodities ficaram expostas, uma empresa do setor não vem sendo impactada. É a Vivara (VIVA3).

Apesar de a companhia usar cerca de 100 kilos de ouro por mês na fabricação das suas peças, ela tem se beneficiado da recompra de jóias. Os consumidores vão nas lojas da rede e na compra de uma jóia nova, coloca a usada no negócio.

Cerca de um quarto do ouro usado pela companhia vem da prática de economia circular. O que também aumenta a recorrência dos clientes nas lojas. E como a companhia não apenas vende jóias mas também produz, ela pode derreter as peças de menor aceitação e transformá-las em novas. O que mitiga a alta do preço do ouro – quando isso acontece.

Veja neste Cafeína a tese de investimento em Vivara, com Samy Dana e Dony De Nuccio.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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