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2021: o ano do investimento institucional em cripto

Mercado de criptoativos ganha cada vez mais espaço no setor financeiro tradicional.

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No mundo cripto, 2021 foi um ano marcado pela aproximação com o mercado financeiro tradicional. O investimento em criptoativos foi facilitado com a criação de produtos financeiros regulados, com destaque para os ETFs, e grandes instituições firmaram sua presença no setor por meio de investimentos e projetos com blockchain ou os próprios ativos digitais.

ETFs de cripto

Os primeiros fundos de índice (ETFs) de cripto são um marco histórico para o mercado cripto e para o setor financeiro tradicional. Esses produtos, que permitem o investimento em cripto pelos meios já familiares para os investidores de bolsa, já eram visados no mercado dos EUA desde 2013.

Ainda em fevereiro de 2021, a Toronto Stock Exchange começava a negociar os primeiros ETFs de cripto da América do Norte, ambos investidos em bitcoin. Os lançamentos atraíram mais de US$ 420 milhões em apenas 2 dias, indicando o grande interesse dos investidores.

A bolsa do Brasil também foi pioneira nessa tendência. Em abril de 2021, a B3 iniciou a negociação do primeiro ETF de índice de cripto do mundo, o HASH11, que replica os retornos do Nasdaq Crypto Index (índice desenvolvido pela Hashdex em parceria com a Nasdaq). Nos meses seguintes, surgiriam outros ETFs de cripto no Brasil, como o BITH11, 100% exposto ao Bitcoin, e o ETHE11, investido em Ether.

O primeiro ETF de cripto dos EUA só apareceria em outubro, quando a bolsa NYSE começou a negociar o BITO. O fundo é investido em contratos futuros de Bitcoin, que apresentam um custo adicional de carrego, porque os reguladores da SEC preferem limitar a exposição ao mercado à vista. Mas o lançamento foi um sucesso: o BITO alcançou a marca de US$ 1 bilhão de capitalização em apenas 2 dias, abrindo caminho para produtos semelhantes.

Em 2021, os investidores também buscaram exposição a cripto por meio dos chamados ETFs de blockchain, investidos em empresas de capital aberto envolvidas com a tecnologia ou o mercado cripto. Esses fundos alcançaram a marca de US$ 2 bilhões, 3 anos após a criação dos primeiros ETFs deste tipo.

IPOs

O crescimento dos ETFs de blockchain se deve, em parte, a outro fator de destaque em 2021: a abertura de capital (IPO) de ações de empresas do ramo cripto, que permitiu maior exposição a cripto por meio de bolsa. O primeiro desses IPOs nos EUA foi o da exchange Coinbase, seguido pela provedora de carteira digital Exodus e pelas mineradoras Stronghold Digital e Iris Energy. Para 2022, espera-se a listagem de empresas como Blockchain.com, BlockFi, Kraken e Bakkt.

Essas listagens são importantes porque facilitam a capitalização das iniciativas no setor e ampliam o leque de possibilidades para o investidor que busca exposição a cripto sem abrir mão da segurança dos mercados regulados.

Outras tendências em cripto

Outros setores marcados pela presença de investidores institucionais em 2021 foram as finanças descentralizadas (DeFi), NFTs e o metaverso.

No âmbito de DeFi, os reguladores brasileiros mais uma vez mostraram-se abertos à inovação: entre os planos para o Real Digital, versão digital da moeda do país, o presidente do Banco Central declarou esperar que haja integração com protocolos de finanças descentralizadas.

Enquanto isso, os investidores institucionais demandam as soluções desse mercado: 60% das transações com DeFi no segundo semestre de 2021 foram executadas por investidores institucionais (Chainalysis) e 31% dos fundos multiestratégia relataram utilizar bolsas descentralizadas, as chamadas DExes (PWC).

No mercado de NFTs, os institucionais se envolveram em apenas 1% das transações, mas representaram 26% do volume negociado (Chainalysis). Uma transação de destaque foi a compra, pela Visa, de uma obra digital da coleção CryptoPunk por cerca de US$ 150 mil.

Já no ecossistema de metaverso, a chegada do antigo Facebook em fins de outubro precipitou uma série de investimentos no setor, somando mais de US$ 4 bilhões, segundo a Forbes. Além de uma captação de US$ 400 milhões pelos fundadores da Gemini para desenvolver um metaverso alternativo ao de Zuckerberg, a atuação de institucionais incluiu compras milionárias de terrenos no metaverso do Axie Infinity, Decentraland e The Sandbox para desenvolvimento de imóveis virtuais.

E 2022?

Com o ano de 2021 chegando ao fim, não resta dúvida do interesse de investidores institucionais em cripto. Para o próximo ano, espera-se o aprofundamento dos laços estabelecidos entre a criptoeconomia e o mercado tradicional, com a ampliação dos investimentos e o lançamento de novos produtos que facilitem a interação com a nova economia digital.

*Christian Gazzetta é economista formado pela UFRJ e redator da Hashdex, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Estuda métodos de valoração de criptoativos e os setores de DeFi e NFTs.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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